O Príncipe Harry na partida de polo realizada no Haras Larissa ©Juliana Knobel/FFW

Competições esportivas podem ser pretextos para muitas finalidades distintas. Nos últimos anos, as partidas de exibição organizadas para angariar fundos para instituições de caridade têm se tornado uma “tendência” da filantropia. Neste domingo (11.03), o Príncipe Harry foi a força motriz de um desses eventos: o Haras Larissa, localizado nos arredores da pequena – e pobre – Monte Mor, interior do estado de São Paulo, tornou-se palco da “Sentebale Royal Salute Polo Cup”, competição de polo (de apenas um só jogo) entre os times St. Regis, comandado por Ricardo Mansur e Nacho Figueras, e Sentebale, equipe de Harry, terceiro na linha de sucessão do trono britânico.

O propósito oficial da partida foi a arrecadação de verbas para organizações de caridade brasileiras e para a Sentebale, que, além de ser o nome da equipe de polo de Harry, é como se chama a instituição filantrópica criada em 2006 por ele e pelo Príncipe Seeiso, de Lesoto. Os convites para assistir ao jogo e participar do almoço que o seguiria custaram a bagatela de US$ 1 mil, aproximadamente R$ 1.800, pouco menos que o triplo do salário mínimo brasileiro, mas que para os cerca de 400 presentes era o razoável preço de uma tarde amena com um membro da badalada Monarquia Britânica.

O Príncipe e os cavalos brancos: Harry chega ao evento conduzindo uma carruagem. Alusão aos contos de fadas? ©Juliana Knobel/FFW

Após o almoço, teve lugar um leilão beneficente, que contou com um número mais restrito de convidados, dispostos a desembolsar uma quantia ainda maior para ajudar a instituição de caridade do Príncipe Harry. Todo o evento ocorreu com a pontualidade típica dos britânicos; a organização, no entanto, foi bem brasileira. Os jornalistas e fotógrafos responsáveis pela cobertura da “Sentebale Royal Salute Polo Cup”, cerca de 200 profissionais de veículos nacionais e internacionais, foram alojados em uma área descoberta ao lado do campo de polo com piso de grama e barro e só puderam registrar a entrada de carruagem do Príncipe – com cavalos brancos, digna dos mais clássicos contos de fadas; a partida e a premiação da mesma.

A sala de imprensa, abastecida com água, refrigerantes, sanduíches naturais de três variações e Nespresso (um dos patrocinadores da competição), não oferecia internet de grande qualidade, mas era o único lugar com cadeiras e teto em que os jornalistas e fotógrafos podiam se proteger do intenso calor. O Príncipe Harry, que veio ao Brasil pela primeira vez com o intuito de lançar a campanha “GREAT”, que visa à promoção cultural e econômica do Reino Unido, sede das Olimpíadas de 2012, é realmente simpático, bem-humorado e bonito. Em todos os momentos em que esteve diante das câmeras, esbanjou sorrisos e pareceu estar se divertindo genuinamente; já durante a partida mostrou-se sério e compenetrado.

O Príncipe Harry prepara-se para jogada durante a partida no Haras Larissa ©Juliana Knobel/FFW

Logo ao chegar ao campo de polo conduzindo a carruagem, o Príncipe passou muito próximo ao local reservado à imprensa. Nesta ocasião, as máquinas fotográficas pareceram se alinhar em uma sinfonia de flashes; repórteres que estavam mais distantes correram para avaliar as expressões de Harry e os convidados batiam palmas com entusiasmo. Como não poderia faltar, houve quem gritasse e gesticulasse para conseguir um mero olhar do neto da Rainha Elizabeth II, que, aliás, está comemorando em 2012 o Jubileu de Diamante (em fevereiro, a monarca completou 60 anos presidindo os países da Commonwealth britânica).

O Príncipe Harry ao lado de Nachos Figueras e Ricardo Mansur ©Juliana Knobel/FFW

À parte o Príncipe Harry, que apesar da imensa simpatia foi, como habitual, cercado de protocolos, as atenções foram divididas entre as outras duas estrelas da competição, o brasileiro Ricardo Mansur, o argentino Nachos Figueras, garoto-propaganda da Ralph Lauren, que andava com sua esposa Delfina Blanquier a tiracolo até no momento da premiação, e os convidados, que a bordo de bolsas e roupas super grifadas, pouco entendiam de polo. A partida, dividida em quatro tempos de sete minutos, teve seu momento mais emocionante quando Bash Kazi caiu do cavalo e foi socorrido rapidamente por Harry, que desmontou e ajoelhou-se para ajudar o jogador paquistanês. “Ele está fazendo respiração boca-a-boca?”, começaram a murmurar alguns jornalistas, ao que outros, em sua maioria mulheres, se animaram e houve até quem planejasse deixar seus chapéus panamá (dados pela organização) voar para que o Príncipe viesse devolver.

O Sentebale, equipe formada por Calão Mello, José Eduardo Kalil, Carlos Alberto Mansur e pelo Príncipe Harry, recebe o troféu das mãos de Fernanda Motta ©Juliana Knobel/FFW

Fernanda Motta, responsável pela entrega do troféu ao time campeão, o Sentebale, abocanhou todos os holofotes ao cumprimentar o Príncipe com dois beijinhos, algo teoricamente proibido pela rígida etiqueta da realeza. Harry, com seu bom humor habitual, deu risadas e gesticulou inocente para a multidão de fotógrafos posicionados logo à frente do palco montado para a premiação.

O saldo do evento foi extremamente positivo para a filantropia… e para os veículos de colunismo social. No entanto, foi bem divertido e quase uma experiência antropológica acompanhar como os integrantes das verdadeiras famílias abastadas do Brasil se comportam perante a tradição secular britânica.