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    Marc Jacobs ainda é o principal estilista da moda americana?
    Marc Jacobs ainda é o principal estilista da moda americana?
    POR Camila Yahn

    A história é conhecida: Em 1993 Marc Jacobs desenhou uma coleção de inspiração grunge para a Perry Ellis, em seu primeiro emprego como diretor criativo. O dono da marca claramente não entendeu nada, achou uma péssima ideia e o demitiu. Poucos anos depois, Marc entrava na Louis Vuitton para mudar a história da maison francesa – e da moda contemporânea – para sempre.

    Nos 16 anos que ficou à frente da Vuitton, Marc se consolidou com uma estrela da moda, dividindo com Miuccia Prada o posto de pessoa mais influente da indústria, justamente por sua habilidade de captar o zeitgeist, de ser sensível ao que surge nas ruas e de trabalhar tão bem com o lado efêmero da moda: era imprevisível e a cada estação, mudava tudo sem deixar rastros.

    Ele quadruplicou os negócios da empresa e transformou sua obsessão por arte em uma tendência global na área da moda, a das colaborações. Sua aparência mudava à medida que ia ficando mais famoso: de um menino aparentemente tímido, mais gorduchinho, de óculos e cabelos compridos, transformou-se em um homem musculoso, bronzeado, tatuado, com os cabelos bem curtos, como se essa aparência é a que reflete o sucesso. “Gosto da minha aparência, gosto de me olhar no espelho, agora passo horas no banheiro. Antes, não ficava nem cinco minutos”, disse em uma entrevista a “New Yorker”. Se sua casa é um museu milionário repleto de obras de artistas como Andy Warhol, Elizabeth Peyton, David Hockney, Ed Ruscha e Richard Prince, seu corpo virou seu templo.

    Fast Forward para 2015, 10 dias antes do início da semana de moda de Nova York. O que esperar de Marc Jacobs? Ele ainda é o estilista mais influente da moda americana? Com a geração que veio em seguida, capitaneada por nomes como Alexander Wang, Joseph Altuzarra e Proenza Schouler, a moda nos EUA respirou um ar fresco e são esses meninos (sem o poder e o tamanho que Marc teve um dia) que estão escrevendo um novo capítulo.

    Seu desfile será interessante de ver e brincar de descobrir algum símbolo de sua fase atual: em um período de dois anos, 1) ele deixou a Louis Vuitton 2) contratou Luella Bartley e Katie Hillier para dar um gás na Marc by Marc 3) encerrou a Marc by Marc 4) lançou uma linha de beleza 5) seu fiel amigo e CEO da MJ, Robert Duffy, deixou a empresa após 30 anos de parceria 6) começou a trabalhar com um novo CEO 7) rompeu com Juergen Teller, fotógrafo que registrou todas as campanhas de sua grife. Marc, que antes tinha três marcas para cuidar, agora tem apenas uma.

    + Veja aqui todos os desfiles de Marc JacobsMarc Jacobs Men e Marc by Marc Jacobs

    Marc Jacobs fotografado em Nova York ©Reprodução Wired Image

    O trabalho na Vuitton era um spotlight constante em sua cabeça, potencializando seu carisma, sua energia e seu olhar para o novo. Agora, em fase de adaptação, ele parece melancólico e ainda vivendo períodos de altos e baixos emocionais. À revista “Love”, disse que sente falta de sua equipe, de viver em Paris, de todo a movimentação e que às vezes, sente-se inseguro e com a autoestima baixa. “Penso que queria ser mais alto, mais musculoso, que não sou bom o suficiente, que gostaria de ser mais criativo”.

    Parece impensável que este estilista que por quase 20 anos foi o porta-bandeiras da moda, tenha esse tipo de pensamento, mas deve ser parte de um processo que também tem a ver com a perda de status e atenção que vinham de brinde com a LV. “Sou humano, gosto de atenção”, disse à “New Yorker”.

    Na marca francesa, Marc chegava a mudar tudo 10 dias antes do desfile, simplesmente porque tinha outra ideia, segundo relatou um dos diretores da grife ao WWD. Agora, com sua marca própria prestes a abrir ações na bolsa, ele tem que pensar em uma mensagem clara e constante para a coleção e, certamente, esses devaneios criativos não serão mais possíveis.

    Este parece ser apenas mais um obstáculo para uma pessoa que já passou por dois rehabs para se livrar, com sucesso, dos abusos de álcool, cocaína e heroína; que teve que pedir grandes empréstimos de dinheiro para continuar comprando arte compulsivamente; que rompeu totalmente com sua família há mais de 20 anos; que teve seu coração partido algumas vezes.

    Mas esse é o mesmo homem que também desfilou uma coleção tão fresca e original em sua graduação na Parsons School of Design, que chamou a atenção de um jovem que estava buscando a oportunidade certa para entrar na moda. Robert Duffy, então com 30 anos, filho de um empresário do ramo de aço, convidou Marc para ser seu parceiro em um novo negócio. Ficaram juntos desde então até a saída de Jacobs da Vuitton, em 2013, quando o CEO resolveu se aposentar para cuidar de sua filha adotiva. Duffy tem 1984 tatuado em sua mão direita para marcar o ano em que começaram a trabalhar juntos. Já Marc tem, no pulso direito, a palavra “perfect”, não no sentido de perfeição, mas no sentido de que aqui e agora é ok, é onde ele deve estar.

    Esse é o cara que foi confundido com uma estrela de rock e um ator de Hollywood por senhoras em um shopping americano. Numa pesquisa de mercado para lançar seu primeiro perfume Daisy, pesquisadores foram às ruas perguntar para as mulheres se elas conheciam Marc Jacobs e o que ele fazia. Todas conheciam. Mas a imagem que vinha à cabeça era a de um super star.

    Também foi ele quem criou inúmeras tendências que foram para o mundo, muitas bolsas hit, como a Stam Bag, de couro matelassado e corrente dourada. Foi quem traduziu os desejos que nasciam nas ruas, quem levou a arte para a moda, quem criou grandes desfiles espetaculosos e inesquecíveis. Sua avó Helen, com quem morou na adolescência, dizia aos vizinhos que ele seria “o próximo Calvin”. De fato, ela estava certa, pena que não viu seu neto se transformar em uma grande referência para a moda americana.

    Basta saber se ele vai continuar a carregar esse título e como ele vai conduzir sua renovação. Para Marc, os tempos difíceis são oportunidades e não obstáculos. Vamos ficar de olho. O desfile de Marc Jacobs Verão 16 acontece em Nova York dia 17.09.

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