Por Ilane Alves, de Copenhague, em colaboração para o FFW
A temperatura abaixo de zero e a neve que teimava em cair não conseguiram diminuir o ritmo intenso da última edição da semana de moda de Copenhague, que termina sua edição mais longa já produzida. É preciso muito fôlego para acompanhar os desfiles de moda feminina, masculina e infantil que acontecem a cada hora e em locais diferentes espalhados pela capital dinamarquesa.
Mesmo fundamentadas em uma base minimalista e um tanto monocromática (dinamarqueses a-do-ram usar preto, por exemplo), as coleções apresentadas para a temporada de Outono/Inverno 14 provaram que tanto os novos quanto os já renomados designers conseguem trazer, cada qual de forma única, uma moda inovadora e, ao mesmo tempo democrática e acessível.
Abaixo, indicamos as cinco grifes dinamarquesas que você deve prestar atenção:
O desfile mais surpreendente dessa edição do Copenhagen Fashion Week foi, sem dúvida, o da marca Han Kjøbenhavn. Com um cenário inspirado no filme “Ben Hur”, o desfile trouxe fisiculturistas vestidos apenas com sungas pretas pedalando bicicletas brancas que transportavam os modelos pela passarela. Todos usavam máscaras de gás russas dos anos 70, o que dava um ar ainda mais sombrio ao desfile. As peças minimalistas em tons de preto, cinza e azul traziam detalhes modernos e autênticos, como bermudas com comprimento acima do joelho sobrepondo leggings. Jaquetas bomber, ternos compostos por paletós e bermudas, e camisas e suéteres com padronagem gráfica completaram a coleção Outono/Inverno da grife.
Han Kjøbenhavn Inverno 2014 ©Divulgação
Criada em 2008 por Jannik Davidsen e Tim Hancock, Han Kjøbenhavn começou como uma marca de óculos. Passados quase seis anos, a grife não apenas se firmou com peças de eyewear feitas à mão, como investiu na moda masculina, produzindo roupas, calçados e acessórios inspirados nos descoordenados uniformes dinamarqueses usados nos anos 50 e no renomado design da Dinamarca. O rápido crescimento da marca rendeu duas lojas flagship, uma em Copenhague e a outra em Nova York.
É difícil não ter grandes expectativas em relação aos desfiles de Henrik Vibskov, afinal o multifacetado estilista dinamarquês, que também é artista plástico, músico e escultor (ufa!), é um dos mais renomados e talentosos designers da Escandinávia. A criatividade sem limites de Vibskov rendeu, além de muitos prêmios, um lugarzinho cativo no calendário oficial da semana de moda masculina de Paris, sendo o único designer escandinavo com tal posto.
Henrik Vibskov Inverno 2014 ©Divulgação
A ousadia de Vibskov destoa do tradicional minimalismo dinamarquês e a coleção “The Spaghetti Handjob” não fugiu à regra. Desfilando por um cenário com instalações de arte que lembravam longas tiras de espaguetes, modelos vestiam peças de silhuetas nada convencionais e tecidos cortados a laser, incluindo suéteres de tricô coloridos, casacos oversized e chapéus que lembravam capacetes militares. No fim das contas, por maior que seja a expectativa, Vibskov sempre consegue transformar seus desfiles em inesperados e belos shows.
Após dez anos da criação de sua marca homônima, a estilista Malene Birger reina soberana no mundo fashion dinamarquês. Entre os súditos da grife, até a realeza do país se rendeu às peças simples com toques de sofisticação e elegância. Famosa também internacionalmente, as coleções de Malene Birger são vendidas em mais de 40 países. Além disso, a marca possui lojas flagship em Copenhague, Estocolmo e Tóquio.
Pouco antes do início dessa última semana de moda, uma surpresa: a estilista resolveu passar a coroa para a então diretora de design da marca, Christina Exsteen. O próximo projeto da estilista será a grife Birger 1962, cujo foco será arte e design de interiores. Vale a pena ficar de olho.
Malene Birger Inverno 2014 ©Divulgação
Já responsável pela coleção Outono/Inverno 14, nomeada ‘All that Jazz’, Christina Exsteen manteve o estilo e o forte apelo comercial da marca trazendo um pouco de tudo: sobreposição, paetê, tricô, animal print, cores amenas, couro imitando pele de crocodilo e peças oversized. Pode até soar confuso, mas no fim essa misturada toda deu certo.
Se você não conhecia o trabalho da estilista, sugiro ficar atento daqui pra frente. Assim como Henrik Vibskov, Anne Sofie Madsen ganha cada vez mais reconhecimento internacional por misturar o tradicional design dinamarquês com técnicas e aplicações avant-garde. Além de ter trabalhado com Alexander McQueen e John Galliano, Anne Sofie estreou sua coleção inspirada na alta-costura durante a semana de moda de Londres de 2010.
Anne Sofie Madsen Inverno 2014 ©Divulgação
Em “A journey that wasn’t”, a estilista misturou elementos industriais e o medo do fim do milênio e recriou icebergs em peças de couro. As roupas nada convencionais feitas à mão combinavam jaquetas de couro com neoprene, peles de raposa, marta e guaxinim, resultado da parceria da estilista com a grife Kopenhagen Fur e com a marca de calçados ECCO. Para completar, joias feitas à mão da designer Trine Tuxen e grandes capacetes de pele criados por Søren Bach.
A coleção “Les fragments bel esemble”, inspirada nos trabalhos dos escultores Constantin Brancusi e Ruby Sky Stiler, trouxe peças de alfaiataria com cortes e formatos inovadores harmonizados com mangas bufantes e estampas. Sempre presente nas peças de Stine Goya, o dourado veio acompanhado de tons pastel combinados com magenta e o mesmo azul royal que tomou conta do cenário montado para o desfile.
Stine Goya Inverno 2014 ©Divulgação
As roupas criadas pela estilista dinamarquesa enaltecem o corpo feminino e procuram acrescentar autenticidade e personalidade à vida cotidiana. Aclamada internacionalmente, as coleções elegantes e minimalistas da grife são revendidas em mais de 90 lojas espalhadas pelo mundo.