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    POR Redação

    Anne Fontaine recebe o FFW em sua suíte no Fasano, no Rio de Janeiro ©Carla Valois/FFW

    A estilista Anne Fontaine, nascida no Brasil e radicada na França, esteve no Rio de Janeiro durante a semana da 23ª edição do Fashion Rio para divulgar para a imprensa a abertura de sua primeira loja no país, que acontece no dia 17 de julho no shopping Village Mall. O FFW conversou com ela no Hotel Fasano, no bairro do Leblon, onde a mesma contou curiosidades sobre sua vida, carreira e a parceria com a C&A, lançada em abril. Confira abaixo a entrevista na íntegra:

    Como você começou? E como deixou o Brasil e foi morar na França?

    Posso escrever um livro, é bem longa [a história], mas vou tentar resumir. Na verdade, no começo, não pensava em trabalhar com moda, queria ser bióloga porque achei que era uma coisa mais certa. Gostava muito da proteção da natureza, me envolvi com os problemas dos índios, mas tinha que ir à França terminar os meus estudos.

    Antes de ir à França, porém, fiz uma viagem de um ano contra os meus pais, eu queria conhecer o Brasil e fui viver com os índios por seis meses na Amazônia. Pensei que não ia mais embora de lá, mas a vida não quis assim. Aí voltei dessa experiência e meus pais disseram: “Agora acabou a brincadeira, você não pode salvar o mundo. Você tem que ir para a França acabar seus estudos”.

    Aí viajei para cursar a universidade e me engajei em um barco de pesquisas marinhas no Mediterrâneo, porque o príncipe de Mônaco financiava muitas pesquisas feitas na área. Então, ficava seis meses no mar e seis meses na terra, achei essa uma vida melhor do que ficar presa só na terra; nesses seis meses, sempre falo que minha história é uma história de amor, e conheci meu marido [Ari Zlotkin] e a família dele estava no ramo da moda industrial. Achava muito interessante porque eles sempre fizeram camisas masculinas na “couture” francesa, e as empresas do gênero estavam desaparecendo, todo mundo estava produzindo no estrangeiro. Então me veio aquele meu lado e eu quis salvar a costura francesa, já que eu não podia salvar os índios da Amazônia e as florestas brasileiras.

    Propus ao meu marido criar uma coleção, já que eu sempre fiz minhas próprias roupas e para as minhas amigas. Olhando o sótão da minha sogra, encontrei vários modelos de camisetas brancas que ela havia guardado do que fora produzido ao longo dos anos, e pensei: “A ideia está aqui, a gente precisa fazer a mesma coisa para mulheres”. Fizemos então uma coleção só com camisas brancas, e essa coleção funcionou direto. Pouco depois abri minha primeira loja na Rive Gauche, em Paris, que era bem pequenininha, de 22 m², e só de camisas brancas, já com meu nome.

    Fotografia da primeira loja de Anne Fontaine, em Paris ©Reprodução

    Não tínhamos dinheiro na época, então todo mundo da família ajudou, e foi um sucesso porque, no mesmo ano, em 1994, os japoneses nos procuraram e propuseram abrir outra loja em Tóquio. Todo mundo adorou o conceito; eu fazia camisas pretas também, mas só as colocava nas gavetas.

    Mas então você acabou não terminando a faculdade?

    Não, não. Eu casei. Sempre fui considerada na família como a ovelha negra, mas hoje em dia acho que meus pais mudaram de ideia sobre mim. No começo, eu era mesmo um pouco assim doidinha.

    Quantas lojas a marca tem hoje?

    80 lojas. Fomos abrindo aos poucos, estamos nos Estados Unidos, na Ásia… e agora eu não faço só camisa branca, mas ela será sempre as minha assinatura. Introduzi os acessórios, as bolsas e tenho uma coleção que se chama Les Précieuses [“as preciosas”], em que temos poucas peças, a maioria feita a mão, e que não seria possível vender pelo mesmo preço do prêt-à-porter.

    No início, Précieuse só era vendida na nossa flagship em Nova York, depois expandimos para outras lojas, e agora virou uma linha.

    Parede de golas criada por Andrée Putman na loja de Anne Fontaine em Nova York ©Reprodução

    Como a linha de golas foi introduzida?

    Foi uma história engraçada. Quando desenho uma camisa, crio várias possibilidades de golas para ela, e achava uma pena criar golas tão bonitas e não usar. Aí comecei a fabricar, mas só para mim, e acabei fazendo uma coleção de três mil golas, que ficou por algum tempo guardada no meu escritório. Apresentei a coleção de golas para a designer [de interiores], Andrée Putman, que estava fazendo as minhas novas boutiques, e ela ficou apaixonada e criou um muro inteiro de golas para a nossa flagship de Nova York. Não queria que elas fossem vendidas, era só para decorar, mas as clientes ficaram loucas e as vendedoras da loja fizeram um leilão e venderam por preços maravilhosos.

    Então criei uma coleção mesmo de golas, que começou a ser vendida. Depois teve aquele boom que todo mundo começou a fazer golas e elas viraram um item fashion. Foi uma experiência super legal, agora, em todas as minhas lojas, tem as galerias de golas.

    Por que só agora veio a decisão de abrir uma loja no Rio de Janeiro?

    Ah, sou brasileira de coração e alma, adoro o nosso Brasil e acho que, quando você nasce aqui, nunca esquece o país. Sinto muita saudade e queria muito abrir, mas o mercado ainda não estava pronto para nós, temos camisas que são caras. Este shopping na Barra da Tijuca abriu e, por sorte, encontramos o pessoal [responsável pelo shopping] e eles perguntaram: “Por que você não vem?”, e nos deram uma possibilidade ótima de abrir a loja, que eu não sei quando vai abrir [risos], é muito complicado abrir uma loja no Brasil, faz um ano que estamos abrindo a empresa aqui e as importações, eles são terríveis. Mas vamos conseguir, já conseguimos importar, trago a decoração direto da França, então a gente importou tudo, foi bem complicado…

    Fotografias do lookbook de Primavera/Verão 2013 de Anne Fontaine ©Reprodução

    Fotografias do lookbook de Primavera/Verão 2013 de Anne Fontaine ©Reprodução

    Você já tem planos de abrir em outros estados, como São Paulo?

    Lógico. No começo, pensava abrir primeiro em São Paulo, mas aconteceu esta oportunidade de abrir no shopping Village Mall, que já ia inaugurar. Por enquanto, sabemos que vamos abrir mais uma ou duas.

    Como você adaptou os preços das peças ao Brasil?

    Elas vão ficar cerca de 20% mais caras que nos Estados Unidos. O valor das camisas básicas é por volta de € 250 (R$650,7), mas ainda não temos disponíveis todos os preços para o Brasil.

    E como surgiu a Fundação Anne Fontaine (FAF)?

    Criamos a Fundação Anne Fontaine há dois anos e ela está destinada à plantação das billion trees [parte da campanha internacional “Plante 1 bilhão de árvores”] e à conservação da natureza, sou ligada à ONU. Já plantei cem mil árvores no ano passado e acabei de fazer uma exposição/leilão na Sotheby’s, em Nova York, e foi um sucesso muito grande.

    Agora que a minha empresa está mais madura, eu quis voltar ao meus primeiro amor, que é a natureza. A FAF está em Nova York, porque é mais fácil, por problemas políticos, mas eu moro na Normandia, na França.

    A produção das peças da Anne Fontaine ainda é feita na antiga fábrica da família do seu marido?

    Sim, sim, mas já temos outras duas fábricas na França.

    Barbara Berger sendo clicada por Jacques Dequeker para a campanha da coleção de Anne Fontaine para a C&A ©Alexandre Dequeker/Divulgação

    E como foi o convite para colaborar com a C&A?

    Foi muito interessante porque foi ao mesmo tempo em que estava vindo para o Brasil. A C&A me contatou, e a imagem da C&A na Europa é diferente daqui, aqui ela é mais como a Zara e a H&M do que a que a gente tem lá, e achei que deveria ser muito legal.

    [Criar uma coleção para uma rede varejista] É uma experiência em que todo mundo pode usar a sua criação, e isso me deixou eufórica. Sou muito exigente com a qualidade, mas a equipe da C&A foi realmente maravilhosa e fez tudo para achar o que eu queria, fui muito chata, mas ficou um negócio legal.

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