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    Vic Ceridono conta sua trajetória de blogueira a editora de beleza
    Vic Ceridono conta sua trajetória de blogueira a editora de beleza
    POR Redação

    Victoria Ceridono, editora de beleza da “Vogue” brasileira, em seu quarto, onde guarda seu acervo gigantesco de maquiagem ©Ricardo Toscani/FFW

    Victoria Ceridono, editora de beleza da “Vogue” brasileira e autora do blog “Dia de Beauté”, nos recebeu em sua casa, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, onde contou detalhes sobre sua carreira, compartilhou suas opiniões sobre a profissão e até deu dicas para quem quer ser jornalista, além de ter nos apresentado toda sua –incrível – coleção de maquiagem. Confira a na íntegra a entrevista abaixo:

    Por que você escolheu atuar como jornalista de beleza? Como você foi do blog à editoria da “Vogue”?

    Algumas pessoas acham que era blogueira e, por isso, virei editora de beleza. Mas, na verdade, tudo aconteceu meio ao mesmo tempo. Eu comecei a trabalhar no segundo ano da faculdade, no Chic, mas cheguei lá porque comecei a trabalhar antes, de “brincadeira”, indo ao SPFW.

    A Tânia Otranto [sócia da MktMix] é casada com um primo da minha mãe, e outra tia, no primeiro SPFW que aconteceu na Bienal [do Parque do Ibirapuera, em 2001], tinha convite para um desfile e minha irmã e eu fomos com ela. Lá, encontramos a Tânia, que perguntou se não queríamos ficar lá ajudando. Eu nem sabia direito o que ela fazia, mas nós topamos porque era nas férias. Daí, me apaixonei completamente, ainda estava no primeiro colegial, era bem nova, mas sempre gostei muito de ler revistas e, desde que a internet começou, de acompanhar sites, sempre fui bem interessada, mas ainda pensava se queria fazer dermatologia. Olha que louca!

    No primeiro dia que fiquei no SPFW até o fim, eu soube que era o que eu queria fazer da minha vida. Fiz essa temporada inteira e mais sete outras, durante todo o tempo que estava no colegial e uma ainda assim que me formei. Era muito engraçado, minha irmã e eu éramos duas pirralhas trabalhando, ficávamos fazendo romaneio, e, na época, tinha muito jabá, nós montávamos as sacolas, colocávamos nas cadeiras [da sala de desfile] e ajudávamos a sentar as pessoas. Quando entrava alguém importante, como a Costanza [Pascolato], a gente já estudava onde elas tinham que sentar e levávamos. E depois, quando dava, a gente assistia aos desfiles.

    Alguns dos produtos que Victoria guarda em seu quarto; a fotografia mostra, provavelmente, apenas 1/5 deles ©Ricardo Toscani/FFW

    Durante todo esse tempo, eu falava com todas [as jornalistas importantes], com a Lilian [Pacce], com a Glória [Kalil], com a Érika [Palomino], tipo: “Oi, tudo bem? Eu quero trabalhar”. Elas me perguntavam o que eu fazia e eu respondia que estava no colegial, daí elas diziam que eu precisava ir para a faculdade antes para poder fazer um estágio. Quando finalmente me formei, encontrei de novo a Glória no shopping Iguatemi, e daí fui outra vez na cara de pau – eu era muito cara de pau – falar com ela, nem lembro o que ela me falou.

    A sorte é que, por coincidência, a minha mãe [Suzana Galvão Ceridono, dona da Bothanica Paulista] faz flores para a Glória Kalil e, um dia, ela estava no escritório – aí, eu já estava no segundo ano de faculdade [Jornalismo na PUC-SP] – e liguei para a minha mãe por coincidência. A Glória se lembrou de mim, perguntou se eu estava na faculdade, disse que estava precisando de alguém e me chamou para ir falar com ela.

    Quanto tempo você passou no Chic?

    Comecei no Chic em 2005, como teste, meu trabalho lá era meio ajudar quem precisasse. A Alexandra Farah, que na época era redatora-chefe, me chamou para conversar para eu saber o que eu gostava. Eu disse a ela que gostava de moda e beleza, mas o que aconteceu foi que todo mundo gostava de moda, e só eu gostava de beleza, área que era bem abandonada. O Theo Carias, maquiador, era colunista do site, e então a Alexandra me colocou para ajuda-lo no que ele precisasse.

    Com o tempo, como não tinha no Chic uma área de beleza e muito menos relacionamento com as assessorias, que eu fui criando, começamos a dar muito mais matérias de beleza, comecei a ir aos eventos e conhecer as pessoas. Um ano e meio depois, eu era uma estagiária-editora porque fazia de tudo.

    E como você teve seu primeiro contato com a “Vogue”?

    Ainda quando eu estava no Chic, a Silvia Rogar, que também foi redatora-chefe do site e entrou ao mesmo tempo que eu, foi chamada para a “Vogue”, mais ou menos um ano depois. Ela me chamou para fazer o meu primeiro “freela” para a revista, que saiu em outubro de 2006; era uma matéria sobre flores no cabelo.

    Elas gostaram e a Silvia começou a me chamar sempre, fazia a revista quase todo mês, daí uma hora a Silvia saiu, porque ela é carioca e voltou para o Rio de Janeiro, e a Daniela Falcão começou a ser o meu contato lá, o que foi interessante porque criei um vínculo direto com ela. No total, fiquei três anos no Chic e, assim que me formei, a Daniela me chamou para ir para a Carta Editorial [que publicava a “Vogue” até meados de 2010].

    Continuei colaborando com a “Vogue” todo mês e virei editora de beleza da “RG”, que na época era “RG Vogue”. Fiquei trabalhando dois anos na Carta Editorial, onde também meio que fazia de tudo.

    Alguns dos produtos que Victoria guarda em seu quarto ©Ricardo Toscani/FFW

    E o “Dia de Beauté”, como surgiu?

    Antes de ir para a Carta Editorial, quando estava fazendo meu TCC, foi aí que resolvi criar o blog. O Edu Viveiros, do Chic, me mandou o link de um blog de beleza nacional. Eu pensei: “Ah, não. Eu também quero muito, tenho que fazer já. Estou pensando há um tempo e estou aqui ‘comendo bola’”.

    Comecei tirando fotografias dos produtos em uma toalha no chão. Quando fui chamada para a Carta Editorial, seis meses depois da criação do blog, continuei o “Dia de Beauté”. Lá, fazia moda e beleza para a “RG Vogue”, uma matéria por mês para a “Vogue”, e tinha sempre também os especiais, como “Vogue Noivas”, “Vogue Passarelas”, e fazia as revistas dos [shoppings] Iguatemi São Paulo, Campinas e Brasília, e dava consultoria para a Avon. Passei dois anos assim e chegou uma hora que achei que fosse enlouquecer.

    Para completar, por quatro anos, eu também maquiava. Trabalhava durante a semana na Carta Editorial e, às sextas-feiras e aos sábados, passava o dia maquiando. Fazia oitenta coisas, uma hora eu surtei, ainda mais porque já queria focar na beleza, e resolvi ir para Londres passar três meses.

    Quando eu estava em Londres foi quando a Condé Nast se juntou com a Globo, criou a Edições Globo Condé Nast e a “Vogue” saiu da Carta Editorial. Foi uma época um pouco difícil porque ninguém sabia o que ia acontecer e quem ia continuar e quem não. E eu, mega longe já por três meses, recebendo salário, ainda contratada normal; daí, eu fui demitida, mas demitida no esquema “continue fazendo tudo que você faz só que ganhando como freela”.

    Eu então conversei com a Daniela e ela me chamou para ser editora de beleza da “Vogue”. Parei com todos os projetos paralelos e o blog entrou no site da revista. Eu voltei para o Brasil em agosto e, em setembro, já comecei a trabalhar, isso em 2010. Fiquei muito animada, era exatamente o que eu queria.

    O que mudou, na prática, com a saída da Carta Editorial?

    Tudo mudou muito na revista. Abriram-se várias editorias que antes não existiam. Mesmo a editoria de beleza ficou totalmente diferente porque antes a editora, que era a Genia Winitzki, não ficava na redação, era como se ela fosse uma colaboradora, como eu era antes. Para mim, foi uma experiência incrível, também pelo contato mais próximo com a Daniela, que é uma escola, todo dia você aprende alguma coisa.

    Livros e joias do quarto de Victoria Ceridono ©Ricardo Toscani/FFW

    Por que você escolheu a faculdade de Jornalismo?

    Eu sempre tive esta “coisa” com revistas, e com informação, mesmo. Sou aquela pessoa que chega a um hotel e lê tudo o que tem de disponível no quarto. Acho que essa coisa da informação, hoje, está muito mais exacerbada porque há muito mais jeitos de acompanhar, tanto que até cansa.

    Acho que, antes, as pessoas eram muito mais proativas, ou você ia atrás, ou não ia ler sobre aquilo. Eu sempre gostei de ler sobre isso [beleza e moda], assinava a “Capricho” desde muito cedo e não deixava ninguém ler antes de mim, sempre fui muito leitora de revista e, quando surgiu a internet, dos blogs. Não quis Dermatologia porque pensei que iria ficar o dia todo sentada em um consultório, e não ia achar legal.

    Quando entrei na faculdade de Jornalismo, confesso que foi um pouco frustrante. Foi um choque quando eu vi como funcionava. Entrei na PUC-SP direto do colégio, e eu gostei de ter feito a faculdade, mas me incomodava muito o fato de ignorarem completamente esse meio. Tudo bem, eu não estava esperando que tivesse uma aula de jornalismo de moda e beleza, mas tudo que eu tinha de trabalho tentava puxar para o lado do que era o meu interesse e os professores achavam fútil.

    Victoria Ceridono, editora de beleza da “Vogue” brasileira, em seu quarto, onde guarda seu acervo gigantesco de maquiagem ©Ricardo Toscani/FFW

    Como você aprendeu a maquiar, foi autodidata ou fez algum curso?

    Aprendi muito assistindo nos backstages e vendo vídeos. Fiz um curso uma vez desses que você vai à Caleche e compra R$ 50 e ganha uma aulinha do maquiador da Givenchy, mas isso era super nova, então não é que aprendi técnicas incríveis. Outro dia fiz uma aula no Liceu [de Maquiagem], que nunca tinha feito e sempre quis, mas tenho vontade de fazer um curso mais profissional.

    Como é manter o blog em paralelo ao trabalho como editora de beleza da “Vogue”?

    É bem complicado porque apesar de o blog estar dentro do site da “Vogue” e de já ter combinado com a Daniela que às segundas-feiras eu fico em casa trabalhando no blog, isso quase nunca dá certo, quem sabe uma vez por mês, se tanto. É muita coisa para fazer na revista e temos muitos eventos. É uma rotina muito louca, agora pelo menos tenho a Athena [Salvucci] e a Renata [G. Corrêa], que me ajudam. Não é só fazer o blog, tem ainda o Instagram, o Facebook, o Twitter, e as pessoas comentam por todos esses canais e não dá para não ler.

    Você recentemente tem colocado em quase todos os posts do “Dia de Beauté” a política do blog. Aconteceu alguma coisa?

    Os blogs mudaram muito. Eu tenho meu blog há cinco anos e meio e hoje é outro mundo, bem diferente de quando comecei. Há quase três anos, desde que entrei na “Vogue”, não posso fazer nada em relação à publicidade, e mesmo antes, como disse, era bem diferente. Todo esse boom, essa loucura de só ter post pago e todas as marcas querendo sugar o poder de influenciar das blogueiras, ninguém fez por mal, estavam experimentando, e eu só assisti, porque nós [Edições Globo Condé Nast] não podemos fazer nada mesmo.

    O que tenho de anúncio no blog é vendido pela própria “Vogue”, eu não me envolvo e não ganho diretamente com ele. Aí, depois que o layout mudou, eu comecei a fazer a seção “Os Queridinhos da Vez”, e foi ela que deu problema, as pessoas começaram a pensar “que era vendida”. O que acontece é que tenho acesso a todas as novidades, nós recebemos produtos antes de chegarem às lojas, às vezes até três meses antes, e damos na “Vogue”, normalmente, um mês antes. Começaram a falar que aquele conteúdo era pago porque o produto tinha saído em outros blogs na mesma semana.

    Agora eu coloco a política em posts que podem dar problemas, levantar “suspeitas”. Eu não acho que eu deva explicações, só que não me sinto a vontade sabendo que as pessoas estão lendo e interpretando da forma errada.

    Victoria escolheu os seus cinco “essenciais”, aqueles produtos sem os quais não vive sem: o batom “Ruby Woo”, da M.A.C, o blush “Orgasm”, da Nars, o iluminador Touche Éclat, da YSL, a base Face and Body, da M.A.C, e a paleta Naked Basics, da Urban Decay ©Ricardo Toscani/FFW

    Quais conselhos você daria para quem quer ser jornalista de beleza ou moda?

    Hoje é muito mais difícil do que quando comecei. Acho que o mais importante é não ter medo de trabalhar. Já conversei com pessoas do meio, e o que acontece agora é que as pessoas se interessam pela profissão muito por causa da coisa do glamour. Você não vai fazer só o que você gosta, tem que ralar, especialmente no início, e não pode já chegar achando que vai fazer matérias imensas.

    Outro dia estava conversando com uma estilista e ela me disse que a estagiária, que estava só há um mês, veio falar que queria desenhar e estava cansada de cortar moldes. Pô, há um mês, ela não está lá há um ano, óbvio que vai cortar molde no começo e é isso mesmo que ensina a fazer o resto. No Brasil, ainda tem muito esse imediatismo e ninguém quer ser a base, por exemplo, todo mundo quer ser estilista, mas ninguém quer ser modelista.

    Você acha que o curso superior de jornalismo é essencial para trabalhar na área?

    Não, e nem é birra. Não tenho mais birra hoje, mas acho mesmo que não é [essencial]. A Bárbara [Leão de Moura], que é editora de moda e cuida da parte de texto, por exemplo, é arquiteta. Acho que não se aprende a escrever na faculdade, o que se aprende lá é possível aprender em um trabalho. Então, eu faria jornalismo de novo, talvez porque não me vejo fazendo outra coisa, mas não é fundamental, o fundamental é entender que tem que ralar.

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