Para não dizer que não falei de flores: na estreia da Dior e na despedida da Jil Sander ©ImaxTree
Nesta segunda (02.07), segundo dia da temporada de alta-costura Inverno 2012, aconteceu a tão esperada estreia de Raf Simons, estilista belga que, após ser demitido da Jil Sander, conquistou uma das principais joias da cora da moda, o posto de diretor criativo da Dior, encerrando de uma vez por todas a novela que se iniciou com o caso Galliano.
Não sabemos quanto tempo ele teve para criar essa coleção, apenas que foi pouco. Assim, junto com a expectativa de uma estreia desse porte, fica impossível fazer um julgamento. Na plateia, o número de estilistas importantes mostra o quanto esse momento era aguardado: Marc Jacobs, Pierre Cardin, Donatella Versace, Riccardo Tisci, Alber Elbaz e Diane von Furstenberg.
A coleção mostra um desejo de reverenciar Christian Dior e também a necessidade de já mostrar suas características estéticas que encantaram o público durante o seu período na Jil Sander, como o uso das cores, o minimalismo na alfaiataria, as formas de alguns vestidos e até mesmo a beleza, sem falar do cenário feito com flores (tradicionalmente as flores são usadas na época da despedida/luto e também em momentos de nascimento/nova vida, as duas fases pela qual Raf passou profissionalmente em pouco tempo).
Silhueta, comprimento e escarpin do New Look (à direita) de 1947 são revisitados na nova coleção da Dior ©ImaxTree e Reprodução
Esqueça a Dior de Galliano. Quando um grande estilista substitui outro contemporâneo, ele não olha para sua obra mais recente e sim, bebe direto da fonte; neste caso o senhor Christian Dior em si.
O New Look, criado pelo estilista no final dos anos 1940, transformou a maneira da mulher se vestir após a Segunda Guerra Mundial. A silhueta com cintura bem marcada, saias amplas e abaixo dos joelhos trouxe o retorno do desejo pela beleza e feminilidade em uma época de muitas privações.
Vestidos pretos, próximos do corpo, com comprimento abaixo do joelho, escarpin preto e silhueta minimalista; à esquerda desfile atual e à direita foto da Dior do final da década de 40 ©ImaxTree e Reprodução
Há muitas referências dessa época da Dior na coleção, o que já era de se esperar. Ele tentou contrapor o tradicional com focos de cores fortes, uma maquiagem moderna e uma brincadeira em que exagera a silhueta com microvestidos por cima das calças. A coleção é clássica não no sentido de careta, mas de eterna, especialmente no que se refere à alfaiataria. Mas é especial o suficiente para ser de alta-costura? Vamos aguardar para ver o que Raf Simons tem nas mangas para o prêt-à-porter, que começa em setembro próximo.
O trabalho com as cores é uma das marcas registradas de Simons, mas Christian Dior também fez uso delas em vestidos luxuosos de festa ©ImaxTree e Reprodução
Os vestidos de festa da Dior, em 2012 e no início dos anos 1950 ©ImaxTree e Reprodução
Veja abaixo na galeria de fotos mais imagens do desfile, com referências ao New Look: