FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Carismático, Jean Paul Gaultier fala para plateia lotada no Rio
    Carismático, Jean Paul Gaultier fala para plateia lotada no Rio
    POR Redação

    jpg 3Farida Khelfa, Jean Paul Gaultier e Camila Yahn ©Renata Ambrósio

    Nesta segunda, dia 10 de outubro, o Rio de Janeiro sediou uma palestra com um dos mais importantes criadores de moda: Jean Paul Gaultier veio para apresentar o documentário “Jean Paul Gaultier ou les codes bouleversés” no Festival do Rio, dirigido pela ex-modelo e musa Farida Khelfa, que acompanhou seu processo de criação durante um ano, e estava presente na palestra. A convite de Paulo Borges e Bethy Lagardère, com realização do FFW, o estilista bateu um papo ao vivo com Camila Yahn, editora do FFW, em que falou sobre seu trabalho, processos, figurinos para filme, os trabalhos com Madonna, entre outros assuntos. Uma baita chance de ficar cara a cara com alguém tão peculiar e interessante. A plateia estava lotada de estudantes e profissionais da moda, que ao final, cercaram Gaultier para fotos e autógrafos.

    jpgFeliz, ao sair do evento, Gaultier é alvo de muitos flashes e pedidos para fotos ©Renata Ambrósio

    plateiaPlateia lotada no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico ©Renata Ambrósio

    Ele é extremamente generoso e divertido e contou histórias saborosas, como por exemplo, de onde surgiram os sutiãs cones que fez para a turnê Blonde Ambition, de Madonna. O FFW publicará em breve mais sobre esse encontro. Enquanto isso, fique com um pouco de sua história:

    Jean Paul Gaultier nasceu em 1952, na França, e nunca teve nenhum tipo de estudo formal sobre moda, desenhos, ou algo do tipo. No entanto, sempre gostou de desenhar, o que lhe rendeu uma história interessante sobre sua infância. Gaultier era o garoto desajustado na escola, ruim em todos os esportes e rejeitado pelos coleguinhas. Um dia, a professora o pegou desenhando na sala e lhe aplicou um castigo, batendo no menino com uma régua, e depois o fez andar pela sala com o desenho preso em suas costas, para que ele se envergonhasse. O efeito foi o inverso: o desenho do pequeno Gaultier era de uma mulher apenas de sutiãs e cinta-liga, inspirada nas mulheres do espetáculo “Folies Bergère”, que ele havia visto na casa de sua avó. Ao invés de ser ridicularizado – ou disciplinado, como esperava a professora –, ele se tornou objeto de admiração entre os meninos da escola. “Foi como um passaporte. Percebi que se desenhasse as pessoas iriam sorrir”, contou em entrevista à “New Yorker”.

    jpg_dressVestidos Gaultier em editoriais de moda ©Reprodução

    Sua inserção na moda também aconteceu graças aos seus desenhos, enviados por correio para Pierre Cardin, que ficou intrigado com o talento de um garoto de 18 anos totalmente desconhecido de Arcueil, Val-de-Marne (subúrbio no sul de Paris), e o contratou como seu assistente. Enquanto trabalhava com Cardin, o namorado de Gaultier, Francis Menuge, o encorajava a fazer sua própria linha de prèt-a-porter. Francis, que morreu em 1990 de Aids, é citado incontáveis vezes por Gaultier como o maior encorajador de seu trabalho: “Eu seria uma pessoa diferente hoje se nunca tivesse conhecido Francis”, declarou certa vez o estilista. “Foi Francis quem realmente me ‘pressionou’ para que eu começasse minha carreira, porque eu sou uma pessoa mais abstrata do que ambiciosa. Ele viu meu talento e sentiu minha paixão, e sempre me colocava pra cima quando eu ficava preguiçoso ou desmotivado. Ele jocosamente encorajou que eu construísse ‘meu império’”, contou ao “Telegraph”.

    jpg_coutureDuas de suas coleções recentes de haute couture mais icônicas de Verão 2007 e Inverno 2009 ©Reprodução

    Assim, ao lado de Francis, juntaram dinheiro, recrutaram amigos e familiares – a prima Évelyne tricotou os suéteres, o porteiro do prédio ajudou com as costuras, e o próprio Francis fez os acessórios e cuidou das burocracias – e em 1976 Jean Paul Gaultier apresentou sua primeira coleção, no planetário de Paris. Eram nove modelos, que usavam vestidos feitos com jogos americanos, lonas e estofos, e jaquetas biker combinadas com tutus. As roupas eram muito sexies e espirituosas, e faziam uso de motivos icônicos da moda como a estampa toile de Jouy, jaquetas de motoqueiro e figurinos de ballet de maneiras imprevisíveis, e com materiais humildes de maneira respeitosa e reverente. E é esse espírito que tem orientado seu trabalho desde então, transmitindo sua apreciação por coisas híbridas e surpreendentes, e o que ele mesmo explica, “a questão do que é belo e do que não é”. Outra frase que exemplifica admiravelmente seu trabalho é a recorrente “Por que não?”. Gaultier diz que explica muito de suas decisões assim. Por que alguém iria vestir um tutu com uma jaqueta de motoqueiro? “Bem, por que não?”.

    jpg_adfragranceCampanhas de seus perfumes mais vendidos ©Reprodução

    No começo dos anos 80 foi chamado de “enfant terrible” da moda, título que o acompanha trinta anos depois de sua estreia, e foi um dos primeiros criadores a polemizar sobre a questão de gêneros, ao fazer saias para homens e colocar modelos masculinos em sua passarela, justificando com um “acredito na igualdade dos sexos”.

    Gaultier é também um dos mais famosos estilistas fora do métier, tanto por seus perfumes, pilares que pagam as contas do nome Jean Paul Gaultier, como também pelas blusas tatuadas e as  indefectíveis malhas de listras ao estilo Breton. O mais-mais nesse quesito, porém, é sua quedinha pela cultura pop, que começou em 1990, ao vestir Madonna em sua turnê “Blond Ambition” com sutiãs em formato de cone, e persiste até hoje, com o estilista fazendo figurinos para filmes, como “O Quinto Elemento”, de Luc Bresson, e “Kika”, de Pedro Almodóvar; para as turnês de Marilyn Manson e Kylie Minogue; e colocando a vocalista do “The Gossip” Beth Ditto em sua passarela, bem como a burlesca Dita Von Teese.

    jpg_figurinoCroquis para a “Blond Ambition” ©Reprodução

    jpg_madonnacelebJean Paul Gaultier e suas musas Madonna, Dita Von Teese e Beth Ditto ©Reprodução

    E mesmo sendo tão moderninho, o estilista também desfila coleções de haute couture e ficou sete anos à frente da criação da Hermès, uma das marcas mais tradicionais da atualidade.

    São trinta e cinco anos de história de um criador que se destaca por seu sempre presente bom humor, sua paixão pelo corpo feminino e por uma moda original e criativa. “É uma época de menos criatividade. Sou um dos últimos dessa geração”, declarou o estilista em entrevista ao FFW em seu último desfile na semana de moda de Paris. Em tempos que o que mais se valoriza em um estilista é a rapidez e a capacidade de gerar dinheiro para um grande conglomerado, é admirável alguém como Gaultier não arredar o pé de suas convicções. A moda – criativamente falando – agradece.

    Não deixe de ver
    Alessandro Michelle está indo para a Valentino: marca confirma novo diretor criativo
    Moda e comida estão cada vez mais juntas
    Os tênis de corrida preferidos de quem pratica o esporte – e dos fãs da peça em si
    Evento da Nike x Survival na Guadalupe Store termina em confusão e feridos
    Está todo mundo correndo? Como a corrida se tornou o esporte que mais atrai praticantes
    Lollapalooza 2024: os looks dos artistas
    Hailey Bieber na nova campanha da Fila, a possível venda da Rare Beauty, de Selena Gomez, a mudança do nome do tênis Vert no Brasil e muito mais
    Pierpaolo Piccioli está de saída da Valentino
    O estilo de Olivia Rodrigo: De garotinha a alt-punk
    Os looks de festival de Kate Moss para se inspirar