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    Os assistentes: Como é a rotina dos braços direitos dos grandes profissionais
    Antonio Gomes e Mariane Taminato no ateliê da Herchcovitch ©Divulgação
    Os assistentes: Como é a rotina dos braços direitos dos grandes profissionais
    POR Camila Yahn

    O FFW estreia uma nova série de matérias que têm como foco o trabalho dos assistentes dos grandes profissionais de moda no Brasil.

    Para abrir, apresentamos Mariane Taminato e Antonio Gomes, que trabalham com Alexandre Herchcovitch como braços direitos no departamento de estilo e criação. Mariane é estilista e está há seis anos com Alexandre e responde por tudo o que é vestuário. “Ela faz pesquisa de tecidos para me apresentar, desenvolve materiais, desenha aquilo que eu designo a ela, enfim… todas as atividades de estilista”, diz Herchcovitch. Já Antonio está há sete anos na marca, é coordenador de licenciamentos e projetos especiais e também atua no desenvolvimento de estampas corridas e localizadas e acessórios. “O que eu espero deles é que saibam na ponta da língua todos os detalhes do trabalho. Antes de começarem a criar de fato, passam um tempo observando para perceberem o estilo da marca e o meu. Hoje confio 100% neles, acredito neles cegamente”.

    Conheça abaixo Mariane e Antonio:

    Antonio Gomes, 41, nasceu em Belo Horizonte e tem Bacharel em Desenho e Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG.

    Mariane Taminato, 26, nasceu em São Paulo e fez faculdade de moda no Centro Universitário Senac.

    Como e quando vocês entraram no Alexandre Herchcovitch?

    Antonio: Eu era estilista da Coven em BH há três anos e queria outros desafios.  Falei com o Fabio Souza (marido de Alexandre, meu amigo e com quem já tinha trabalhado junto) destes meus planos. Ele falou com o Alexandre, que me indicou para uma entrevista na Ellus. Eu passei por duas etapas da seleção, mas não fui chamado. Isso foi em janeiro de 2006. Em março,  eu já tinha saído da Coven e ainda morava em BH. Daí recebi um email do Alexandre me chamando para uma entrevista na equipe dele. Quase morri! O Trabalho do Alexandre sempre foi uma referência para mim. Eu respeitava e admirava muito, desde os incríveis tempos do Mercado Mundo Mix.  Fui para esta entrevista no dia 15 de março. Dia 06 de abril de 2009 foi meu primeiro dia de trabalho.

    Mariane: Entrei na marca em 2010, mas conheci a equipe no final de 2009, em uma viagem para Belém do Pará, onde aconteceram as fotos da campanha da coleção de Inverno 2010. Acontecia simultaneamente a gravação de um material voltado para a mídia do Japão e eu fui acompanhando a equipe que estava fazendo este trabalho. Como estávamos as vésperas da semana de moda, logo em seguida veio o convite para eu ajudar no marketing, e depois para estagiar na área de estilo.

    Qual era sua expectativa de trabalho naquele momento?

    Antonio: Aprender muito. Foi um salto gigante pra mim. Eu tinha um trabalho bastante focado no tricô. E de forma muito rápida, tive que aprender a trabalhar com todos os tipos de acessórios, coleções masculina e feminina separadas, uma grande variedade de licenciamentos, fornecedores e equipe completamente desconhecidos pra mim… E tudo em uma nova cidade, numa casa nova.

    Mariane: Aprender! Eu estava no meu último ano de faculdade e de repente tinha a a oportunidade de trabalhar ao lado do Alexandre. Nenhuma formação é completa se não tiver a vivência do dia-a-dia. Essa é uma coisa que é impossível de se passar dentro de uma sala de aula.

    O que você tinha que fazer no início?

    Mariane: Comecei fazendo ficha técnica, desenhos técnicos, painéis de coleção, anotações em prova de roupa e fitting de desfile. Mas o Alê sempre me deu a oportunidade de participar na criação de roupas. Começou com peças para a loja de outlet (que a marca tinha na época). Foi um exercício bem legal, onde eu selecionava peças já feitas para relançar com novos tecidos. Eu aprendi a lidar com o comportamento de cada tipo de tecido, conhecer os acabamentos, entender cada vez mais a maneira como uma peça de roupa é criada dentro da marca. Depois veio a parceria com a marca de streetwear MCD, que foi quando eu comecei a participar da criação do zero.

    E o que está sob sua responsabilidade hoje? Como é a sua rotina?

    Antonio: Hoje, sou coordenador de estilo. Faz parte do meu trabalho cuidar do desenvolvimento de todos os licenciamentos da marca (Zelo, Melissa, Chilli Beans, Tok&Stok, entre outros). Faço os acessórios, os tricôs e os bordados da marca para os desfiles e coleções, gerencio o desenvolvimento das estampas corridas e localizadas, cuido das parcerias de projetos especiais (como os tapetes que lançamos em 2013 ou os uniformes do McDonalds e do hotel Unique) e coordeno a linha Ellus por Herchcovitch, entre outros trabalhos burocráticos que envolvem o bom andamento da equipe. É claro que todo meu trabalho é sempre reportado ao Alexandre e é com ele o início de tudo e a palavra final.

    Mariane: Hoje eu cuido da coleção comercial do prêt-a-porter feminino e masculino. Não tem muito uma rotina. É bem corrido e cada coleção tem os bafos (risos). A coleção vai muito além do desenho. Aliás, tem milhares de coisas antes da criação. As conversas sobre o direcionamento geral da coleção, a seleção dos tecidos, briefing de estampas… Tenho que passar pedidos de compra de matéria-prima, cobrar a chegada nos prazos, pedir e acompanhar teste de desenvolvimentos. Eu também acompanho o Alê em todas as provas de roupas, anoto as correções, as mudanças.

    A criação, o desenho da roupa, é a parte relaxante do trabalho. Junto com o Alexandre, discutimos a melhor forma de interpretar o conceito para uma coleção que seja mais comercial, sem ser desinteressante.

    Qual a importância de passar um tempo trabalhando como assistente?

    Antonio: Se você é disposto e curioso, vai aprender mais e mais a cada dia. E isso acontece em todos os aspectos que envolvem a criação de uma coleção de roupas, acessórios ou o que quer que seja. Acredito muito que, quanto mais você sabe sobre um determinado assunto, mais capacidade tem para aprimorar o processo envolvido e também para receber a ajuda correta, seja do seu chefe ou do seu ajudante.

    Mariane: O aprendizado que se tem como assistente é importante. Você tem a oportunidade de estar perto de todos os processos do trabalho. Ninguém deveria ser estilista sem passar por assistente, é como pular uma etapa.

    O que você aprendeu com o Alexandre?

    Antonio: Milhares de coisas! Mas vou destacar um ensinamento que ele sempre fala: “Nem sempre a melhor opinião é a minha”. Isso é maravilhoso! Essa humildade e inteligência de saber escutar, refletir e tirar o melhor proveito das coisas, deixando o ego de fora, focando sempre no melhor resultado.

    Mariane: Aprendi tudo o que eu sei da profissão com ele, a funcionalidade de cada detalhe na roupa que ele cria. Vivendo tudo isso, aprendi a amar o que eu faço. A grandeza do Alê como estilista é indiscutível.

    Qual foi o dia mais difícil de trabalho Por exemplo, algo que vocês tiveram que resolver na ausência dele, ou algo que fizeram e deu errado, etc.

    Antonio: Todo dia é difícil. Sem drama, mas é difícil. Temos sempre muitas coisas pra fazer e uma das características da marca é o pioneirismo. Então, a inércia acomodante das pessoas (“isso não dá pra fazer, assim vai dar errado, etc…”), em geral, nos causa alguns transtornos. Por isso, temos que ter o máximo de informações para usar os argumentos certos e fazer as pessoas enxergarem que sim, é possível. Os desfiles também não são fáceis. Precisamos que tudo seja perfeito e não é fácil reunir e orquestrar todas os componentes do desfile: modelos, camareiras, cabeleireiros, maquiadores, imprensa, convidados, sapatos, roupas, acessórios….  Tudo isso para que aqueles poucos minutos sejam mágicos e conquistem a todos com nosso trabalho dos últimos seis meses.

    Mariane: Acho que às vésperas do desfile sempre tem mais pressão. É o fechamento de mais uma temporada de trabalho, então nada pode dar errado. Em geral são tempos mais difíceis. Outra coisa difícil é lidar com fornecedor. O atraso na entrega de material, por exemplo, se ele não cumprir, eu atraso a entrega do meu trabalho. Isso me faz sofrer!

    Você imagina ter sua marca própria um dia?

    Antonio: Jamais. Eu gosto de trabalhar em marcas. E já tive uma marca de bolsas com uma sócia em Belo Horizonte. Era bem legal, a marca era cool, mas os lucros não vinham e hoje em dia já existem milhões de marcas. Para ser competitivo, precisa-se de muito investimento, senão o crescimento é quase impossível.

    Mariane: Já pensei sim, mas ainda tenho muito a aprender. Acho que depois eu vou mudar de idéia! (risos)

    O que deve ser feito para conseguir uma vaga de estagiário ou assistente na sua empresa?

    Alexandre Herchcovitch: Olho currículo, mas praticamente 100% das pessoas que trabalham comigo foram por indicação. As pessoas já indicam uma pessoa que é boa. Eu leio todos os currículos que me mandam, e às vezes chamo uma pessoa ou outra. Entrevisto pessoalmente porque quando leio currículo há uma diferença entre o que está escrito e o que a pessoa de fato faz. Inglês fluente, a percepção do que é inglês fluente é uma coisa que varia muito, por exemplo. Então pode acontecer dos dois jeitos, mas normalmente tem sido por indicação.

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