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    Direto de Milão: tudo sobre o desfile da Prada e a sua nova relação com o Brasil
    Direto de Milão: tudo sobre o desfile da Prada e a sua nova relação com o Brasil
    POR Redação

    por Juliana Lopes, de Milão

    Prada e o Brasil, finalmente

    Movimentação na porta do desfile Verão 2013 da Prada ©Juliana Lopes/FFW

    Fashionistas na porta se aglomerando. Gente sem convite tentando entrar. Personagens e suas performances de sempre: Anna Dello Russo, praticamente desfilando seu look nas ruas, enquanto uma horda de fotógrafos clica cada passo. Anna Wintour, que chega “escondida” com seu corte chanel impecável e seus óculos escuros, acompanhada de dois seguranças (ela sempre entra antes). Brian Boy fazendo pose de importante e exibindo seu inglês com sotaque enquanto fuma no meio da multidão. Fila da imprensa, fila de quem não tem lugar pra sentar. A moda muda a cada estação, mas o mundo da moda parece sempre funcionar da mesma forma.

    Tim Blanks, do Style.com, esperando para entrar no desfile da Prada ©Juliana Lopes/FFW

    Mas para nós, não. Porque com a enxurrada de marcas de luxo invadindo o Brasil, inclui-se a chegada da Prada, e a mídia local finalmente tem acesso a um desfile que já foi batalhado por muitos, e visto por poucos. Nem mesmo veículos da importância da Folha de S.Paulo foram convidados em anos e anos de cobertura da moda italiana. No máximo, na suadeira, via-se o re-see, a apresentação no show room que acontece a partir do dia seguinte. FFW acompanhou um re-see na temporada passada, antes mesmo da Prada ser representada aqui. Tudo através de conversas com os PRs italianos da marca, tentando explicar a importância do veículo.

    Neste ano a diferença é saber que, embora poucos, os jornalistas brasileiros estavam lá. Uns cinco, seis. Escolhidos a dedo, mas escolhidos. Não são melhores ou piores do que os outros no passado que não puderam ver uma das mais importantes grifes do mundo. O contexto social por trás disso sabe-se bem: o Brasil como foco no consumo mundial. Mas por que é importante ver o desfile da Prada? Este primeiro porque mostra uma entrada histórica do Brasil no mundo do luxo. Para quem quer consumir, é a hora de consumir. Para quem trabalha no meio, é mais um modo de poder conhecer e vivenciar a verdadeira moda, feita com conceito, com cuidado. Atrás de uma label deste peso, existe um trabalho muito sério, tradicional, arrojado, disciplinado. Uma marca que, como as outras deste nível, não nasceu apenas com puro marketing, mas com estudo, expertise e suor. E poder assistir a isso de perto nos abre uma ótima oportunidade de refletir sobre nossos próprios caminhos na indústria criativa.

    O convite para o desfile Verão 2013 da Prada ©Juliana Lopes/FFW

    O desfile – A perfeita subversão de Miuccia Prada

    Quem acompanhou a coleção passada lançada por Miuccia Prada muito provavelmente teve alguns insights interessantes durante o desfile de hoje. A modelagem geométrica que ficou marcada especialmente pelo efeito envelope continuou evoluindo. Como se fosse uma continuação, mas num episódio totalmente novo. Menos mix de cores, menos estampas cobrindo o look inteiro, ficou pra trás aquela impressão de parede de azulejos. Agora vimos mais juventude, mais ironia nessa nova mulher apresentada por Prada. Mais frescor, ainda que transmitindo um ar intelectual. Mais peças em tons lisos e estampas pontuais. Miuccia sabe colocar sua bandeirinha num novo território. Sem negar o que aconteceu antes, apenas reconhecendo que aquilo morreu e é preciso andar pra frente (mesmo porque depois muitas outras marcas virão atrás, mas Miuccia, que corre mais rápido, já vai estar em outro lugar).

    Desfile Verão 2013 da Prada na semana de moda de Milão ©Juliana Lopes/FFW

    Como se a equipe de criação da Prada tivesse sentado numa mesa redonda com cada peça da coleção passada perguntando: “E cada uma dessas, numa metamorfose, que coisa viraria?”. A transformação foi total: o longo virou mini, o estampado virou liso, o que era capa virou quimono, os cabelos compridos ficaram curtos, a aristocracia voltou a ser nerd. Antes, vimos capas-envelope inteiras, até o tornozelo. Agora são as sainhas envelopes, camisas, jaquetinhas curtas. Que fecham sem zíper nem costura aparente, em diagonais que abrem em linhas infinitas. Como se as fendas criassem vida autônoma e começassem por si só a rasgar tudo, virar de cabeça pra baixo, cair pra baixo dos ombros. Como se as fendas ficassem “loucas” e fossem para todos os lados. Mas nada, absolutamente nada caótico, extremamente sob o controle de um design pensado e milimetricamente medido no corpo da mulher. É por isso, por isso que Prada surpreende quem se concentra para entender, e agrada também quem não se concentra, mas sente que existe algo ali que faz com que aquela roupa seja “diferente” das outras.

    As fendas e o efeito quimono chegaram num ponto em que o japonismo não pôde mais ser negado. E fica difícil saber quem veio primeiro, se a vestimenta japonesa foi um ponto de partida ou uma consequência inevitável. Qualquer que seja a resposta, a influência foi assumida, descaradamente sobretudo nos sapatos. Miuccia Prada transformou as sandálias de gueixa (chamadas Okobo), de dedos, com sola altíssima de madeira, em sapatos de moda. Sneakers, sandálias, plataformas altíssimas, com meias, como se usa na tradição japonesa. Nessa peça se reconhece imediatamente a tendência. Mas totalmente subvertida, como sempre é a Prada, que subverte o que vê em torno, e subverte a si mesma.

    + Acompanhe aqui as fotos dos principais desfiles da semana de moda de Milão Verão 2013

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