Por Paula Rita Saady, em Paris
©Paula Rita Saady
A exposição “Louis Vuitton – Marc Jacobs” começou na quinta-feira (08.03) no Museu de Artes Decorativas, em Paris. Ela traça um paralelo entre a trajetória desses dois homens, e como suas ideias inovadoras foram importantes para o prestígio que a marca tem hoje.
No primeiro andar, a história de Louis Vuitton, que começou a fabricar malas em 1854. Para se destacar dos demais, ele se lançou como “especialista em bagagem de moda”, um feeling que ele adquiriu de sua amizade próxima com Charles Worth, o primeiro designer de alta costura, também baseado em Paris. Eles inclusive colaboravam e os ateliês eram vizinhos do Café de La Paix, que existe até hoje. Uma história de sucesso que poderia ser tema de um filme.
A mala não era como conhecemos hoje, era praticamente um baú, muito pesado. Com a lona encerada impermeável que substituiu o couro nas criações de Vuitton, ela perdeu em peso e ganhou em divisões internas, essenciais para organizar e proteger todos os elementos da indumentária feminina da época.
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Luvas, chapéus, crinolinas, broches, corsets, cada um no seu compartimento. E vemos com detalhes tudo que uma dama elegante precisava em uma viagem. Nada simples, já o que o protocolo do Segundo Império impunha sete trocas de roupas por dia. É incrível ver de perto os manequins de época com cabeças e penteados esculpidos em couro, uma colaboração com o top cabeleireiro Guido Palau, o mesmo que assina o desfile, com a Vuitton.
A primeiras malas são cinzas, depois veio o listrado e o xadrez. Mas o famoso monograma foi criado anos mais tarde por seu filho Georges, em uma homenagem póstuma ao pai.
Ele também se destacou pelo instinto comercial, cada nova criação que apresentava nos Exposições Universais não eram apenas protótipos, eram modelos que já estavam à venda na loja. Em uma época de transportes restritos, isso ajudou muito o crescimento da marca que foi adotada até pela imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III. Visionário, ele já usava o prestígio de celebridades para promover sua marca.
No segundo piso está Marc Jacobs e na entrada um mosaico de imagens e trechos de filmes. Divas como Barbra Streisand, Judy Garland; ícones do rock como Mick Jagger, David Bowie e Iggy Pop; filmes como “O bebê de Rosemary”. Até Bob Esponja, Simpsons e South Patrk estavam lá. É o universo de referências estéticas de Marc e logo vemos resultado no trabalho do estilista. “Eu tenho essa curiosidade de criança, sou apaixonado pelo que faço e não tenho medo de correr riscos”, disse Marc sobre seu percurso na Vuitton.
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De rei do grunge a guru do luxo, o caminho foi longo, mas graças a ele essa tradicional maison francesa se reinventou, dessa vez com um perfume vindo das ruas.
Marc lançou o primeiro prêt-à-porter da marca, que antes de 1997 só produzia bolsas e malas. A mistura de clássicos, savoir faire e muita cultura pop logo chamou atenção das editoras de moda. Além de criar a coleção de roupas e bolsas, ele modernizou a imagem da marca criando campanhas inesquecíveis com a ajuda da amiga e stylist Katie Grand.
Na exposição, eles criaram bem humoradas ambientações, que mostram bolsas em embalagem de bombons gigante, manequins com cabeça de animais, de tule gigante, cocares e até Kate Moss de quatro em uma gaiola, com look da coleção Fetiche. Além de todos os detalhes das parcerias com artistas como Takashi Murakami, Stephen Sprouse e Richard Prince, uma moda lançada por Marc. O livro é ótimo e cheio de imagens icônicas e históricas. Em versão normal custa apenas 50 euros, mais do que abordável. Mas tem também versão luxo, claro é Vuitton, com o rosto de Marc em fundo dourado. Uma aula de moda até para os pequenos, em quatro ateliês diferentes para crianças de 4 a 11 anos, onde elas podem desenvolver atividade a partir de temas das coleções da marca. A família Vuitton vai muito bem, obrigada.
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“Louis Vuitton – Marc Jacobs” @ Les Arts Décoratifs
Até 16 de setembro de 2012
107, rue de Rivoli
75001 Paris
França