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    Lanvin comemora 10 anos sob direção criativa de Alber Elbaz
    Lanvin comemora 10 anos sob direção criativa de Alber Elbaz
    POR Camila Yahn

    Alber Elbaz posa atrás de modelos ©Reprodução

    Em plena semana de moda de Paris, exatamente no dia em que a Lanvin apresenta a sua coleção (02.03), o designer Alber Elbaz comemora uma década no comando criativo da grife. As comemorações contarão com uma festa imediatamente seguida do desfile para convidados, e ainda a publicação de um livro que deve chegar às bancas em abril deste ano. Mais do que uma retrospectiva, o livro retrata todo o trabalho, esforço e dedicação que Elbaz coloca em cada coleção.

    Para muitos críticos e editores de moda, o designer nascido no Marrocos e criado em Israel fez renascer a elegância dos vestidos na moda francesa na última década, por meio de tecidos leves e de design que valoriza as formas femininas, e transformou a marca em uma das mais desejadas no mundo. Ele também é um dos estilistas mais queridos pela indústria e pelas modelos.

    Elbaz foi contratado em 1996 para liderar a criação da Guy Laroche em Paris, grife para a qual realizou três coleções jovens que lhe valeram a sucessão de Yves Saint Laurent no comando da Rive Gauche, onde ficou durante três temporadas. Quando ela foi comprada pelo grupo Gucci, Alber foi posto de lado. Depois disso, fez ainda uma temporada para a Krizia, em Milão, e ficou um ano afastado da indústria, sem saber se conseguiria retornar. No final de 2001, Elbaz se juntou à pequena e confortável casa Lanvin, onde se mantém até hoje.

    Na entrevista abaixo dada ao “WWD”, o designer reflete sobre a sua carreira, as suas filosofias e as suas criações.

    Algumas das criações mais antigas de Elbaz para a Lanvin: Inverno 2004; Primavera/Verão 2005 e Primavera/Verão 2008 ©Reprodução

    Sabemos que ligou diretamente para a Sra. Wang (dona da maison) para pedir para trabalhar na Lanvin. Como a convenceu que era o homem certo para o lugar?

    Não tive que convencê-la. Mesmo. Eu liguei e ela me retornou uma meia hora depois. Eu falei para ela que estava surpreso de ela ter retornado a minha chamada e ela respondeu: ‘Ouça, se o seu advogado ligar para o meu advogado, o meu advogado responde ao seu’. Uma resposta direta. E essa é a essência da nossa relação.  Somos muito diretos um com o outro.

    Quando chegou na Lanvin, aceitou o trabalho como outro rejuvenescimento de uma marca ou como um “começar de novo”, construindo a marca do zero?

    Quando se chega a uma casa como a Lanvin, você tem que tomar uma decisão. Ou você quer destruir tudo o que já existiu e começar do zero ou você quer ser um pouco mais positivo, e isso leva mais tempo: olhar para o passado de uma marca e analisar o que a tornou tão especial para existir durante tantos anos. Eu comecei com a abordagem positiva, pois não estou aqui para machucar o negócio.

    E como descobriu os códigos secretos da Lanvin?

    Quando olhei para os arquivos. A única palavra que não parava de vir na minha cabeça era “desejo”. Então eu trabalhei em volta desse conceito e falei: ‘Vamos fazer coleções para mulheres, dando ênfase ao desejo, o desejo na moda, o desejo no design’. E eu estava muito dentro do design, porque eu vinha da casa de Geoffrey Beene, que era muito focada no design e nós também o trouxemos para o universo do desejo, das mulheres, da realidade, da relevância. Acho que ser relevante é a história da minha vida.

    Você é conhecido pelos vestidos. É por que é o que gosta mais de desenhar?

    Eu acho que eu sou muito atento às mulheres e eu estou vendo que elas estão mudando. O seu estilo de vida está cada vez mais complexo e mais difícil diariamente. Então eu tento sempre simplificar as suas vidas. Por exemplo, muitas pessoas acharam os vestidos da primeira coleção muito românticos. Mas eu não conseguia ver o lado romântico dos vestidos. Eu via facilidade, simplicidade. Eu via acordar de manhã e ter as crianças e o marido e a sua mãe no telefone e o seu trabalho, e isso antes de inventar o SMS, porque agora tem isso também. As mulheres precisam de alguma coisa um pouco mais fácil no armário, em vez de terem que ficar pensando toda a manhã o que vai bem com o quê. Uma coisa que você puxa o zíper de manhã e tira à noite. E é assim que eu evoluo. Penso em algo e pronto, começo a trabalhar em volta disso.

    Foi assim que começou a coleção de noivas?

    Sabe, um dia ouço que uma amiga vai casar. E ela não tinha 31, ela tinha 51 anos e eles casaram em uma casinha pequena no sul da França. Ela não queria parecer com a Cinderela e eu falei: “Wow, vou começar a trabalhar nisso”. Então nem tudo é discutido em uma reunião de marketing. Acho que é fazendo parte do momento, como alguém que resolve problemas.

    A linha infantil da Lanvin criada por Elbaz em 2011 ©Reprodução

    O mesmo para a linha infantil?

    Depois de eu ter 14 de 20 pessoas no estúdio esperando bebê, eu pensei que talvez fosse uma boa altura. Já que todo o mundo à minha volta tinha se tornado mãe, resolvi vestir as filhas.

    Você parece adepto dos vestidos de cocktail. É verdade?

    Eu não gosto muito dessa terminologia. Gosto de vestidos para a noite, porque gosto mais da after party do que da festa em si. Gosto do mistério, do sonho, de vestidos fantasiosos. E eu acho que nós fazemos as mulheres sonhar. As mulheres podem sonhar às 9 da manhã e às 10 da noite, não importa. E para mim também é importante que sejam pragmáticos, práticos e usáveis. Eu sempre digo, ‘se não dá para comer, é porque não é comida e se não dá para usar, é porque não é moda, é outra coisa qualquer’.

    O que faz da moda moderna?

    Sempre que penso em moderno penso em alguma coisa estranha e feia e tudo o que tento fazer é pensar que moderno pode ser bonito. Modernidade não é couro preto e não é 17 zíperes juntos e não é rock nem heavy metal. Modernidade para mim é beleza e emoção e conforto e atemporalidade.

    Quando a Kate Moss usou um dos seus vestidos da coleção de verão 2003 para uma festa de Manolo Blahnik, as celebridades de repente se interessaram na Lanvin. Isso foi decidido em uma reunião de marketing?

    Nós não a contratamos para usar o vestido. Ela veio, levou e devolveu. Sou contra correr atrás de celebridades. Se elas nos querem, elas sabem onde nos encontrar. Nós já não somos uma casa pequena. Mas também não somos gigantes. Eu sempre digo que nós somos de tamanho ‘humano’. Tentamos trabalhar com as celebridades pessoalmente, mas eu sempre lhes dou a escolha de vir ou não vir, de estar ou não estar.

    Emma Stone, Julianne Moore e Natalie Protman, todas de Lanvin ©Reprodução

    Você tem muitos amigos que usam Lanvin: Charlize Theron, Demi Moore e Julianne Moore, só para citar alguns. Como eles são?

    Eu não me relaciono com eles no red carpet, nem quando estão rodando um filme. Eu os encontro quando eles acabam de fotografar ou antes de começarem. Eles sempre acham que não vão trabalhar de novo e estão em um momento tão frágil, tão bonito e tão sensível e eu amo porque me encontro com eles em momentos de verdade.

    As suas campanhas de publicidade têm muitos resultados. Pode falar mais sobre a sua colaboração com o diretor de arte Ronnie Cooke Newhouse?

    Nós rimos muito e choramos muito e achamos que isso é a essência deste trabalho. É como montar uma história. A gente não diz, “Pega uma menina bonita, faz um make bonito e mantém um visual clean”. Nós não começamos como outras marcas começam, com o visual clean. A gente gosta “sujo”! Gosto de algo mais para além de uma menina bonita usando o melhor vestido e a melhor maquiagem. Eu quero outra coisa. Penso muito em luxo e o consenso é que tem que ser muito ‘glossy’ e a maior parte das vezes as pessoas acham que deve ser ‘frio’ para ser respeitado. Você consegue ser você mesmo e ainda ser respeitado.

    O vídeo em que dança com modelos foi um sucesso no YouTube. Como isso aconteceu?

    Nós fomos ao YouTube e vimos a beleza da imperfeição. As meninas e os meninos que aparecem nos vídeos, sempre parecem muito reais, e isso é que os torna engraçados. Faz você rir e chorar porque a realidade faz você rir e chorar porque você consegue se relacionar com isso. E essa é toda a minha filosofia, que as pessoas precisam se relacionar com as coisas. Eu não quero que elas sintam que estão em uma farmácia em que tudo está lá, mas não pode tocar em nada. Eu quero que as pessoas toquem as minhas peças.

    Por que ter um lado humano nas suas peças é tão importante para você?

    Eu penso que quando tudo é sobre tamanho e dinheiro e poder, para você sobreviver precisa voltar a ser você mesmo, autêntico. Eu não preciso ser vistoso, preciso ser brilhante e estar certo.

    Os seus desfiles são sempre um espetáculo e apelam à emoção. Como faz?

    Estou sempre tentando colocar-me na posição das mulheres em cada vestido que faço: ‘Se eu fosse uma mulher, eu usaria este vestido?’. Ou um editor, convidado para um desfile, que espera 45 minutos no escuro, no calor ou no frio, talvez eu gostasse de uma bebida fresca ou de um pedaço de chocolate. É algo muito fácil, muito natural e muito pessoal. Algo que eu gosto de fazer  – deixar as outras pessoas se sentindo confortáveis.

    As criações mais recentes da Lanvin: Primavera/Verão 2009; Inverno 2010 e Primavera/Verão 2012 ©Reprodução

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