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    Como funciona uma grande tecelagem? Veja reportagem aqui
    Como funciona uma grande tecelagem? Veja reportagem aqui
    POR Camila Yahn

    Uma das máquinas que transformam fios em rolos de tecidos ©Juliana Knobel/FFW

    Com os avanços tecnológicos, os tecidos viraram uma prova à parte para a imprensa especializada. Muitas misturas de materiais e uma constante leva de novidades fazem com que nós tenhamos que nos informar e especializar cada vez mais. Por isso, fizemos uma visita à fábrica da tecelagem Santaconstancia, onde fomos gentilmente recebidos pela assessora de comunicação Fernanda Carvalho, pelo “guru” dos tecidos José Favilla e pela diretora Gabriella Pascolato Costa.

    Poucas visitas são tão interessantes como esta, realizada na quinta (07.03). Fundada em 1948 pela família Pascolato, Dona Gabriella e o seu marido Michele, a Santaconstancia tem-se mostrado pioneira em inovação, tecnologia e principalmente, sustentabilidade.

    Em um encontro de cinco horas, conhecemos todos os processos para a fabricação de um tecido, desde a tecelagem à estamparia e controle de qualidade, passando também pelos departamentos de criação e venda, desvendando assim os todos os processos por trás de uma peça de roupa. Favilla, um homem que gosta de conversar com profundidade sobre todos os temas, tomou as rédeas da conversa. Ao final da visita, Gabriella brincou: “O Favilla não tem veias no corpo, ele tem fios de tecido!”.

    Gabriella Pascolato Costa, diretora administrativa da Santaconstancia, em frente ao painel de cores criado pela fábrica ©Juliana Knobel/FFW

    Ao ser questionado sobre o que é inovação hoje, Favilla responde: “É sair do óbvio e colocar significado nas coisas. É bonitinho, é legal, ok, mas está destruindo o planeta”. Percebemos que a conversa não seria só sobre tecidos, e sim sobre outras coisas bem mais profundas, escondidas nas tramas de cada metro de tecido da fábrica. Em um papo pontuado por palavras como significado, sustentabilidade e responsabilidade, tentamos entender o que realmente significa criar e produzir com consciência em uma indústria que pede cada vez mais agilidade.

    Na primeira etapa da visita, conhecemos os vários tipos de máquinas que fazem as tramas dos tecidos. Aqui, o fio se transforma em tecido em sistema de malharia circular com máquinas com mais de 5000 agulhas que costuram a uma velocidade estonteante. Rolos enormes de tecidos ficam prontos em cerca de uma hora. “Quanto mais filamentos tem a trama, mais macio é o tecido”, explica Favilla.

    Favilla mostra como funcionam as agulhas que estão dentro das máquinas com um fio de tecido Plume ©Juliana Knobel/FFW

    Passamos então para uma segunda área de máquinas, que está sendo remodelada para receber equipamentos mais modernos. Favilla exclama, “vocês deram sorte, chegou uma máquina nova!” De fato, para quem trabalha todos os dias com tecidos dentro da fábrica, a chegada de uma máquina nova deve ser mesmo motivo de alegria. “Acho lindo máquinas chegando!”, sorri Fernanda. A máquina em questão veio da Alemanha e ainda levará 15 dias para começar a funcionar. Todas as 5000 agulhas que a compõem têm que ser inseridas à mão, uma a uma.

    Também passamos pela tinturaria e pelo laboratório, onde são criadas e produzidas mais de 200 cores por dia, através de máquinas robôs super modernas. Lá também são feitos os primeiros testes de lavagem, solidez e pilling, uma técnica que raspa o tecido para ver se aparecem aquelas bolinhas que o deixam com cara de velho.

    Algumas amostras das cores produzidas na Santaconstancia e um mixador de tons inteligente ©Juliana Knobel/FFW

    Passamos para a área de estamparia, em que vimos os três tipos de máquinas de estampa: as máquinas de rolo, as de quadro e as de estamparia digital, a tecnologia mais avançada do momento. Para nossa sorte, todas em pleno funcionamento; metros e metros de tecido entrando de uma cor e saindo de outra; canos quilométricos que puxavam litros de tintas, em diversas cores.

    Para Favilla, a roupa tem três funções: proteger, decorar e identificar, e a produção dos tecidos deve respeitar três conceitos-chave: ser equitativa, ou seja, para todos; ser socialmente aceitável; e, acima de tudo, economicamente viável. “Não adianta querer produzir uma tecido que ninguém pode pagar ou que ninguém aguenta usar.”

    A história conta o seguinte: nos anos 90, as fibras naturais foram substituídas por fibras sintéticas, pois os campos começaram a ser utilizados para plantar comida e deixaram de servir para o plantio de algodão. O algodão natural (assim como o orgânico) passou a ser só para alguns, aqueles que podiam pagar, porque não era viável produzir algodão para o mundo todo.

    Hoje, a moda pede de novo fibras naturais, como o algodão e o linho, porque as fibras sintéticas são nocivas por usarem petróleo em sua fabricação. Segundo Favilla, se considerarmos que o estrago no planeta causado pela produção de roupas representa apenas 4% de emissões de CO², não é tão ruim assim se comparado com os carros na rua, com a energia elétrica que gastamos em casa e outras práticas.

    O linho especial que a Santaconstancia está pesquisando há dois anos ©Juliana Knobel/FFW

    A produção dos tecidos naturais e das fibras sintéticas é feita da maneira mais ecológica possível, em ciclos fechados de produção, em que praticamente toda a matéria gasta na produção é reaproveitada de alguma forma. Mas para Favilla isso é só metade do problema resolvido. “E o resto? O saco de plástico que embrulha a roupa, a embalagem bonitinha, o tempo de lavar e secar…”.

    Na fábrica, há outro lema de trabalho: incentivar o melhor, melhorar o existente e prevenir o pior. Incentivar o melhor significa trabalhar junto das empresas e dos clientes da fábrica para agregar valor ao produto que estão a comprar. “Por vezes temos que trazer os tecidos do outro lado do mundo. O linho, por exemplo, vem da Normandia, onde os solos são tratados sem pesticidas. É mais caro, mas acrescenta significado”, explica Favilla. Melhorar o existente significa investir na evolução dos tecidos que existem. Estar sempre a par das novas tecnologias e de soluções mais sustentáveis. O Modal e o Tencel (fibras de celulose produzidas com menos ácidos e extraídas da madeira – eucalipto – no caso do Tencel), são ótimos para substituir as fibras sintéticas que existem hoje, com a vantagem de permitirem produção rápida que responde ao mercado do fast-fashion. Por fim, evitar o pior é escolher bem os parceiros com quem a empresa trabalha. “Existem empresas que trabalham com tecidos feitos com corantes proibidos que são nocivos ao meio ambiente”.

    Detalhe de uma das máquinas de malharia circular, algumas com mais de 5000 agulhas ©Juliana Knobel/FFW

    Veja o vídeo da campanha DETOX da Greenpeace, que mostra esse processo e chama marcas multinacionais a uma mudança de atitude:

    A visita terminou com uma das frases inspiradoras de Favilla: “Hoje, o tecnológico é conseguir fazer mais com menos: mais roupa com menos água e mais tecido com menos material”. Segundo bem colocou Mitsu Kyukawa, diretor comercial da Santaconstancia, “é um milagre que um tecido saia direito”.

    + Na área da lavanderia, anotamos algumas dicas de lavagem que podem ser úteis para o dia-a-dia:

    – Não deixe sua roupa de molho, especialmente se for de algum tecido sintético

    – Lave tecidos delicados, finos e sintéticos com sabão líquido e neutro (eles indicam Ola, Woolite, Roma e Baby Soft)

    – Sabão em pó deve ficar somente para roupas de algodão, lençóis e toalhas

    – Amaciante, em tecidos finos, só serve para deixar um aroma gostoso. Ele faz mais efeito mesmo no algodão. De resto só deixa resíduo na trama do tecido, o que prejudica a sua função e não é bom para a pele do consumidor, especialmente as de bebês e crianças

    – Nunca use amaciante na roupa esportiva, porque ela é feita para deixar a pele transpirar e o amaciante tem a função oposta, pois se acumula na trama do tecido.

    Aprendemos também com Favilla a ler as etiquetas de lavagem que vêm nas roupas. Não sabe? Veja aqui:

     

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