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    FFWMAG conversa com Giorgio Armani e interpreta Inverno 15 da EA
    Giorgio Armani
    FFWMAG conversa com Giorgio Armani e interpreta Inverno 15 da EA
    POR Redação

    Revolucionário nos anos 1980, criador do powersuit, look símbolo da valorização da mulher no mercado de trabalho, Armani, aos 81 anos, lembra das conquistas de moda ao longo de quatro décadas de carreira, desde quando Richard Gere eternizou seu paletó desestruturado no cinema e no imaginário da moda masculina mundial, em Gigolô Americano (1980), até a nova fase ligada aos esportes, em que é presidente de um time de basquete, criador de uniformes para a próxima Olimpíada e defensor do mix do design esportivo com a moda como o futuro da Emporio Armani. A FFWMAG conversa com o estilista e interpreta a coleção do Inverno 2015 da marca, em editorial que você vê na nova edição da revista, já nas bancas e livrarias do País, e na galeria de fotos acima.

    Em 1990, François Baudot escreveu no livro Fashion – The Twentieth Century (Phaidon) que se a marca Armani não existisse, precisaria ser inventada, referindo-se à sua influência na história da moda. Naquela época, você tinha consciência da importância do que estava criando – dessa abordagem inovadora da simplicidade na elegância – e do impacto do power suit no guarda-roupa masculino e feminino? 

    Acredito que o excesso de autoconhecimento seja um obstáculo, tanto quanto a falsa modéstia. Sempre soube que tinha um forte ponto de vista, nascido da observação do mundo real e das necessidades de um determinado público. Tudo surgiu de um desejo de criar paletós simples e leves, nos quais fosse possível se movimentar livre e naturalmente. No que se refere às mulheres, eu entendi imediatamente que elas estavam cada vez mais envolvidas no mundo do trabalho e precisavam de roupas equivalentes às dos homens. Algo que daria dignidade a elas, uma atitude que ajudaria a “acomodar” a vida profissional, sem deixar de lado o fato de serem mulheres. Tentei criar uma imagem mais forte, e foi dessa imagem que nasceu o fenômeno do power suit. Hoje, 20 anos depois, tenho consciência e orgulho de tudo aquilo foi feito, mas sempre olho para o próximo desafio.

    Você está festejando 40 anos de trabalho na moda. Fazendo uma retrospectiva, quais considera suas melhores criações? E o que veremos no futuro?

    Sem dúvida, foi o terno desestruturado, que é imediatamente lembrado como símbolo da minha moda, porque representou uma revolução e mudou o “destino” desse tipo de roupa a partir dos anos 1980 num nível mundial. Mas, em geral, eu tenho vontade que o estilo Armani faça uma crescente contribuição para homens e mulheres no que concerne à dignidade em se vestir, independentemente da peça em si.

    Qual é o aspecto do seu trabalho de que você mais gosta?

    Eu diria o processo criativo: criar algo tridimensional e, acima de tudo, funcional, quer se trate de um blazer, um desenho ou uma ideia inicial.

    Como você acompanha as tendências de mudança da moda atual? Como você administra lançamentos sem parar (para cada marca) com oito, dez coleções por ano?

    A velocidade exigida pela moda atual é sem dúvida muito desafiadora, e acredito que desacelerar esse ritmo seria melhor. Minha solução é a continuidade: eu evoluo constantemente no meu próprio compasso, porque as mulheres e homens que eu visto esperam isso de mim, e reinventar tudo a cada estação seria impensável, além de prejudicial.

    A internet revolucionou de verdade o modo como pensamos as roupas. As constantes imagens e culturas em redes sociais como o Instagram e o Tumblr são uma ameaça ou uma oportunidade?

    Diria que são as duas coisas. A ameaça é que tudo é incessante em termos de imagens, o que, a longo prazo, cria um vício. A internet expandiu também nossos horizontes estéticos, permitindo ter associações maravilhosas, quebrando limites e códigos.

    Hoje, ferramentas como o Twitter e o Instagramsão obviamente uma parte integral do pensamento de muitas empresas. É assim também para você?

    Claro! É a maneira como eu faço negócios, por meiodas mídias modernas. Se usadas com sabedoria e moderação, essas ferramentas, bem como todas as redes sociais, são sem dúvida uma grande oportunidade. Mas nós devemos ter cuidado, porque o sucesso na internet é tão fácil quanto efêmero. Deve-se ter sempre substância como base.

    Há algo que a moda de luxo possa aprender com o fast fashion?

    Eu acredito que o chamado fast fashion mudou atualmente o mundo da moda em geral, trazendo um conceito de rapidez e baixo custo. Eu já considerei esse mercado, que é realmente interessante – e não somente por sua política de preços – em 1991, com a A/X Armani Exchange, que não é minha coleção de baixo custo, mas uma verdadeira linha de moda: um total look urbano que tem forte apelo entre os consumidores de 16 anos a 25 anos, baseado na fórmula da moda rápida. A moda de luxo é, ao contrário, um workshop, um lugar em que se pode inventar realmente e explorar grandes formas de trabalho artesanal. É um terreno de testes indispensável para qualquer criador que se preze. Sem isso, não é possível que o fast fashion exista.

    A Emporio Armani trouxe uma proposta das pessoas se vestirem de maneira casual, mas com design, com uma etiqueta de prestígio. Ao que você credita o sucesso da EA, de criar roupas despretensiosas sem ser repetitivas?

    Eu diria que se trata de uma evolução consistente, prestando sempre atenção na sociedade moderna, retendo seus valores fundamentais. Especificamente, uma das últimas novidades é a integração entre roupa esportiva e moda, pensando em um conforto elegante. Tenho trabalhado nisso em diversas estações nas minhas coleções EmporioArmani e estou convencido de que esse é o futuro da moda.

    Quais são os códigos-chave do desenho da Emporio Armani? O que eles significam?

    Dinamismo e espírito metropolitano. A EmporioArmani é uma marca experimental, prática e moderna, que permite a todos interpretar as peças de modo pessoal.

    Se hoje você fosse um novo estilista, começando a carreira hoje, quais estratégias de sucesso usaria?

    Na minha opinião, não há estratégias diferentes de quando comecei. Atrás de tudo isso, deve haver uma visão estilística pessoal e, acima de tudo, paciência. Encontrar seu próprio estilo e tom de voz é crucial, mas se estabelecer leva tempo, determinação e consistência.

    Em 2013, você abriu seu próprio teatro para jovens estilistas, permitindo que eles fossem mais conhecidos. Em qual critério sua escolha é baseada? Você segue de perto a nova geração de estilistas?

    Claro! Trabalhar com jovens talentos é sempre interessante e desafiador. Eu escolho jovens estilistas com base em suas visões estilísticas, que devem ser consistentes e acompanhadas de determinação, mesmo que eles tenham uma pequena diferença de visão da minha.

    Você é um entusiasta do esporte; criou uniformes para times de futebol, é o presidente do time de basquete Olimpia Milão e criou uniformes de todos os atletas italianos da próxima edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016. Como você vê o constante envolvimento das marcas de moda nos esportes, algo que recentemente se tornou significativo?

    Vejo de modo positivo. Posso falar sobre isso por experiência própria e devo dizer que sempre achei interessante trabalhar com o mundo dos esportes, porque se trata de um trabalho complexo – estilisticamente é muito sutil, mas proporciona grande satisfação. Os esportes sempre mandam boas mensagens de compromisso, trabalho duro e em equipe.

    Desde os anos 1980, você vem vestindo celebridades internacionais, de Catherine Deneuve, Sophia Loren e Elizabeth Taylor a LadyGaga. Estou esquecendo de alguém? Há alguém que você sonhe em vestir com suas criações?

    Diria que ao longo da minha carreira tive a chance de vestir incontáveis celebridades. Com muitas delas estabeleci uma sincera amizade, e isso é uma grande satisfação, tão legal quanto ver pessoas comuns nas ruas vestindo minhas criações.

    O segredo de um terno perfeito ainda é o mesmo daquele dos anos 1980, eternizado pelos modelos usados por Richard Gere em Gigolô Americano (1980) e criados por você? 

    Em 35 anos é claro que há mudanças, em termos de silhueta, materiais, tecnologias de manufatura e muito mais. Mas acredito que a base da elegância não mudou, e que é manifestada em um conceito muito simples: se olhar no espelho, conhecer seu corpo e escolher roupas agradáveis com as quais você se sinta bem. Todo o resto são detalhes.

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