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    O “timing” da moda: capitais reajustam calendários
    O “timing” da moda: capitais reajustam calendários
    POR Redação

    Sabe quando você entra numa loja e encontra peças que não são exatamente aquelas que você viu no último desfile ou apresentação da marca? Essas roupas que ficam nas araras depois que o calor passou, ou antes do frio chegar, muito provavelmente brotaram de uma resort ou pre-fall collection.

    Os nomes em inglês podem parecer confusos. Ainda mais porque não possuem uma tradução definitiva: o clima no Brasil impede a existência, por exemplo, de um outono como no Hemisfério Norte. Mas vamos explicar: as resort ou cruise collections, que lá fora dizem respeito a uma época do ano onde o calor de fato fica restrito aos balneários e encostas, por aqui ganharam o nome de Alto Verão, acontecendo justamente no período de fim de ano e férias de verão, auge do calor. Já as pre-fall collections (equivalentes ao outono), quase não fazem sentido do lado de baixo do Equador, ficando por aqui conhecidas como “previews de inverno” ou, em raríssimos casos, “coleções de outono”.

    No metiê internacional, a existência dessas duas temporadas intermediárias faz todo sentido. Com o surgimento do esquema fast-fashion – coleções e peças novas que abastecem lojas a cada 15 dias –, as principais grifes de luxo se viram obrigadas a mudar a lógica de suas apresentações e entregas de novos produtos. A solução foi encontrada nessas coleções de meia estação, que reduzem o tempo com que novas roupas e acessórios chegam à loja, oferecendo assim uma resposta à dinâmica das grandes redes como H&M e Zara, ao mesmo tempo que atendem algumas demandas mais imediatas dos consumidores.

    Desfile Chanel pre-fall 2010
    Desfile Chanel pre-fall 2010 ©Marcio Madeira

    E por mais comerciais (ou pouco criativas) que essas coleções possam ser, o formato e o timing dos lançamentos parecem cada vez mais adequados aos hábitos de consumo da atual sociedade.

    Em julho de 2009, o CFDA (Council of Fashion Designers of America) realizou um encontro encabeçado pela presidente do conselho, a estilista Diane Von Furstenberg, cujo objetivo era justamente discutir a relevância e dinâmica da New York Fashion Week.

    “Parece haver algo desconectado. Pra nós, os desfiles se tornaram algo da imprensa. Estão nos blogs, as revistas publicam matérias e fotos direto das passarelas e, quando chegam às lojas, [as roupas] parecem meio velhas”, argumentou Jack McCollough, um dos estilistas da Proenza Schouler, na ocasião . “O consumidor está completamente confuso e está dizendo um basta. Nós estamos gastando dinheiro em desfiles e quando o consumidor tem a oportunidade de comprar os produtos, eles já estão em liquidação”, completou a veterana Donna Karan.

    Na logística da indústria da moda internacional, uma coleção pode demorar até 6 meses entre sair das passarelas e chegar às lojas. Ainda assim, as roupas chegam com considerável antecedência em relação à estação do ano. Por exemplo, o Inverno 2009 que desfilou em Nova York, Londres, Milão e Paris entre fevereiro e março de 2009 chegou às lojas do Hemisfério Norte em agosto, em pleno verão.

    Esse esquema de apresentações tem seus fundamentos lá nos Anos 60, quando o prêt-à-porter passou a dominar a indústria e o mercado da moda. Na época, comparado ao esquema da altacostura que reinava soberano, esse processo era totalmente adequado e muito mais ágil para os consumidores finais.

    A questão é que, depois de meio século passado, uma série de mudanças aconteceram. A economia agora é outra, as redes de comunicação evoluíram, a internet revolucionou a sociedade. Como consequência desse bombardeio de informações, a dinâmica de consumo da moda ficou muito mais intensa e rápida. O mundo mudou, as pessoas mudaram, o consumo mudou, a sociedade mudou, mas a lógica de apresentação de coleções continuou a mesa. Então não é surpresa que os consumidores se sintam perdidos no meio disso tudo. É natural que as pessoas achem as roupas – as “tendências” – ultrapassadas quando chegam às lojas.

    É exatamente em resposta a esse cenário que as cruise e pre-fall collections ganham relevância. À medida em que atendem demandas de mercado quase imediatas, se relacionando de forma mais direta e dinâmica com o desejo presente no imaginário das pessoas, se mostram mais ágeis do que as grandes coleções de prêt-à-porter.

    Desde o surgimento da internet, a moda (o mundo todo!) começou uma corrida louca em busca do “tempo zero”. No jornalismo de moda, isso ficou evidente pela cobertura praticamente ao vivo dos desfiles. Notas curtas e objetivas relatam tudo o que acontece “em tempo real”. Esse imediatismo causado pela rede é um dos responsáveis pela confusão na cabeça do consumidor a que Donna Karan se referiu – essa sensação de que a roupa já está velha quando chega às lojas.

    Sendo assim, o modo – ou melhor, o timing – como a gente (aqui no Brasil, através do SPFW e do Fashion Rio) vem apresentando e lançando coleções faz muito mais sentido. Em vez de esperar até 6 meses para as roupas chegarem às lojas, trabalhamos com um intervalo de apenas 3 meses. Quando os desfiles acontecem em janeiro, as coleções começam a chegar às araras em março. Tempo que (ainda) é suficiente para manter acesa a chama do desejo.

    + Acesse nossa seção de desfiles para a cobertura completa das temporadas de moda no Brasil e no mundo.

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