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    FFW entrevista Imran Amed, editor do site Business of Fashion
    FFW entrevista Imran Amed, editor do site Business of Fashion
    POR Camila Yahn

    Imran Amed, no Fashion Rio ©Juliana Knobel/FFW

    Imran Amed, 36, é hoje, segundo uma lista de “big players” criada pela revista “Industrie”, um dos profissionais mais influentes do mercado. Você talvez nunca tenha ouvido falar dele, mas certamente já entrou em seu site, o Business of Fashion.

    Esse canadense radicado em Londres transformou, em cinco anos, um simples blog voltado para os negócios da moda em um dos sites mais acessados e importantes do mercado. O segredo do sucesso? No BOF, você pode confiar na veracidade da informação.

    Essa é a quinta vez que Imran visita o Brasil, mas é sua estreia no Fashion Rio. Curioso, ele não dispensa uma boa conversa e sempre tem perguntas a fazer, a fim de compreender melhor o Brasil e tirar seu principal questionamento a limpo: “Quem são as pessoas que compram produtos de luxo no Brasil pagando 100% de impostos, se fora do país elas conseguem a mesma peça pela metade do preço? O que motiva alguém a fazer isso?”.

    Imran é um menino brilhante, que teve a ideia certa no tempo certo e trabalha duro para que seu negócio continue crescendo “com integridade”. No papo abaixo, que aconteceu no calor entre um desfile e outro, ele fala sobre os primeiros dias do site, de consumo e por que ainda não ganhou dinheiro com seu negócio.

    De onde você vem e como tudo começou?

    Estudei em Montreal, mas sempre tive vontade de ir para a Europa. Trabalhava com Management Consulting para a Mckinsey Company (uma empresa global de consultoria de gerenciamento) e pedi para que eles me transferissem para a Europa. Fui morar em Londres, mas, através deste trabalho, viajei pelo mundo todo. Depois fui para Boston fazer um MBA em Harvard e voltei para Londres. Foi então que comecei a ter vontade de fazer outras coisas.

    Que tipo de coisas?

    Sempre fui uma pessoa criativa. Estudei teatro, fiz cursos de oratória… E no trabalho eu usava apenas a parte analítica do meu cérebro.

    E foi aí que você criou o Business of Fashion?

    Era 2006 e os blogs começaram a aparecer e eu conheci pessoas como Diane Pernet (A Shaded View on Fashion) e Scott Schuman (The Sartorialist), que eram vozes diferentes que começavam a aparecer. Havia blogs de estilo de celebridades, estilo de rua, etc, mas ninguém ainda olhava para o lado da indústria, dos negócios. E então eu pensei: “É sobre isso que vou falar”. Criei o Uberkid.typepad.com em que atualizava apenas uma vez por semana. Sentado no meu sofá.

    E essa semana você comemora o aniversário de cinco anos do BOF. Como foi a transição de amador para super profissional?

    Quando eu criei o BOF, não sei como aconteceu dele ficar conhecido. Foi aquela coisa de uma pessoa ver e falar para a outra e o site começou a crescer organicamente. Há cinco anos eu jamais poderia imaginar que isso aconteceria.

    Quantas pessoas você tem na equipe?

    É muito pequena! Tenho um editor que fica em Nova York e uma assistente fixa em Londres. E colaboradores espalhados pelo mundo todo. O bom é que o BOF nasceu digital e não tem nenhum legado do mercado impresso. Eu não preciso de uma equipe gigante cheia de títulos.

    Qual a ideia por trás do BOF?

    A ideia do site não é criar toneladas de conteúdo. A ideia é ter um site com uma voz e um ponto de vista próprios e artigos que passam por uma curadoria muito exigente. Você entra na home e sabe que lá está o que é importante. E também temos um conteúdo nosso mesmo, que usamos para ser fonte de informação e aprendizado para as pessoas. A mídia é ainda tão rasa quando fala de moda, só que esta é uma indústria muito grande e tem que ser levada à sério.

    Você ainda considera o BOF um blog?

    O que é um blog tecnicamente? É um site que exibe o conteúdo em ordem cronológica. Hoje os blogs de moda têm outra conotação. Sou feliz por fazer parte da comunidade blogger, mas ao mesmo tempo também somos reconhecidos como um site mainstream, então, estamos dos dois lados. Eu sou muito cuidadoso ao checar os fatos e esse é um dos pontos que tornam o BOF tão confiável.

    Muitos blogs de moda atualmente têm, como único conteúdo, os looks que a blogueira está vestindo aquele dia.

    Isso está acontecendo em todo lugar. Nós (o BOF) começamos muito cedo e agora estamos no início de uma nova era da comunicação, então ainda vai levar algum tempo até tudo se ajeitar. A tecnologia no mundo digital muda todo dia e o custo de se comunicar é barato, qualquer pessoa pode ter um blog… Mas tem um lado muito excitante. A inovação hoje está aí para todos.

    Hoje você está no Fashion Rio. Você cobre todos os eventos de moda pessoalmente?

    Eu viajo muito. Além das semanas tradicionais, em Paris, Milão, Nova York e Londres, eu ainda vou para Índia, Tel Aviv, Austrália, Canadá… Tenho muita sorte, pois é em viagens assim que eu tenho a chance de conversar com as pessoas e saber o que se passa em cada país.

    E o que você tem achado do Brasil?

    O seu país está em uma posição única hoje de contar com uma indústria doméstica muito vibrante. Tem mercado local e produção local de qualidade. E, especialmente no Rio, tem essa cultura que se move ao redor da praia, desse estilo de vida carioca. Por outro lado, tem muitos aspectos semelhantes aos que vejo na Índia, como uma classe emergente, que está podendo consumir mais e um crescimento acelerado.

    Você fala em revolução digital. O que isso significa para a moda?

    É muito difícil prever os próximos passos, mas uma coisa certa é que o consumidor vai ficar cada vez mais informado e envolvido no processo das grifes. Ele não quer mais simplesmente receber uma imagem, ele quer participar. O papel do consumidor está mudando muito e ele está mais forte no diálogo com a moda. As empresas não podem mais fazer o que elas querem. Elas têm que ouvir. O consumidor agora é parte da conversa. Por isso que o Twitter e o Facebook fazem tanto sucesso, é uma maneira de se aproximar do cliente e ele da marca. A inovação constante de modelos de negócios relacionados ao e-commerce também não pode ser deixada de lado. Uma grande indústria está nascendo aí.

    Hoje você vive do seu trabalho com o Business of Fashion?

    Ainda não, mas estou no processo de tornar isso um business porque as pessoas vêem o quanto eu me dedico para isso e a energia que coloco nesse trabalho. Mas não tenho pressa, pois não posso fazer isso ao preço de perder minha integridade. Respeito é o mais importante e nós construímos uma relação de confiança entre o site e os leitores. Mas agora eu tenho que passar a viver disso, pois eu também trabalho muito duro.

    Quantas horas você trabalha por dia? Como é a sua rotina?

    Eu acordo, vejo o email e o Twitter e leio todos os comentários do site. Então priorizo o que é importante naquele dia. E tenho várias reuniões, às vezes 10 no mesmo dia.

    Dez reuniões por dia?

    Não é todo dia, mas acontece. Eu recebo jovens estilistas que querem mostrar seu trabalho, às vezes tenho almoços com CEOs e também atendo a muitos pedidos da imprensa. Hoje já dei uma entrevista para a “Vogue” da Turquia, para a “Grazie” britânica e para você, do FFW, no Brasil. E é ótimo. Em cada conversa dessas eu aprendo alguma coisa.

    Quantas pessoas o BOF impacta?

    Nós somos lidos em 200 países e nossa conta no Twitter tem 325 mil seguidores. Diariamente eu envio uma newsletter para um cadastro de 20 mil pessoas. Acho que contando o acesso do site, mais Facebook, Twitter e Instagram, nós impactamos meio milhão de pessoas.

    A revista “Industrie” disse recentemente que você é uma das pessoas mais influentes hoje na moda. Nada mal, para quem começou há apenas cinco anos do sofá de casa…

    Isso me dá uma responsabilidade tremenda. É uma coisa muito delicada. Hoje eu penso muito antes de apertar o botão Publicar. Eu ainda publico pessoalmente cada artigo que entra no site. Ao mesmo tempo é um privilégio ter a voz que nós temos hoje.

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