FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Conheça o ex-economista por trás de uma das novas marcas-aposta do mercado
    Conheça o ex-economista por trás de uma das novas marcas-aposta do mercado
    POR Redação

    Eduardo Mahfuz Toldi no estúdio da Egrey, em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW

    Eduardo Mahfuz Toldi, 27, nasceu em São Paulo, onde vive ainda hoje. Ele se graduou em Economia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), mas após um período no mercado financeiro, voltou a trabalhar na confecção de tricô de sua mãe e a reestruturou por completo. Em 2011, fundou a Egrey, marca de essência cosmopolita e aposta da matéria “Nova Brasilidade”, publicada na 33ª edição da “ffwMAG!”.

    Em janeiro, conversamos com Eduardo no estúdio da Egrey, localizado na movimentada Rua Augusta, e lá ele contou sobre como se envolveu com moda, de onde veio o desejo de criar sua própria marca e como é produzir no Brasil. Assim como fizemos anteriormente com Vitorino Campos, disponibilizamos agora a entrevista na íntegra; confira:

    Como foi a mudança da Economia para o mercado de moda?

    Minha mãe sempre teve uma confecção exclusivamente de tricô, que já deve ter uns 30 anos. Antes de trabalhar no mercado financeiro, eu já trabalhava com ela desde os 15 e ajudava no desenvolvimento e na criação. Quando eu tinha uns 18 ou 19 anos, comecei a fazer faculdade e estágio, então acabei deixando, mas tinha muita vontade de abrir a minha marca e poder me expressar, tirar todo o universo criativo que eu tinha latente e transformá-lo em realidade.

    Voltei para a confecção da minha mãe, mas não tinha capital, porque é muito caro, você tem que fazer todo o desenvolvimento, ter estoque, etc. Então entrei na confecção, também porque a minha mãe estava pensando em pará-la e estava com uma produção baixíssima, e dei um boom nela, as vendas cresceram 2000%, tive que trabalhar com recursos emprestados de banco, fiz o negócio girar e quando se estabilizou, depois de um ano e meio,  criei a Egrey, que é toda financiada por esses recursos que eu consegui gerar lá.

    Looks da coleção de Outono/Inverno 2013 da Egrey ©Reprodução

    A marca é, hoje em dia, 70% tricô; de restante, temos outras linhas com seda, tecido plano, malha, o que, inclusive, começou agora, com a coleção de Outono/Inverno 2013. Antes, a Egrey era exclusivamente de tricô, acho que o tricô em si só é muito rico, tem um universo enorme para ser explorado, mas eu acreditava que para atingir o conceito da marca precisávamos de outras matérias.

    Você pretende participar de algum evento de moda nacional?

    Acho que neste momento desfile não é uma prioridade. Estamos focados no aperfeiçoamento da marca, melhorar a qualidade das peças, aumentar os pontos de venda, acho que é muito mais complexo, não é só simplesmente chegar e fazer um desfile. O investimento tem que ser proporcional ao momento da marca.

    A Egrey é só vendida em multimarcas? Quantas multimarcas e onde elas se localizam?

    Nesta terceira coleção estamos com 40 pontos de venda, todas multimarcas, temos apenas essa pronta-entrega e tiramos pedidos durante os showrooms. Os principais mercados da Egrey são Rio de Janeiro e São Paulo, porque tem mais a ver com a nossa roupa mesmo, que é para o cotidiano, para mulheres que trabalham, têm filhos, são urbanas. Exportamos também para o Japão, fizemos recentemente uma ótima venda para o [francês] Bon Marché e vendemos bastante bem para Minas Gerais e Brasília.

    Entre as multimarcas, posso citar a Dona Coisa, no Rio de Janeiro, que é uma grande apoiadora desde a primeira coleção, a SUB, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo. O site OQVESTIR é um bom cliente, assim como o Gallerist.

    Looks da coleção de Primavera/Verão 2013 da Egrey ©Reprodução

    Quantas pessoas trabalham na marca hoje?

    Diretamente, oito. A gente não produz quase nada internamente, é tudo terceirizado.

    A expertise da marca é mesmo o tricô?

    Como eu te disse, eu cresci no meio do tricô. Antes de eu nascer, minha mãe já fazia tricô, então para mim é natural. O tricô é muito rico, você cria planos, você pode criar novas texturas, formas, pesos, tudo, afinal você cria o tecido. O universo do tricô é muito amplo, é infinito e é isso que me encanta nele.

    De que forma ser brasileiro influencia diretamente a sua criação?

    Eu sinto muito [a influência de ser brasileiro no processo criativo]. Como a roupa da Egrey é para o cotidiano, eu olho muito ao redor. É claro que a mulher que veste Egrey poderia estar em qualquer metrópole do mundo, mas acho que a mulher brasileira tem uma sensualidade, tem uma silhueta diferente, ela gosta de cor. Eu, no entanto, não utilizo muitas referências folclóricas. A influência de ser brasileiro, no meu caso, é olhar o que as pessoas estão usando na rua.

    Como você enxerga o mercado de moda nacional?

    É um grande desafio, mas não acredito em uma moda em que você não consiga unir criatividade com o mercado que você quer atingir. Não adianta ter uma super criatividade e fazer uma silhueta que não veste o mercado que você atende. Moda é uma busca de equilíbrio. O mercado, aqui no Brasil, é muito amplo, já começa pelo clima, você tem do Sul ao Norte, então há frio e calor, tons de pele diferentes, é tudo tão rico que não dá para julgá-lo como um todo.

    A parte de produção é complexa. Falta mão de obra e a que se encontra é cara, falta matéria-prima de origem natural, nós temos recursos, mas eles talvez não sejam bem explorados, talvez seja uma questão tributária ou logística. Não sei se também não falta inovação nas pessoas.

    Tento trabalhar com o que é produzido no Brasil, só que vejo que a maioria dos materiais é importada, uso muito fio que vem da Índia e do Peru.

    Looks da coleção de Outono/Inverno 2012 da Egrey ©Reprodução

    Como você sente a chegada das marcas estrangeiras no Brasil?

    Eu não sinto muito a concorrência por causa da confecção da minha mãe que, mesmo hoje em dia sendo terceirizada, possibilita uma parceria muito grande com os fornecedores, são oficinas que produzem praticamente só para a Egrey. E também, como uma marca entrante no mercado, há muito mercado em potencial para ser explorado, é um longo caminho, sem contar que o meu ticket médio é abaixo dos R$ 500.

    Mas acho muito importante para o mercado [a vinda das marcas estrangeiras], porque elas trazem outra exigência de qualidade e produtos que agregam muito design e inovação. Isso pode ser benéfico, mas também um banho de água fria.

    Qual é a essência da consumidora da Egrey?

    Ela tem um cotidiano agitado, quer dizer, ela trabalha, viaja, não é regional. O minimalismo está presente através do meu gosto; a mulher que consome a marca é polida, sofisticada e urbana.

    Qual a média de preços da marca?

    A média é R$ 400. 70% das vendas vêm de peças até R$ 500. A nossa peça mais cara custa cerca de R$ 1.600.

    Quais os seus próximos passos para a marca?

    Expressar o universo criativo inerente à marca e me comunicar com o público, seja através do varejo ou da ampliação no atacado, aumentar o mix de produtos e introduzir o masculino, que é uma grande vontade minha. Mas acho que o feminino ainda tem tanto para crescer que é um passo atrás do outro. E, claro, abrir lojas, começando por São Paulo e Rio de Janeiro, só que é um processo orgânico, tudo é orgânico aqui, até o financiamento.

    Qual o peso da internet para o crescimento da Egrey?

    A internet é muito forte, grande parte das nossas vendas é feita online. É um mercado novo e que talvez esteja crescendo muito pelo Brasil ser tão grande, e os jovens têm muito acesso. Nós temos uma página no Facebook e um blog, mas por enquanto não penso em fazer um e-commerce.

    Eduardo Mahfuz Toldi no estúdio da Egrey, em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW

    Quais as suas principais referências e inspirações?

    Meu processo criativo é muito orgânico, é tudo o que faço no meu cotidiano, desde andar na rua Augusta, em São Paulo, até as exposições que frequento; enfim, tudo o que eu participo e vejo no dia-a-dia. E gosto muito de cinema, posso citar [Michelangelo] Antonioni, [Stanley] Kubrick e [Bernardo] Bertolucci, são referências boas.

    A próxima coleção, por exemplo, tem um clima de anos 1970, com uma silhueta de 1920 e uma mistura com filmes recentes que eu vi. São muitas referências, é até difícil juntá-las, mas é isso mesmo que eu gosto.

    De design de moda, admiro [Yves] Saint Laurent, gosto muito do [Azzedine] Alaïa, que faz muito bem tricô, e da Miuccia Prada. E no Brasil, Pedro Lourenço, sem dúvidas. Sem contar a Glória [Coelho] e o Reinaldo [Lourenço], que fazem um trabalho incrível.

    Não deixe de ver
    Alessandro Michelle está indo para a Valentino: marca confirma novo diretor criativo
    Moda e comida estão cada vez mais juntas
    Os tênis de corrida preferidos de quem pratica o esporte – e dos fãs da peça em si
    Evento da Nike x Survival na Guadalupe Store termina em confusão e feridos
    Está todo mundo correndo? Como a corrida se tornou o esporte que mais atrai praticantes
    Lollapalooza 2024: os looks dos artistas
    Hailey Bieber na nova campanha da Fila, a possível venda da Rare Beauty, de Selena Gomez, a mudança do nome do tênis Vert no Brasil e muito mais
    Pierpaolo Piccioli está de saída da Valentino
    O estilo de Olivia Rodrigo: De garotinha a alt-punk
    Os looks de festival de Kate Moss para se inspirar