Um encontro inusitado

A Renascença chega ao Studio 54. Esse foi o briefing de trabalho da Gucci nesta coleção de inverno. Já no primeiro look, um trench coat branco com volume nos ombros, sentimos um cheiro de mudança. Em 70 looks, Michele fez uma junção inusitada dos dois temas e mostrou que sabe andar por outros terrenos, ainda que o desfile mantenha sua assinatura de misturar muitas informações em um mesmo look, e seu lado romântico-geek. Cores, texturas e brilhos são três palavras igualmente fortes e dão uma aula de como ficar bem descombinando tudo. Há desde boas jaquetas, ternos e paletós até as peças que cairiam tão na Florence. Está mais moderno, mais forte e, em alguns momentos, até mais limpo. Os ícones da Gucci são muito bem trabalhados; a listra verde e vermelha aparece em bolsas, meias, braceletes e barras de jaquetas. Mais uma vez, Michele conduziu a Gucci com sensibilidade, inteligência e ousadia.

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O clima

©Twitter Gucci

A cenografia de desfiles de marcas grandes como a Gucci são sempre um show à parte. Para apresentar seu Inverno 17, a marca montou um corredor-passarela com uma tela de tule preto onde eram projetadas imagens de natureza e jogos de luz, com uma tecnologia que sincronizava luzes, projeção e música. A trilha tinha um fundo de música erudita com elementos eletrônicos que ajudaram a criar a atmosfera do show.

Monocromáticos

©Agência Fotosite

Vale destacar os looks monocromáticos que apareceram intercalados aos looks com mais informações de cores, estampas, bordados e texturas. Eles agiram como um respiro, mas também passam longe de ser simples só pelo fato de serem apenas de uma cor. O momento rosa é um ótimo exemplo e um dos pontos altos da coleção.

Red carpet feelings

©Agência Fotosite

Nunca um desfile da Gucci teve tantos longos na passarela. E com Oscar se aproximando, os vestidos são pedida certa no tapete vermelho: são femininos, românticos, glamourosos, de uma marca tradicional e ainda passam uma vibe de modernidade. Apesar dos coloridos serem bem marcantes e a cara da coleção, o preto é um daqueles looks muito chique e sem risco. Quem será que usaria? Das indicadas, a única que eu consigo enxergar é Cate Blanchett, que gosta de moda e não tem medo de usar algo diferente.

Accessorize

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A marca tem dado um show no que se refere a sua linha de acessórios, tanto que é comum em fotos de street style ver de jovens fãs de moda à poderosas editoras usando as novas bolsas da Gucci. Tem muita informação de acessórios, da cabeça aos pés, em quase todos os looks, mas nada parece carregado ou exagerado. A coleção traz a nova Dionisyus em couro no tradicional verde e vermelho, com alça de bambu. Há uma série linda, monocromática em cores fortes, como rosa, amarelo e azul. Os sapatos são altíssimos e, em muitos looks, usados com meia-calça ou uma meia com a listra vermelha e verde da Gucci, numa edição dancing days. Há também ótimos chapéus e bonés nada simples que complementam o styling. A delicadeza fica por conta das luvinhas e redinhas de rosto que pontuam os desfiles. Os dedos, mais uma vez, são carregados de anéis, assim como o próprio Michele gosta de usar. Alguns são em forma de soqueira, só que de pérolas…

GhostGucci: street art na passarela

©Instagram Gucci

GucciGhost é um artista de rua fascinado por tudo o que é Gucci, especialmente pelo logo GG. Ele criou uma persona e até uma logomarca que ficou conhecida e virou cult na cena independente de arte e hip hop: um fantasminha com os dois Gs como olhos. Em outros tempos, provavelmente ele sofreria um processo daqueles sem saída, mas hoje é mais inteligente a Gucci se juntar a ele. Alessandro Michele convidou GucciGhost (aka Trouble Andrew)para colaborar com o desfile de Inverno 17. “Vi o trabalho dele, a forma como usa o logo da empresa e achei genial. É totalmente diferente da ideia de copiar. Ao contrário, ele leva pras ruas, através da linguagem do grafite, os símbolos da marca”, disse o estilista. Ele customizou bolsas e jaquetas, como essa biker jacket da foto.