Por Nuta Vasconcellos
Modelos no backstage da Maria Bonita Extra, com styling de Pedro Sales, no Fashion Rio Inverno 2012 ©Agência Fotosite
Pedro Sales chegou a estudar jornalismo, mas assim que começou sua carreira como stylist viu que não teria mais tempo de nada, além de se dedicar ao trabalho. Hoje aos 34 anos, o carioca entra para o hall dos profissionais mais requisitados e respeitados na moda nacional. Só na temporada de Inverno 2012 ele assinou entre Fashion Rio e São Paulo Fashion Week nove desfiles, entre eles Maria Bonita Extra, Coven, Cantão, Huis Clos e Osklen. Agora no Verão 2013 está por trás do styling de diversas marcas, como Salinas e Patachou. Batemos um papo com ele para entender melhor como tudo começou, seu processo criativo e inspirações.
Quando você passou a se interessar por moda? Quais foram seus primeiros passos e oportunidades?
Sempre me interessei por moda. Acho que minha vida toda. Estudei a infância inteira e a adolescência tendo que usar terno e gravata. Desde essa época já era bem exigente com meu uniforme. Tudo tinha que ser feito com alfaiate. Tinha muito cuidado com a gravata, a camisa, o sapato. Comecei a trabalhar profissionalmente como assistente da Adriana Bechara, hoje editora na “Vogue”. Aprendi muito com ela. Tive a sorte de logo no início trabalhar com meus ídolos da época, Cristina Franco, Beth Lago… A Patrícia Veiga, então editora do Caderno Ela (publicado pelo jornal “O Globo”), foi quem me convidou para meu primeiro trabalho sozinho.
Pedro Sales, à esquerda, trabalha com a equipe da Coven no backstage da marca no Fashion Rio Inverno 2012 ©Sergio Caddah/Agência Fotosite
Algumas pessoas importantes no styling de moda, como Daniel Ueda, citam você como uma pessoa cujo trabalho ele admira. Quem são suas influências e “ídolos” do meio?
Fico muito feliz em ser citado pelo Daniel, a quem respeito muito. Tenho grande admiração pelo Paulo Martinez e sempre quero ouvir o que ele tem a falar. Gosto muito da Renata Correa e do Maurício Ianês também. E ainda Carine Roitfeld, Miuccia Prada e Steven Meisel, por me fazerem constantemente repensar hoje que tudo pode ser diferente do que vi ontem.
Qual trabalho até hoje você achou mais desafiador fazer? E o que teve mais prazer?
São tantos… Tenho relações bem longas de trabalho e acho que o prazer vem sempre de trabalhar com amigos. E desafiador? Acho que o novo. Quero sempre que o próximo seja melhor.
Em uma entrevista você disse que gosta de se envolver três meses antes no trabalho e acompanhar o estilista no começo da formatação da coleção. Você se envolve na criação das peças? Influencia na escolha de modelo, trilha sonora ou cenário?
Sim, vejo meu trabalho mais completo quando estou envolvido desde o início no processo. O trabalho é uma troca constante entre os estilistas e eu. As ideias vão mudando ao longo do tempo e uma coleção não pode ser feita em 15 dias. Mesmo começando desde cedo, já mudamos sapatos de um desfile uma semana antes, beleza no dia, modelo na véspera. Busco a perfeição até o final. Mas tudo é feito em equipe. Me envolvo em tudo, mas só trabalho com profissionais que pensem como eu.
Backstage do desfile de Cantão, com styling de Pedro Sales, no Fashion Rio Inverno 2012 ©Sergio Caddah/Agência Fotosite
Quando o assunto é moda, música e arte, o que mais tem te influenciado e inspirado nos últimos tempos?
A liberdade e a provocação dos anos 80 me influenciam demais. Acho que hoje poucos ainda têm essa coragem… Maison Martin Margiela, Damir Doma, Haider Ackermann são inspiradores. O surrealismo na arte e na fotografia também me interessam muito.