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    Da favela à passarela: newface Katy Carola é o nome da vez
    Da favela à passarela: newface Katy Carola é o nome da vez
    POR Camila Yahn

     A modelo Carola, pelas lentes do fotógrafo Tato Mendes ©Reprodução

    Kate Rosa Carolina é uma linda negra de 18 anos, e um dos nomes promissores das passarelas. Passista de escola de samba, Kate tem um gingado natural que dá a ela uma expressão corporal única e tão importante para o trabalho de uma modelo. Ela também tem uma história de vida que vale a pena a ser contada, pois é a história de luta de muitos brasileiros. Ela está apenas iniciando o que a gente espera que seja uma grande carreira para ela. No Fashion Rio ela já pegou alguns desfiles, entre eles o da marca Herchcovitch, que abriu o evento. Atualmente ela integra o casting da agência Mega.

    Carola (como assina profissionalmente) viveu – e vive – muitas dificuldades, e mesmo assim tem um sorriso capaz de iluminar qualquer escuridão. Encante-se.

    Como você começou a carreira de modelo?

    Uma pessoa que conheci no Rio em um desfile de uma ONG disse que eu tinha que ir para São Paulo e me indicou para a agência Mega. Meus amigos juntaram dinheiro, cada um deu R$ 10 e eu disse pra minha mãe que estava indo pra ficar em hotel, mas na verdade estava indo para dormir na rodoviária. Levei cobertor, escova de dente e fui. Nem tinha dinheiro para comer, pois tive que comprar um casacão por causa do frio. Com o que sobrou, comprei uma porção de bala.

    E deu certo sua visita na agência?

    Eu não conhecia São Paulo. Fiquei o dia inteiro para achar aquela rua e, quando cheguei, a agência já tinha fechado. Consegui reencontrar a pessoa que havia me indicado, mas tive que voltar para o Rio. E um mês depois vim de novo para São Paulo, com R$ 10 no bolso. O maquiador Rafael Guapiano me arrumou um trabalho num showroom. Eles pagavam R$ 100, mas não cobriam alimentação nem transporte. Mesmo assim ainda consegui mandar um pouco de dinheiro para a minha mãe.

    O que você fazia antes?

    Eu era babá, comecei a trabalhar com 15 anos.

    Você também é passista, não é?

    Sim, da Unidos da Tijuca. Minha mãe trabalha na escola de samba Vila Isabel como aderecista e até minha avó é envolvida nesse meio. Ela tem 73 anos e sai em todas as escolas!

     ©Tato Mendes

    Você chegou a tentar trabalhos como modelo no Rio?

    Eu tinha uma agência no Rio, mas tinha que pegar trem, metrô e ônibus pra chegar lá e não tinha esse dinheiro de condução. Pedi demissão de dois trabalhos para pegar a rescisão e fazer meu book. O último book que fiz saiu por R$ 1.200 e nem veio com as fotos impressas… Agora estou recomeçando.

    Você chegou a São Paulo sem conhecer nada e quase teve que dormir na rua. Agora que você já conhece um pouco mais, o que está achando da cidade?

    Hoje em dia ando pela cidade com facilidade. Mas mesmo no começou eu não me intimidei. A fé que eu tenho não me deixa ter medo. Eu não tenho medo de nada. Passei muita necessidade quando cheguei em São Paulo. Por sorte as outras modelos do apartamento me ajudaram a comprar um pouco de comida. Minha mãe começou a pegar dinheiro emprestado pra me ajudar e eu tive que dizer para ela que estava ganhando bem, mas na verdade estava só comendo pão. Quando vim pra São Paulo, falei pro meu primo pequeno que ia viajar para ficar rica. Ele ligou pra mim e perguntou: “Você já ficou rica?”. Eu respondi: “Você tem que rezar muito!”. E ele: “Ainda não ficou rica? Acho que não estou rezando direito!” (risos).

    Como é a sua vida no Rio?

    Não é fácil, mas acredito que vamos melhorar. Minha casa não tem porta nem janela. O telhado está caindo, quando chove é uma loucura. Minha mãe ganha R$ 600 por mês e paga seguro de saúde do meu sobrinho pequeno. A gente já passou muita dificuldade, de não ter comida mesmo.

    E o seu pai?

    Meus pais se separaram quando eu tinha três anos. Às vezes ele ajuda, às vezes some. Esses dias liguei pra ele e perguntei: “Como o senhor consegue dormir sabendo que seus filhos estão passando fome e morando numa casa daquelas?”. Agora as coisas com ele parecem estar se acertando.

    O que você espera dessa carreira?

    Quero trabalhar muito e ter a chance de mudar minha vida e da minha família. Não sabia nada de moda, agora estou começando a aprender. Acho um universo belo e minha paixão é a passarela. Tanto que chorei o dia inteiro quando me falaram que eu ia conhecer o Paulo Borges… Quero viajar, desfilar, conhecer todo mundo. Mas, mais do que tudo, quero muito tirar minha família de lá. Estou aqui por causa deles. Se fosse só por mim não sei se teria essa força toda.

    *Entrevista publicada na coluna semanal de Paulo Borges, na revista “Isto É Gente”

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