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    A arte burlesca invadiu a Estação da Luz durante desfile da Cavalera
    A arte burlesca invadiu a Estação da Luz durante desfile da Cavalera
    POR Camila Yahn

    Duas das bailarinas burlescas que animavam a espera para o desfile da Cavalera na Estação da Luz ©Agência Fotosite

    Quem acompanha todas as edições do SPFW deve saber que as apresentações da Cavalera são sempre cercadas de surpresa, com um endereço inédito e uma homenagem especial. Para quem não se lembra, na temporada passada, a celebração foi em torno da pintora Frida Kahlo, e o desfile foi na frente do Planetário do Parque Ibirapuera. No domingo (22.01), dia da apresentação da marca no SPFW Inverno 2012, as homenagens foram muitas.

    Já no preview que fizemos da Cavalera, o empresário e diretor criativo Alberto Hiar havia se referido ao trabalho desta temporada como “uma coleção que não só representa a identidade paulista da marca, como também consegue levar essa identidade a todo o Brasil”. Por isso mesmo, apresentou a sua coleção na Estação da Luz, monumento icônico da cidade de São Paulo que representava e continua a representar a mobilidade das pessoas.

    Mas não foi só. O tema da coleção, Faroeste Urbano, ajudou a criar todo um conjunto de referências e de performances que animaram a espera do desfile não só para os convidados, mas também para alguns curiosos, já que a Estação ficou parcialmente aberta ao público.

    A “New Orleans Jazz Band”, que animou a festa ©Agência Fotosite

    A banda de Jazz que animou a festa era a “New Orleans Jazz Band”, que tocava o Jazz latino que caracterizou os anos 60. Porém, a música animada servia apenas para embalar uma performance de dança burlesca, que se tornou a grande atração.

    O burlesco, ou neo-burlesco como hoje é conhecido o burlesco livre de preconceitos em relação, principalmente, ao peso e à idade, é a “arte performática de tirar a roupa de uma forma sensual”, explica Marilyn Codd, uma das bailarinas. A arte, que teve a sua consagração e divulgação com Dita Von Teese, renasceu  no Brasil e pelo que parece veio para ficar. O FFW conversou  com Marilyn Codd e Madame Sher, a corsetier mais reconhecida do meio, que já tinha colaborado com a Cavalera na confecção dos corsets da coleção passada.

    Marilyn Codd ©Agência Fotosite

    Marilyn Codd:

    Me fale um pouco sobre sua profissão.

    Eu sou dançarina de burlesco, me apresento nas casas noturnas e hoje o burlesco está voltando. Chama-se Neo-Burlesco, e é livre de preconceitos e de estigmas, tem meninas mais velhas, outras mais gordinhas. Não tem taxação. Eu sou uma pin-up moderna, tatuada. Uma pin-up se vê na maneira de se vestir, na cultura underground. A forma de se pentear, até a forma de andar, caracteriza uma pin-up. Eu tiro foto como pin-up, e daí começou o interesse pelo burlesco. Eu faço shows fechados e  festas temáticas e em média me apresento uma vez por semana.

    O que é o Burlesco?

    Burlesco é a arte performática de tirar a roupa de uma forma sensual, é um striptease, mas de uma forma nada vulgar. Tem algumas meninas que dançam com elementos de cena, igual à Dita Von Teese. O Burlesco é feito de clichés desde a empregadinha, ao freak, pode ser escrachado, pode ser comédia, tudo vale.

    De onde surgiu o seu nome?

    Aqui todas temos um nome com que nos apresentamos. O meu é Marilyn Codd, uma mistura de Marilyn Monroe, que eu adoro, e John Codd, o guitarrista de Blues, porque as minhas performances são feitas com Rock e Blues — normalmente elas são feitas com Jazz.

    É difícil para você conciliar a profissão com as apresentações de burlesco?

    Não! Eu por exemplo sou maquiadora, cabeleireira e policial civil. Todos os meus colegas sabem e nenhum se incomoda!

    Eles veem como uma arte?

    Se você vir bem, é um striptease. A gente só não tira a calcinha, mas fica quase toda pelada. Lá fora, o Burlesco é muito famoso, tem até concurso em Los Angeles. Aqui, os meus amigos me apoiam e veem como arte, mas no Brasil ainda estamos tentando mostrar ao público o que é burlesco. Tem muita gente que ainda não conhece e não vê com bons olhos. Mas só porque não sabe o que é.

    E o que é?

    É muito lindo, é luxuoso e é caro ser bailarina de burlesco. Porque tudo tem que ser muito bonito. Muitas vezes eu é que faço as minhas peças. Outras vezes há bailarinas que são patrocinadas por lojas de lingerie, mas só quando já são conhecidas! Quem está no começo, ou faz as fantasias ou tira um bom dinheiro do bolso para comprar.

    O que os seus pais acham?

    Minha mãe adora! Vem comigo escolher a roupa, ajuda a fazer… até a minha avó gosta. Tem famílias que não encaram tão bem. Mesmo o meu pai, por exemplo, já não acha tanta graça.

    Se pudesse viveria só do burlesco?

    Sim, sem dúvida. Mas hoje ainda não dá. 

    Madame Sher (primeira à esquerda) e algumas das suas meninas ©Agência Fotosite

    Madame Sher:

    Como surgiu esta proposta?

    Todas as moças que trabalham no burlesco acabam conhecendo o meu trabalho, por causa dos espartilhos que eu faço. Daí o Igor [de Barros, um dos estilistas da Cavalera] me procurou pedindo umas meninas burlescas. Como eles estavam com muito trabalho, eu acabei juntando as 15 meninas, fazendo os figurinos, e montando tudo.

    Como é começar no mundo do burlesco?

    A maioria das meninas já é dançarina. E os pais conseguem entender que não é um striptease comum. Claro que alguns pais tomam um susto, mas muitos aceitam muito bem. Porque é bonito, tem toda uma performance, não rola uma nudez total. A gente nem se aproxima do público, não tem contato nenhum. Justamente as mulheres se animam mais com estes shows do que os homens, porque é um show. Tem muitas até que querem aprender.

    Alguns curiosos que se juntaram na Estação da Luz  ©Andreia Tavares/FFW

    __________________________________________________________________________________________

    Claro que um show desses chama a atenção do público que estava assistindo na Estação da Luz. Entre senhoras, crianças, homens e mulheres que assistiam animadamente à performance burlesca, a opinião foi unânime: “Amei!”; “Onde é no próximo domingo?”; “Achei maravilhosas as roupas e a música”; “Já acabou?”. A opinião não mudou nem quando perguntamos se não seria exagerado: “Lógico que não, acho muito bom que mostrem outras formas de viver e ver a vida e nós temos mais é que ser abertos a isso. Achei muito moderno e interessante”, afirmou ao FFW um senhor que assistia à apresentação.

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