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    Com 35 mil peças de acervo, Casa Juisi oferece experiência única para quem gosta de moda
    Um dos espaços da Casa Juisi, em um casarão antigo no Centro de São Paulo ©Melissa Haidar/Divulgação
    Com 35 mil peças de acervo, Casa Juisi oferece experiência única para quem gosta de moda
    POR Camila Yahn

    Quem ainda não conhece a Casa Juisi precisa passar lá para ter uma experiência de moda bem particular. O que começou como um brechó em 2003 virou um dos maiores acervos de moda vintage do país, que virou referência para figurinistas, estudantes, pesquisadores e estilistas. Instalados numa casa antiga ao lado da Praça da Sé, coração do centro de São Paulo, os sócios Simone Pokropp e Junior Guarnieri, também recebem visitas especiais, como Nicolas Ghesquière, Jeremy Scott e praticamente todos os grupos de marcas que visitam o país, como Gucci e Balenciaga.

    A dupla divide a casa com Maria Montero, que tem a Sé Galeria no último andar e, alimentando-se um do outro, criam exposições, eventos e residências artísticas.

    Abaixo, leia entrevista com Simone, que fala sobre a trajetória do Juisi, das raridades que garimpam, das dificuldades e alegrias de estar no centro e do encontro com Ghesquière.

    Quando e como surgiu a Casa Juisi?

    Tínhamos desde 2003 o brechó Juisi by Licquor e a ideia surgiu nas questões que tínhamos quando comprávamos peças especiais, que a gente ficava com dó de vender. O acervo surgiu daí. Só que isso tudo foi tomando um espaço grande na loja e decidimos mudar para um outro local, só que já com uma proposta diferente. Nossa única tarefa foi achar algo bem no centro da cidade onde, em cinco anos atrás, ninguém cogitava a ideia de ter algo, principalmente na Praça da Sé. E foi exatamente lá onde queríamos e onde tudo começou! Encontramos esta casa maravilhosa que sediou o primeiro cartório da cidade. Pra gente esse já era um motivo pra ir: salvar um dos poucos casarões e lugares especiais fadados ao descaso. Conversei com a curadora Maria Montero para criarmos uma junção, uma união verdadeira: a moda com a arte contemporânea. Deu super certo e hoje dividimos a casa com a Sé Galeria, da Maria.

    Como o trabalho de vocês evoluiu para o que é hoje?

    Nossa, evoluímos muito. Fico contente ao ver o amadurecimento das coisas, digo como empresa, como idealizadores de algo real. Na Casa tudo acontece, a transição da moda e da arte estão tão unificadas  e ao mesmo tempo ficam nos seus devidos lugares. Apenas desfrutamos do que acontece lá, do que transita, e isso nos alimenta até hoje.

    Muita gente legal já visitou o lugar de vocês. Do que eles gostam mais? Tem algo específico que chama a atenção?

    Sabe do que gosto mais? Quando vejo o olhar da pessoa, que ao colocar os pés lá, arregala os olhos e no espanto que a toma quando passeia pelos corredores. Vai descobrindo algo em cada detalhe nunca visto, um sentimento de estar fazendo parte da história do centro. Eles perguntam: “E ainda tem acervo de moda e galeria?”, rsrssr…. Já os gringos nos parabenizam pela atitude difícil de cuidar sozinhos e independentes de um lugar que, com certeza, deveria der tombado e cuidado, como acontece nos países deles.

    Como foi o encontro com Ghesquière?

    Foi incrível, ele é simpático, chique, muito educado. Aliás todas as equipes que vieram, como Gucci, Balenciaga e o Jeremy Scott sempre se mostram muito atenciosos e simpáticos. Veio com ele uma equipe de peso! Ele se deixou levar pela procura e escolheu peças muito diferentes daquilo que imaginávamos ser uma pesquisa pela equipe da Louis Vuitton. Prometeu que voltaria, estamos rezando rsrsrs!

    Qual a especialidade de vocês hoje?

    Nosso acervo dispõe de 35 mil peças aproximadamente, fora a coleção de moda brasileira. Nossa pesquisa se foca em achar pecas que sejam importantes para pesquisa de moda, cinema e publicidade. Notamos que a procura por algo diferente para pesquisa aumentou, até mesmo por causa da dificuldade de viajar hoje por causa do dólar etc. Assim facilitamos a consulta para os  figurinistas, estilistas e estudantes.

    Como vocês fazem as pesquisas e onde garimpam?

    Atualmente esta pesquisa vem por todos os meios possíveis. Por causa do tempo que já estamos no mercado do vintage como loja e depois acervo, conquistamos “olhares” por aí. Temos a ajuda de amigos que ao viajar, conhecem outras pessoas e já nos comunicam se encontram algo diferente. E sem duvida, a delicia de viajar entre o Brasil e o mundo!

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    Junior e Simone, os fundadores da Casa Juisi ©Melissa Haidar/Divulgação

    Do acervo de moda brasileira, o que vocês tem de mais precioso?

    Temos peças incríveis de Dener, Clodovil, Guilherme Guimarães e Marquito.

    Quantas peças de acervo vocês têm hoje?

    Aproximadamente 35 mil, com a aquisição de outros acervos, compras que fazemos pelo mundo, pesquisas, etc.

    Como funciona a manutenção dessas peças?

    Algumas temos que cuidar de manchas, mas outras não mexemos em nada. em lavar pode. Só cuidamos para que elas não tenham pó nem contato com o tempo.

    Esse é um mercado difícil no Brasil?

    Era quando abrimos em 2003. Pegamos um período complicado, quando diversas lojas estavam fechando, como o Universo em Desfile, que tinham essa pegada mais ligada a moda, não tão datada. Depois o mercado foi aquecendo, as pessoas estavam mais abertas a misturar tudo, o novo com o velho. Hoje está mais fácil, pois você pode encontrar uma roupa especial em uma loja vintage sem problemas. Já o acervo que construímos é atemporal e pode sobreviver a tudo!

    Quais as principais dificuldades pelas quais passaram em todos esses anos?

    A dificuldade de se criar algo novo, sem apoio, com muito trabalho e perseverança, realmente é uma experiência que se leva para a vida. Foi tudo difícil, financeiramente, o local, pois até todo mundo entender que os grandes centros do mundo funcionam e que SP não ia ser diferente… Acho que no nosso caso, foi até rápido demais, o que nos ajudou muito. Você tem que saber o que faz e fazer com amor e trabalho duro. Pra mim, essas são as duas palavras que definem o seu sucesso.

    Qual o diferença de estar no centro de SP? O que isso traz ou complementa para vocês?

    No começo não foi fácil, estar cara a cara com os problemas da cidade foi ao mesmo tempo desafiador, mas também acrescentou muito ao que somos hoje. Mas vislumbrávamos algo lá na frente. Também víamos que as pessoas tinham um pouco de preconceito, o que nos fez pensar que não poderíamos estar sozinhos. Daí com o tempo, começaram a aparecer novos espaços, lugares de amigos que compartilhavam do mesmo ideal: mudar isso tudo. Acho que hoje mudamos tudo ao redor, e ainda posso dizer com certeza que virá muita coisa especial por aí.

    Vocês venceram um edital recentemente, não?

    Foi uma experiência muito importante porque vivemos de verdade toda a experiência que adquirimos no convívio com os artistas da Phosphorus e da Sé Galeria. Foi um edital difícil e competitivo, pois era o Rumos, do Itaú Cultural, onde muitos se inscrevem e apenas 10% são contemplados.

    Qual é o prêmio que o Itaú Cultural dá aos contemplados?

    Uma quantia que R$ 120 mil. Três artistas participaram da nossa residência, que durou seis meses. Ficamos felizes pois foi a primeira oportunidade para a moda através de um edital de arte, como proposta de residência. Olhar como uma manifestação artística o que se faz com a moda foi inesperado e também muito rico. Fora o convívio com os artistas contemplados para a residência, que foi um experimento único. Entender o olhar deles para diversas formas de distinguir a moda…

    E agora vocês estão no #foradamoda, no Sesc Ipiranga.

    Sim, o Fause Haten nos convidou. Fizemos uma instalação chamada “Linha no Tempo”. Nosso trabalho foi revelar uma roupa e sua trajetória matéria e imaterial, um vestido que reapresenta-se através de fotos e poesia.

    CASA JUISI

    R. Roberto Simonsen, 108

    Centro, São Paulo – SP

    @casajuisi

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