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    Direto da “Mag!”: quatro jovens marcas brasileiras com pés, cabeça, alma e coração
    Direto da “Mag!”: quatro jovens marcas brasileiras com pés, cabeça, alma e coração
    POR Redação

    O FFW tem um caderno impresso publicado junto à “ffwMag!”. Leia abaixo a reportagem publicada na edição 34 da revista, já nas bancas:

    Apresentamos nas próximas páginas os bastidores de quatro jovens marcas brasileiras e seus respectivos criadores, todos representantes de uma nova geração de empresários que enxergam a moda como um pacote completo de criatividade, conceito e gestão. Por trás da Cotton Project, Dercanvas, Skull e Svetlana, existem pessoas com olhares e propostas muito diversificados, mas que, em comum, identificaram uma demanda do mercado e souberam aproveitar a oportunidade de lançar um negócio com potencial criativo e mercadológico. Conheça as suas histórias:

    DERCANVAS

    Stef Bacon e Futoshi Nakayama, da Dercanvas ©Ricardo Toscani

    O plano inicial era desenvolver uma parceria temporária para participar de uma competição europeia de moda, ganhar o prêmio, dividir o dinheiro e ir cada um para o seu canto, mas Futoshi Nakayama e Stef Bacon acabaram criando juntos a Dercanvas, marca de venda online que investe no conceito de básico com design, para eles e para elas, buscando o desenvolvimento de uma identidade paulistana. “O Rio tem uma identidade de estilo, Nova York também; como São Paulo não tem, sendo que ela é a capital da moda na América Latina?”, questiona Futoshi, explicando o mote criativo da empresa.

    A São Paulo cosmopolita e multicultural é o cerne da Dercanvas, ela própria uma representante do melting pot que é a capital paulista: Futoshi, de ascendência japonesa, nascido em Santa Catarina, e Stef, filha de pai britânico e mãe austríaca, nascida em Barcelona, se conhecerem quando ambos trabalhavam em Tóquio. Futoshi foi o primeiro a retornar ao Brasil; poucos meses depois, em março de 2010, foi a vez de Stef chegar ao país. Após o reencontro, o vislumbre do prêmio europeu e o debate sobre o futuro de ambos, eles decidiram começar um empreendimento conjunto e assim nasceu a Dercanvas.

    “A gente queria fazer um milhão de coisas, mas fomos focando. Por isso que começamos três anos atrás; fizemos muita pesquisa na parte de conceito, porque queríamos que a marca tivesse pés, cabeça, alma e coração”, afirma Stef. O escritório/ateliê foi o primeiro a ser definido: um apartamento em Pinheiros com ampla vista da cidade. A identidade visual foi desenvolvida por um amigo alemão de Stef, que ela conheceu em seu intercâmbio em Berlim; sem dinheiro para paga-lo formalmente, a dupla financiou a vinda do designer, porque “achamos muito importante ele entender, ver, sentir São Paulo”, ela explica.

    O ateliê da Dercanvas ©Ricardo Toscani

    Hoje, apesar de ter acabado de lançar sua primeira coleção como Dercanvas, a marca já conta com gente no financeiro, marketing e comercial, mas a fase de planejamento foi difícil: “Passamos pelo ‘orgânico’, sabe? Não funciona. Quando você compete com todo mundo em todos os aspectos, tem que saber pra onde vai, ter um plano A e B pra tudo. É muito difícil ir organicamente. Passamos por problemas de ter que parar seis meses”, afirma Futoshi, para explicar que, apesar de tudo, o choque foi “essencial”: “Eu e a Stef fizemos todo o processo da marca. A gente desenhou, produziu, comunicou; quando vendeu, vimos que já tínhamos que estar desenhando o outro! Foi quando paramos e falamos: ‘Tem que ter um planejamento, uma equipe’”. “Fui ao Sebrae trezentas vezes: ‘Eu não estou entendendo, você tem que me explicar!’. Apanhamos bastante, mas fomos atrás, porque se não entendemos o nosso negócio, como vamos contratar pessoas e explicar como trabalhar com a gente?”, diz Stef.

    O planejamento da Dercanvas prevê o investimento somado de 500 mil reais para os primeiros três anos, com a expectativa de que o lucro comece a surgir na terceira coleção. Entre os planos da marca está a abertura de uma loja física — mas só daqui a três anos. Enquanto isso, os estilistas investem na apresentação das peças no seu bem feito e-commerce, cujas fotos são todas clicadas no próprio ateliê; e no desenvolvimento de uma identidade própria. “Sinto que muita gente faz pesquisa na H&M, sabe? Por que tem que correr atrás de tendência? Porque não construiu uma imagem que cria desejo. Chega uma hora que o comercial vai cruzar com o conceito, e o seu conceito só vai vender se você tem um histórico e as pessoas entendem o que você faz”, opina Futoshi.

    + Rua Teodoro Sampaio, 2393, cj. 122, Pinheiros, São Paulo
    dercanvas.com

    COTTON PROJECT

    Guilherme Neves e Rafael Varandas, da Cotton Project ©Ricardo Toscani

    A Cotton Project surgiu em 2008 como uma brincadeira entre dois amigos, mas a partir do momento em que eles decidiram levar as coisas a sério, a empresa deslanchou. Criada por Rafael Varandas e Guilherme Neves, a marca masculina paga as próprias contas desde a sua primeira coleção (hoje está na quarta), tem agora sociedade e consultoria de Rony Rodrigues, fundador da Box 1824, possui loja física e online, é vendida em multimarcas importantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e se prepara para abrir novos pontos de venda nas três cidades.

    “Em 2011, decidimos tocar a empresa de forma séria; em 2012, começamos a receber propostas, e chamei o Rony Rodrigues, com quem eu já trabalhava, como uma forma de ter uma nova visão pra caminhos que a marca poderia ou não seguir”, Rafael explica. Rony comprou uma parte pequena da sociedade, e os três se reúnem periodicamente para discutir estratégias: “Por ser sócio de várias empresas, ele tem uma experiência maior em compra e venda e entrada de sócios e investidores”, diz Rafael.

    A Cotton Project, no entanto, pretende manter-se o mais autônoma possível, e a entrada de novos sócios “seria apenas pra suprir alguma necessidade”. Para a próxima coleção, que será significantemente maior que a anterior, a marca precisará de investimento externo pra aumentar o capital de giro, mas Rafael afirma que as opções são o próprio Rony e investidores privados — nenhuma empresa ou setor financeiro, apesar de existirem propostas: “O maior problema de marca pequena é montar um capital de giro e continuar independente; essa é a magia”.

    A loja da Cotton Project ©Ricardo Toscani

    Ele conta que a Cotton Project se paga e dá lucro desde a primeira coleção, lançada com cerca de 50 mil reais de cada sócio, mas que “existe um reinvestimento; se a gente parasse de reinvestir e ficasse nessa troca pequena, poderíamos começar a tirar dinheiro, mas como queremos abrir mais uma loja, o lucro dessa coleção vai ser reinvestido”. “Acho muito importante desde o começo ter os seus números alinhados”, ele acrescenta, porque “muita gente vai pra criatividade e depois de duas coleções não está tão bem. É essencial saber os números que você tem que alcançar no fim do mês e saber pra onde quer ir”.

    “Um erro muito comum em marca nova é o preço, que nem sempre justifica o custo. Você vê empresas pequenas cobrando barato, falando que as grandes são careiras. Mas elas se esquecem de embutir o custo total de operação. Isso é um erro básico que cometemos no começo: a gente pegava o custo e multiplicava por dois; não sabíamos de margem de revendedor, de distribuição, de imposto”.

    Rafael destaca ainda a filosofia independente e “mão na massa” da Cotton Project, cujos sócios fundadores fazem de tudo: criam, programam o site, fazem assessoria de imprensa, pintam a parede: “A loja fui eu que desenhei, é tudo muito simples, mas é um simples que tem a ver. Tem que botar tudo no custo, ter noção do seu tamanho, não pode ter vergonha disso. Tem gente que quer ter o arquiteto mais foda pra fazer a casa, já chega fazendo um coquetel de abertura enorme, aluga uma super loja; nós não quisemos dar um passo maior que a perna. É aquele lance de saber quem você é. Tentamos não desperdiçar”.

    + Rua da Consolação, 3443, Jardins, São Paulo
    + cottonproject.com.br
    *A “ffwMAG!” agradece à Galeria Vermelho (galeriavermelho.com.br)

    SVETLANA

    Mariana Iacia, da Svetlana ©Karen Ituarte

    Apesar de ter parado de consumir carne aos 18 anos, foi só durante um estágio na grife Stella McCartney, em Nova York, que Mariana Iacia, 24, teve a visão de como aplicar à moda os conceitos do vegetarianismo e veganismo, abandonando de vez o uso de produtos como couro, além de itens menos obviamente derivados da exploração de animais, como a seda. “Aprendi muito sobre material, sobre criar pra esse estilo de vida, e quando voltei pra cá decidi abrir uma marca vegana. Quando cheguei, vi que não há ainda muitas empresas que tenham esse lado sustentável e que sejam modernas. Criei a Svetlana, que tem uma parte mais sustentável, de não usar nada de animal, com um lado contemporâneo muito forte”, ela explica.

    O trabalho na Stella McCartney foi a primeira experiência em criação de Mariana, formada em Desenho Industrial e até então com passagens somente pelas áreas de administração, atacado, varejo e marketing. Mas a Svetlana lançou sua primeira coleção no fim de 2012 com um investimento de cerca de R$ 15 mil e agora, em sua terceira temporada, já parece ter caído no gosto do público – ela conta que neste Inverno 2013 a produção inicial de 300 peças acabou praticamente no dia do lançamento: “Eu não estava esperando, achei que as pessoas não conhecessem a marca ainda. Eu nem imaginava, e estou tendo que aumentar a produção; agora pro Verão vou fazer o dobro ou mais”.

    O ateliê da Svetlana ©Karen Ituarte

    O que será uma nova fase para a empresária, já que a produção é justamente o setor em que ela afirma ter mais dificuldade: “Você quer pagar as fábricas e elas não aceitam, porque acham que a quantidade não é grande. Às vezes até tento conversar, porque algumas marcas maiores estão fazendo tudo na China e há fábricas aqui no Rio de Janeiro, em Petrópolis, principalmente, que faliram, demitiram um monte de gente. Já disse que pelo menos é algum trabalho, e mesmo assim é difícil convencer. Uma vez aceitaram, mas fiquei pra depois — atrasaram a minha produção porque a outra marca era mais importante, ganhava mais dinheiro”.

    Por enquanto, Mariana cuida sozinha de todos os aspectos da empresa, mas diz estar procurando alguém para a parte administrativa: “Eu quero crescer a marca, contratar alguém pra me ajudar, mas tenho que ir aos poucos, porque como tenho que tomar ciência de todas as etapas, preciso estar ali; não tem como crescer muito e eu não participar disso. Por a marca ser vegana, você tem que controlar todas as etapas de produção, ter muita noção do que está fazendo, do material que está comprando. Há um pouco de restrição de cores, ou processos de estamparia… Pro que eu proponho no momento, tem opção, é só procurar — só que às vezes é mais caro”.

    Os planos da marca envolvem o lançamento de uma loja virtual até 2014; enquanto isso, a Svetlana pode ser encontrada nas multimarcas cariocas Dona Coisa e Sala de Estar, abraçando todo tipo de público. “Vejo que algumas marcas com esse conceito de não usar nada de animal são mais agressivas, tipo ‘odeio quem usa!’. A minha postura é muito convidativa; ela tem esse lado vegano, mas a maioria das pessoas que consome não é. Acho legal, muita gente vem me falar que nunca tinha pensado nisso, e que vai parar de usar certas coisas. Vou conscientizando as pessoas, por mais que a maioria não tenha essa filosofia também”.

    akasvetlana.com

    SKULL

    Angelica Mantuan e David Pimentel, da Skull ©Ricardo Toscani

    Entrar no ateliê da Skull no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, é ser recebido com a exclusividade normalmente associada a pomposas marcas de luxo, mas com a descontração e familiaridade da casa de um amigo querido. Desde que se estabeleceu nesse endereço, há cerca de um ano, o casal Angelica Mantuan e David Pimentel recebe pessoalmente seus clientes com dedicada atenção – e não se enxerga praticando outro tipo de serviço.

    A Skull foi criada no fim de 2010 “como uma necessidade de fazer outra coisa” pelos então modelos, que tinham vontade de enveredar por novas atividades: Angelica já era formada em Publicidade e David cursava o primeiro ano de Artes Plásticas e trabalhava como tatuador quando ele desenhou alguns acessórios a pedido de uma amiga que ia abrir uma marca. O projeto não decolou e o casal, com os desenhos na mão, decidiu ir atrás. “Foi super autodidata, procurando, tentando fazer, quebrando a cara, e acabou que deu certo”, afirma Angelica.

    No começo, quando a dupla ainda aprendia sobre o processo de ourivesaria “indo às oficinas, lendo livro, vendo tutorial no youtube e pesquisando na internet”, segundo David, a produção era terceirizada; mas o casal sentia a necessidade de fazer as coisas com as próprias mãos, e conseguiu um espaço temporário com fundição para fabricar tudo do zero. Recentemente, a Skull voltou a terceirizar a fundição, mas ainda desenha, elabora, esculpe, dá o acabamento e faz a montagem de cada peça – o que a marca acredita ser um dos seus diferenciais.

    O ateliê da Skull ©Ricardo Toscani

    “A intenção era fazer alguma coisa diferente, algo que a gente não achasse aqui. Eu sentia muito que no Brasil era sempre a mesma coisa, aquele tipo de acessório… e acho que acabou se tornando um diferencial da marca exatamente isso, a pegada manual da peça, de ter um estilo verdadeiro, sem ser em massa”, opina Angelica. “Viemos sem base nenhuma, amadores, e aprendemos a ver o que criamos com uma pessoa muito importante pra gente, o Dudu Bertholini”, diz David; “Ele falou: ‘Sabe o que vocês estão fazendo? Vocês estão misturando todas as tribos — o punk, o gay, a moda street, o gótico, o romântico’. Com essa luz que ele deu, agora nas nossas campanhas tentamos sempre mesclar tudo isso, então criou-se uma identidade forte”.

    O investimento inicial da marca foram os 10 mil reais gastos na compra dos equipamentos, mas David afirma que o negócio está melhor do que nunca: “Tivemos um ibope orgânico, no boca a boca, e isso foi fortalecendo a marca. A gente fez a fanpage, e hoje vamos fazer 20 mil seguidores. E não investimos nada no marketing. Começamos a pesquisar a parte comercial, e vimos que não adianta pagar o Google, porque não precisa — já temos dez páginas anexadas em busca orgânica, de tanto que a galera fala e reposta”.

    Fora uma pessoa que ajuda no acabamento das peças, Angelica e David fazem tudo sozinhos: criação, administração, assessoria, divulgação, still das fotos do site. “Eu espero daqui a 40 anos olhar e ter a Skull com uns quatro artesãos, como uma coisa meio tradicional, porque é isso que a gente começou a fazer sem querer, era essa a ideia, e pretendo que fique pra sempre dessa maneira”, diz Angelica, apesar das propostas comerciais já recebidas, “que seriam um upgrade que faria a Skull virar outro negócio”, segundo David. “Uma coisa que o Dudu fala que eu acho interessante é que não é a peça — é a história, é o jeito como é feito; isso é uma coisa que você não pode perder nunca, e eu tento não perder”, fecha Angelica.

    + Rua Quintana, 717, Itaim Bibi, São Paulo
    + skullonline.com

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