Foto da série “Somewhere Place” ©Reprodução Ryan McGinley

O americano Ryan McGinley, 34, é um dos fotógrafos mais instigantes de sua geração. Seu trabalho é muito relacionado ao de Nan Goldin e Larry Clark, por conta do panorama que ele faz da juventude, de uma forma crua e real. Porém, muito do trabalho de Larry e Goldin mostra o lado trágico e perdido da juventude, com referências à violência e ao uso pesado de drogas. As fotos de Ryan são reais, mas têm poesia, humor e aventura, no melhor sentido da palavra, aquela que não leva a mal algum.

Seu mais novo trabalho, “Somewhere Place”, está exposto até o dia 9 de maio na galeria Gabriel Rolt, em Amsterdã.

“Eric”, de 2004 ©Reprodução Ryan McGinley

Olha que divertido: McGinley viaja com um bando de amigos para um lugar no meio da natureza, chegando lá todos tiram a roupa e vão explorar o local. E ele registra tudo: os mergulhos, os beijos, as brincadeiras e o que mais a turma fizer, de subir em uma árvore a pedir uma carona na estrada. Nus, claro. Em uma entrevista ao site “Dazed Digital”, Ryan diz: “Gosto de fotografar nus porque são atemporais. Eles existem além do tempo e além da moda”. Depois dessas experiências in natura, ele começou a fotografar nus também em estúdio.

Apesar de ter começado no cenário artístico underground novaiorquino, o fotógrafo tem flertado com a moda. O frescor de seu trabalho, junto com as amizades de Sofia Coppola e Marc Jacobs, rendeu um interesse por parte de marcas e publicações de moda, que o convidam para fotografar campanhas e projetos especiais. Para Ryan, a moda é apolítica. “E quando tenta ser política, pode parecer falsa, pois no final estão sempre tentando te vender algo. Há exceções, como Stella McCartney, que não usa couro ou pele. Esse é um ótimo exemplo de como incorporar sua visão política na moda”.

A foto “Dakota Hair”, de 2004, capa da “Foam” ©Reprodução Ryan McGinley

O fato é que não tem como não se deixar seduzir pelas imagens – ou pelo universo – de McGinley. Uma de suas fotos mais especiais ganhou a capa da “Foam”, publicação do Museu de Fotografia de Amsterdã. E apesar de a gente perceber referências e inspirações de outros profissionais em seu trabalho, Ryan conseguiu criar uma linguagem que faz as pessoas se apaixonarem pela foto, isso quando não querem estar lá, naquele descampado, com aquele bando de pelados. São situações de vida real, mas não rotineiras, o que dá um gosto mais empolgante ainda. Ajuda que os amigos em questão são jovens, bonitos e tem aquele espírito de liberdade correndo na veia.

“Bathtub”, de 2004 ©Reprodução Ryan McGinley

Ryan começou a fotografar com 21 anos e frequentava o underground de Nova York. No início dos anos 2000, andava com Dan Colen e Dash Snow, artistas do circuito alternativo, que também inspiraram seu trabalho. Dash morreu em 2009, aos 28 anos, suportamente por conta de uma overdose de drogas.

Na galeria abaixo você pode ver um panorama da obra de Ryan McGinley, que inclui projetos com a cantora M.I.A, a atriz Tilda Swinton e a modelo Kate Moss. Não, elas não estão peladas, mas de qualquer forma, fica aqui o recado do fotógrafo: “Tenho obssessão pelo corpo humano. Se você está nu, tem minha total atenção”.