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    César Villela sobre sua obra icônica: ‘Foi sem querer querendo’
    César Villela sobre sua obra icônica: ‘Foi sem querer querendo’
    POR Camila Yahn

    César Villela e Charles Gavin conversam no Rio-à-Porter sobre a logomarca que o designer desenvolveu para a Elenco ©Juliana Knobel/FFW

    Na quarta-feira (11.01), segundo dia de Fashion Rio e Rio-à-Porter, Charles Gavin, ex-baterista do Titãs e curador da exposição “Design na Música Brasileira” presente no Pier Mauá, da qual já tínhamos falado, conversou com o designer gráfico e contador de histórias por excelência, César Villela, sobre a sua influência no design e na própria definição da identidade da Bossa Nova no Brasil.

    A conversa, que aconteceu na agradável casa Firjan, cenário do Rio-à-Porter, teve como  mote  o livro de Gavin, “Bossa Nova e Outras Bossas – A Arte e o Design das Capas dos LPs”, mas acabou virando uma revisão divertida, através das capas criadas por Villela, dos mais conceituados discos de Bossa Nova, o estilo musical que tanto marca e expressa o Brasil e a cultura brasileira no mundo.

    César Villela contou as várias técnicas que utilizava no seu design de capas: as quatro bolinhas vermelhas presentes em várias delas significam harmonia, assim como a sua necessidade de simplificar o grafismo e torná-lo mais conceitual, em uma época em que as capas de LP serviam como apresentação ao artista que estava começando a sua carreira. Para nós pode parecer distante, mas não está tão longe a época em que o nome João Gilberto só tinha significado para pessoas como Villela, que conhecia bem “os garotos da bossa”.

    César Villela fala sobre uma das suas capas ©Juliana Knobel/FFW

    O FFW conversou com o designer gráfico que se descreve como “Eu sou um grupo de artistas incorporado em mim mesmo”, para conhecer melhor o homem por trás da transformação de uma embalagem protetora em uma peça de arte.

    FFW: Tem acompanhado a evolução do design no Brasil?

    Continuo sendo um designer. Embora esteja mais na pintura agora, sempre acompanho o design que está na base da minha formação. Tem grandes designers hoje em dia. Como antigamente também tinha, não sou uma raridade não! (risos)

    FFW: O que o design brasileiro tem para oferecer ao mundo?

    O design hoje em dia é muito internacional porque a comunicação no mundo evoluiu e ela é quase que instantânea. Então, a internet, a televisão… tudo unificou muito. Antigamente a gente tinha umas tradições específicas. Tinha um estilo alemão, um estilo francês… mas hoje em dia os estilos são muito unificados. Já não tem aquela caraterística de aqui é assim, ali é assim. Portanto acho que o Brasil se integra bem internacionalmente. A própria moda hoje também é muito mais internacional do que local.

    FFW: As capas dos discos que criou ajudaram a definir a identidade da Bossa Nova. Sente-se parte desse processo criativo?

    Isso tudo foi um acidente. “Foi sem querer querendo”, como diz o filósofo mexicano Chaves. Eu não tinha a previsão de que isso ia acontecer. Eu trabalhava para ganhar dinheiro. Houve naturalmente um resultado positivo.

    A Art Nouveau abrangeu na Europa vários setores. A moda, a arte gráfica, a pintura, a arquitetura… mas não atingiu a música. Ela não influenciou a música. Quem inventou a Art Nouveau? Ninguém. Ela foi uma influência, uma inteligência coletiva.

    A ausência da Art Nouveau na música aconteceu no Brasil com a Bossa Nova. A Bossa Nova revolucionou um pouco a música brasileira. Mas não teve criador, então quem criou a Bossa Nova? João Gilberto, Tom (Jobim)? Não, foi um movimento coletivo. Dessa inteligência coletiva, surgiu a Bossa Nova. Quem sabe eu tenha sido envolvido por essa inteligência e me dado uma dica de como fazer.  As minhas capas eram tão simples quanto a própria Bossa Nova. Mas não porque eu tinha uma intenção de seguir a Bossa Nova.

    FFW: Seus traços fizeram escola no design gráfico do país. Como você percebe essa nova geração que tem uma linguagem menos brasileira e mais global?

    O design é muito internacional. Eu criei uma linha que influenciou outras. Não quero dizer que seja um criador… há tempos tinha um canadense chamado Marshall McLuhan. Ele falava uma frase que me influenciou na década de 80. Ele dizia assim: “O excesso de detalhes no trabalho são ruídos visuais”. Isso para mim foi fundamental. Eu tinha que eliminar os ruídos visuais do meu trabalho. Então foi a partir daí que surgiu a minha concepção para a Elenco. Durante um certo período, eu influenciei alguns artistas, como alguns artistas me influenciaram. Cada um com a sua personalidade.

    FFW: Em que trabalha atualmente e em que se inspira?

    Atualmente eu pinto. Inspiro-me no meu próprio design! (risos) A minha pintura é um prolongamento do meu design.

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