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    Editor da “LOVE” fala ao FFW sobre jornalismo impresso e digital
    Editor da “LOVE” fala ao FFW sobre jornalismo impresso e digital
    POR Redação

    Alexander Fury ©Ricardo Toscani/FFW

    Alexander Fury é a grande atração da terceira – e última – noite da 6ª edição Pense Moda. Antes do evento, no entanto, o editor da revista britânica “LOVE” conversou com o FFW sobre jornalismo digital e impresso e sobre sua experiência nas duas mídias. Confira abaixo a entrevista:

    Você começou sua carreira como jornalista no “SHOWstudio” e desde o começo deste ano é editor da “LOVE”. Qual foi a maior diferença que você sentiu a partir da migração de um veículo digital para um impresso?

    Para ser sincero, eu fiquei surpreso o quão diferente tem sido. Eu trabalho com a revista e com o site dela; o inusitado para mim é que a linguagem da internet, mesmo que não se saiba como executar, todo mundo sabe o que é html ou link, mas nas revistas impressas existe uma linguagem distinta, e que eu tive que aprender. Há muitas terminologias diferentes, e também acho que pensar no editorial como um objeto físico é incrivelmente diferente. Ao pensar no editorial dentro da revista, não importa como as pessoas leiam a revista, você o coloca em certa ordem para contar uma história e é algo que você não pode fazer online. Se as pessoas gostam de algo, elas vão direto para um link ou um marcador, não há a possibilidade de contar uma história através da ordem e isso em uma revista foi bem impressionante.

    E, o que eu não acho necessariamente que seja verdadeiro, mas há esta concepção de que uma revista vai ficar para a eternidade, você não pode corrigir seus erros de grafia, coisas do tipo, enquanto um site é mais efêmero, eu volto e mudo coisas, por exemplo, eu não digo isso para as pessoas, mas eu volto e mudo reviews de desfiles dois anos depois porque eu notei algo que era em parte incorreto. Uma das grandes coisas que fiz no “SHOWstudio” foi quando nós realojamos o site e mudamos os projetos antigos escrevendo novos textos para eles, reorganizando seus layouts… e você não pode fazer isso em uma revista impressa. Há essa ideia de eternidade, que é ótima, mas também é assustadora.

    Para você, a rotina de trabalhar em um site e em uma revista é similar? Qual delas é mais estressante?

    Eu acho que ambos são bastante estressantes. E na “LOVE”, eu cuido tanto da revista quanto do site dela, então hoje são os dois estresses ao mesmo tempo. Estava conversando com alguém ontem sobre isso, engraçado que você levantou a questão. Acho que em um site há mais satisfação imediata: você escreve algo e depois publica, e ainda pode ver a reação das pessoas. O que interessa Nick [Knight] no “SHOWstudio” é o feedback da audiência e a interação com ela, enquanto em uma revista há muito mais de desenvolvimento, mas talvez a satisfação no fim seja maior porque você teve esse desenvolvimento estressante e, de repente, há um produto final, e você pode descansar finalmente, o que não acontece com um site, você não pode descansar muito. Então o ritmo é bem diferente, mas ambos necessitam de trabalho constante.

    As três capas da última edição da revista “LOVE”, todas estreladas pelas protagonistas do seriado “Downton Abbey” ©Reprodução

    Mesmo que o que seja publicado ontem seja duradouro, é também mais efêmero. Como se mantém a relevância de um conteúdo criado para a internet?

    Eu acho que moda realmente boa e jornalismo de moda realmente bom devem abordar o tempo em que ela foi criada. Ocasionalmente, tenho tentado escrever e tirar a essência do tempo em que foi escrita e não me referir a algo que pareça muito contemporâneo; acho agora que, em retrospectiva, deve haver um sentido do que estava acontecendo naquele ponto [em que o texto foi escrito].

    O que acontece no mundo influencia a moda e também sua percepção dela, olhar para as coisas em volta. Em 11 de setembro [de 2001], por exemplo, vários estilistas mudaram suas coleções e obviamente aconteceu na semana de moda de Nova York e, como resultado, vários designers europeus também mudaram e utilizaram referências militares e aí quem não usou essas referências foi criticado, então acredito que exista a ideia de a moda ser o “aqui e agora” e de você não poder se privar disso, e o incrível de um site é que ele pode ser muito reativo a isso, pode ser sobre o que aconteceu ontem, enquanto em uma revista as coisas vêm em ordem de relevância. E talvez você faça alguma coisa que em dois meses você se arrependa de ter feito. E eu acho que no site o melhor é que você faz o que está acontecendo no momento. Mesmo que esteja errado, é um testemunho do tempo em que foi criado. É o que eu acho que a moda deve fazer também.

    Em dezembro, será publicado o último número impresso da revista “Newsweek”, depois ela continuará apenas na internet. Você acha que esse é um movimento natural da indústria editorial?

    Depende da publicação. Acho que com a “Newsweek”, sim. Enquanto que para revistas como a “LOVE” ainda há algo maravilhoso sobre a página impressa, sobre a ideia da textura do papel e sobre a ideia de criar um objeto para ser estimado, sites devem fazer o que sites fazem realmente bem, que é disseminar informação rápida e para o máximo possível de pessoas.

    No Reino Unido as pessoas já estão acostumadas a pagar pelo conteúdo digital dos jornais?

    Eu pago, tento apoiar meus colegas jornalistas. Acho que é mais comum nos Estados Unidos. No Reino Unido, eu li uma estatística que ainda existem mais de sete milhões de adultos que atestaram nunca ter usado a internet, o que é bem extraordinário. Minha mãe, por exemplo, usa a internet, mas não compra nada, não confia, enquanto eu compro muito. Acho que quando a geração mais jovem atingir a maturidade eles vão querer pagar, mas acho que é algo gradual. Mas acho que [pagar pelo conteúdo online de um jornal] faz sentido.

    Como é para você buscar o “novo”?

    Eu sou bastante sortudo. Vivo e trabalho em Londres, e sou parte do NEWGEN do British Fashion Council e em termos de ver coisas novas em moda é fantástico porque você senta em uma sala e as pessoas trazem trabalhos de 140 novos designers para lhe mostrar, daí você escolhe pessoas que acha que entusiasmam.

    Acho que você ouve sobre coisas novas em todos os lugares, pode ler sobre elas randomicamente em algum blog, pode ir a um show e ver uma banda nova incrível e, no geral, é muito difícil sair e ir à procura, é um tipo de coisa que chega a você e você encontra. E acredito também que há todo um novo sentido na palavra “novo”, tem toda uma coisa de redescobrir coisas. Uma das coisas que adoro na internet são as pessoas que fazem scan de revistas antigas dos anos 1980, 1970 ou até dos 1960 e fazem upload. […] A internet é um ótimo lugar para achar qualquer coisa nova e emocionante.

    O “SHOWstudio” e a “LOVE” são veículos extremamente vanguardistas; você se imagina trabalhando em uma revista ou em um site comercial?

    Não sei. Quero dizer, com a “LOVE” existe este ar de independência, embora ela faça parte da Condé Nast, que é uma entidade comercial. Mudar para lá [para a Condé Nast] foi bem diferente porque o “SHOWstudio” foi inteiramente fundado pelo Nick [Knight], então são mundos ligeiramente diferentes, mas acho que nada pode ser descartado, quer dizer, eu acho [publicações] impressas muito entusiasmantes, assim como [veículos] online, onde quer que eu trabalhe gostaria de encontrar um meio termo entre os dois. Eu não sou o tipo de pessoa que diz não para uma coisa se sente que ela está certa.

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