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    Intercâmbio cultural
    Intercâmbio cultural
    POR Redação

    Makiko Sekiguchi e Hiroyuki Horihata, antes da palestra que deram no IED, em São Paulo ©Carla Valois/FFW

    Apesar da forte ligação que Brasil e Japão possuem há mais de um século, o que é produzido contemporaneamente em ambos os países permanece obscurecido por estereótipos e/ou elementos tradicionais. Em busca de proporcionar o intercâmbio cultural, a Fundação Japão trouxe os estilistas Hiroyuki Horihata e Makiko Sekiguchi, fundadores da marca matohu, a Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, onde apresentaram peças das coleções de Outono/Inverno 2012/13 e Primavera/Verão 2012 e conversaram com estudantes sobre o trabalho que desenvolvem, bem como sobre o mercado de moda local e o método quase que artesanal que até hoje é adotado no Japão.

    No dia 15 de agosto, em Brasília, a matohu fez um desfile especial durante o Capital Fashion Week; já no Rio de Janeiro e em São Paulo, Horihata e Sekiguchi conversaram com estudantes do SENAI/CETIQT e Istituto Europeo di Design (IED), respectivamente. Os destaques da palestra ocorrida na tarde desta segunda-feira (20.08), no já citado IED, foram a exibição de um programa da NHK, televisão estatal japonesa, que mostrou a ação colaborativa entre a matohu e artesãos locais; e a descrição de como a dupla transforma o senso estético do país, que intitulam “olhar japonês”, com técnicas e formas atuais.

    O FFW encontrou os estilistas pouco antes da palestra em São Paulo: Horihata e Sekiguchi falaram sobre a experiência de apresentar-se no Brasil, um país tão distante geograficamente do Japão, e sobre o que conhecem da moda nacional, além de contar de maneira breve sobre o aprendizado de estagiar com Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo (Comme des Garçons).

    É a primeira vez de vocês no Brasil? Como surgiu este convite para vir ao país?

    Hiroyuki Hotihata: É a primeira vez que visitamos o Brasil. Viemos a convite da Fundação Japão, que é um órgão do governo japonês. O objetivo [da nossa vinda] foi o intercâmbio cultural. A palestra em São Paulo – assim como a que aconteceu no Rio de Janeiro e o desfile de Brasília – faz parte do convite da Fundação Japão.

    Looks da coleção de Outono/Inverno 2012 da matohu ©Reprodução

    Como foi a repercussão do público brasileiro depois do desfile da matohu em Brasília?

    Hiroyuki Hotihata: Muitas pessoas fizeram observações sobre as cores dos tecidos. Visivelmente, o nosso corte é bem diferente do brasileiro. Os looks criados pelos estilistas brasileiros privilegiam bastante o corpo para fazer com que ele seja mais mostrado, já o nosso desenho privilegia muito a linha reta, mas eu senti pelo olhar das pessoas que a nossa coleção deu um pequeno impacto nos brasilienses porque houve uma reação: primeiro de estranheza, depois de encantamento.

    No geral, a repercussão foi bem positiva.

    Vocês pretendem vender no Brasil?

    Hiroyuki Hotihata: Nós vendíamos na Rússia, nos Estados Unidos e um pouco em Hong Kong, mas com a alta do yen [moeda japonesa] nós paramos temporariamente.

    Depois das nossas apresentações em Brasília e no Rio de Janeiro, nós tivemos muitas perguntas sobre como adquirir as peças da matohu. Acho que nós provocamos certa novidade e vamos pensar com muito carinho na possibilidade de trazermos alguns itens [para o Brasil] em um futuro próximo.

    O que vocês conhecem da moda brasileira?

    Hiroyuki Hotihata: Ontem fomos ver uma exposição na FAAP [Fundação Armando Álvares Penteado] sobre a história da moda brasileira. Foi muito interessante porque nós pudemos ver o toque contemporâneo da moda local. Senti uma diversidade muito grande de tendências e posturas no design nacional.

    No Rio de Janeiro, nós conhecemos a Isabela Capeto e hoje de manhã o Jum Nakao. Mais tarde vamos conhecer o Walter Rodrigues.

    Makiko Sekiguchi: Parece-me que tanto no Japão quanto no Brasil, temos uma coisa em comum: a valorização do trabalho artesanal. No trabalho da Isabela Capeto, a gente viu bastante isso e pode ser algo que nos une.

    A ligação entre Brasil e Japão é muito forte, sobretudo em São Paulo. Mas o que realmente chega da moda brasileira ao Japão?

    Hiroyuki Hotihata: No Japão, infelizmente, a gente conhece muito pouco da moda brasileira. O que nós conhecemos é Alexandre Herchcovitch, que tem uma loja lá, a Osklen e as sandálias, Melissa e Havaianas. Acho que só, mas daqui para frente a tendência é que passemos a conhecer mais.

    Looks da coleção de Primavera/Verão 2012 da matohu ©Reprodução

    Vocês começaram a estudar na Bunka [Fashion College] após cursos em áreas completamente distintas da moda. Como foi essa migração de Filosofia [Hiroyuki Hotihata] e Direito Político [Makiko Sekiguchi] para o design de roupas?

    Hiroyuki Hotihata: No meu caso, a Filosofia era um tema muito abstrato e eu me cansei um pouco do mundo das palavras e quis trabalhar com as mãos. Foi a partir daí que comecei a pensar na moda.

    Nosso primeiro encontro foi na Bunka e desde então estamos juntos.

    Como foi estagiar com Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo [Comme des Garçons] e como a experiência influenciou o que vocês fazem agora?

    Hiroyuki Hotihata: A experiência com estes grandes nomes foi ótima, mas eles não influenciaram diretamente no conceito da nossa marca. Mas os princípios de criação e a postura nós absorvemos bastante deles.

    Vocês tentam utilizar elementos tradicionais da cultura japonesa?

    Hiroyuki Hotihata: Não se trata de traduzir elementos japoneses para o contemporâneo. O nosso trabalho parte do olhar, do senso estético japonês, e como ele se adequa às necessidades contemporâneas. Por exemplo, nós não partimos do quimono, nem utilizamos as padronagens dos quimonos nas nossas roupas.

    Looks da coleção de Outono/Inverno 2010 da matohu ©Reprodução

    Quem é a consumidora da matohu?

    Hiroyuki Hotihata: Temos de consumidores jovens até de idades mais avançadas. Nossa coleção é unissex, essa é uma característica importante do nosso trabalho. Homens e mulheres podem estar vestindo a mesma roupa. Criamos não apenas uma moda para vestir; as pessoas que procuram as nossas roupas buscam cultura. Acho que essa é a nossa missão.

    – Vídeo do desfile de Outono/Inverno 2012/13 da matohu:

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