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    FFW entrevista Laudomia Pucci, herdeira e diretora da marca italiana
    FFW entrevista Laudomia Pucci, herdeira e diretora da marca italiana
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    DESTACAO-PUCCILaudomia Pucci autografa livro na loja do Cidade Jardim ©Camila Yahn

    Semana passada, Laudomia Pucci, filha de Emilio, herdeira e diretora da marca italiana, esteve no Brasil para lançar a exposição de dez vestidos de “red carpet” que estão à mostra no shopping Cidade Jardim, onde a grife tem uma loja. Ela, que faz sua terceira visita ao país, também autografou o livro gigante “Emilio Pucci”, que levou dois anos e meio para ficar pronto e é uma publicação comemorativa dos 60 anos da grife.

    Laudomia é uma mulher bonita, e conquista pela elegância do gesto, delicado e firme, voz suave, olho no olho e uma risada gostosa. Afinal de contas, ela cresceu como uma princesa (Emilio Pucci era Marquês), cercada por todos os mimos que uma vida aristocrática pode dar. Trabalhar? Ela não precisava e provavelmente nem seus filhos ou os filhos dos filhos. Mas, aos 23 anos, ela terminou a faculdade de Economia e Políticas e começou a atuar na fábrica, ao lado do pai. Acompanhou diversos setores e depois foi para Paris ter uma “experiência a mais” com um amigo da família, Hubert de Givenchy. Quando tinha 28 anos, seu pai faleceu e ela herdou a empresa, que administra até hoje como Diretora de Imagem, mesmo após ter vendido 67% da Pucci para o grupo LVMH, em 2000.

    A primeira coisa que ela me pergunta foi se havia entrado na loja e gostado das peças. Também quer saber a minha idade e conversa como se não houvesse uma fila para falar com ela ao longo da tarde.

    Laudomia tem um glamour do passado, tradicional, mas com perfume contemporâneo. Está na casa dos 50, mas tem um corpo longilíneo e pernas espetaculares, que ficam à mostra já que ela usa um minivestido lilás Pucci, claro. E é dessa forma que ela administra a grife, buscando sempre pela renovação, sem perder a tradição e os ingredientes que tornaram a Pucci a marca preferida de Jackie Kennedy, Sophia Loren e Marilyn Monroe, que foi enterrada usando um vestido Pucci. “Esse tipo de luxo não existe mais hoje. Meu ponto de vista é que antes tudo era muito luxuoso e também não havia tanta competição. Meu pai se chamava de artesão e não de estilista ou designer. Eram outros tempos”, diz Laudomia. Ela acredita que hoje o caminho é ser muito mais criativo e investir em peças especiais. “Você pode conseguir tanta coisa nas lojas de fast fashion, por um preço tão barato! E quando você veste algo especial,  não quer que pareça caro, quer que pareça especial. É a união de criatividade com qualidade que torna uma roupa única”.

    Como uma pessoa que esteve do lado da criação e que hoje participa também da saúde financeira da marca, Laudomia tem uma visão saudável sobre a relação empresa-estilista: “Antigamente, meu pai e Givenchy faziam o que vinha a cabeça e isso era incrível. Eles eram verdadeiros a eles mesmos. Hoje, uma outra pessoa tem que entrar aqui e entender esse legado. Eu procuro não interferir muito. Quando vejo os desenhos, eu posso dizer quando não pertence a gente, quando não é um Pucci, mas às vezes sou surpreendida por coisas que olho e falo: isso poderia ser um Pucci. Essa é uma marca baseada em sua própria herança e temos que ver o quanto os designers conseguem trabalhar com essa herança”.

    E boa parte dessa herança tem a ver com as estampas e a cartela de cores que sacudiram os anos 60 e até hoje são muito importantes no DNA da marca. Mas ela avisa: “o universo das estampas é fundamental, mas a gente não fica estressado com isso. Claro que essas estampas são o que ficam na memória das pessoas porque são surpreendentes, há uma dimensão artística grande em seu design, mas não significa que se você não fizer estampas, você não está fazendo Pucci”.  E para exemplificar, ela pega o livro e mostra um croqui do pai, dos anos 50 sem nada de estampas. E uma foto de Marilyn usando um look monocromático liso. “Nós amamos as estampas, mas a marca não é só isso”.

    De fato, a marca criou um espírito que foi – e é até hoje – reverenciado por muitos estilistas, entre eles Gianni Versace, que olhou para o trabalho de Emilio Pucci para fazer uma coleção com muitas estampas e dourado no final dos anos 80. “Quando parece uma homenagem, ok, tudo bem, mas é triste porque no final das contas, as pessoas não estão construindo algo deles. E é engraçado, porque um dia eu estava mostrando uma foto pra uma pessoa, e alguém falou: ‘nossa, isso é muito Versace e eu disse: não, não, isso é muito o meu pai, nos anos 50. No caso de Gianni, ele pegou uma parte da criatividade do meu pai e deu sua própria interpretação”.

    O acervo é parte importante da história da marca, mas no caso da Pucci, é usado para outros fins, como para produzir catálogos e exposições, além de participar de projetos educativos em faculdades e ficar à disposição de jovens que estão em treinamento na empresa. “Estamos recrutando jovens na China e na Índia para trabalhar na fundação e é importante para eles entenderem a marca e a sua história. Sou muito interessada na educação de jovens e é engraçado porque eles têm que meter a mão na massa. Eles chegam achando que a moda é tão glamorosa e de repente estão lá, com as mãos sujas, suando! Logo você vê se essa pessoa vai durar ou não (risos). Esqueça dos saltos altos e do batom, o trabalho é, na verdade, muito duro”.

    Surge o assunto “mulher brasileira” e ela é só elogios. “São primas não muito distantes das italianas. Têm amor pela vida, vontade de se sentir lindas, são sexy e femininas. E tudo isso corresponde muito com como a gente se relaciona com a nossa marca. As brasileiras não são agressivas e têm uma alegria de viver, apesar de a vida no Brasil ser muito complexa. E eu adoro a palavra gatinha, que transmite tudo isso”.

    Laudomia também é fã de internet e adora xeretar nas redes sociais quando sobra um tempinho. “Adoro social network, acredito muito na internet. Se você não participa, está por fora. É rápido, é dinâmico e eu aprendo tanto, até mesmo sobre minha própria empresa, quando entro na página do Facebook”. Ela também sabe que o mundo real tem que se ajustar às mudanças que vêm com a tecnologia. “Esse é o grande desafio, porque se eu vou no emiliopucci.com, eu vejo as coleções da minha cama, escolho a roupa e compro com um clique. Por que tenho que ir até a loja? Essa é uma ótima questão. Porque a partir daí eu penso em o que eu posso fazer para a loja ser super atraente, super interativa e super cool”.

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