O fotógrafo brasileiro Marcelo Krasilcic com um exemplar de seu livro ©Facebook Marcelo Krasilcic
O fotógrafo brasileiro radicado em Nova York Marcelo Krasilcic inaugurou na semana passada uma exposição na galeria OSMOS, em Nova York, com uma retrospectiva do seu trabalho na década de 90. A mostra segue depois para Paris, onde poderá ser vista na multimarcas Colette. Simultaneamente ele também lança seu primeiro livro, “1990s”.
Krasilcic apresenta a última década do século 20 com um estilo downtown cool bem realista que se tornou tendência estética na época – junto com outros nomes como Juergen Teller e Terry Richardson – e volta agora como referência. Em entrevista para o FFW ele conta um pouco da sua história e inspirações e nos mostra as suas imagens favoritas da exposição.
De onde você é no Brasil e como começou sua carreira em Nova York?
Nasci e cresci em São Paulo. Fui para Nova York estudar fotografia na New York University em 1990 e, logo que terminei a faculdade, já comecei a expor em galerias e fotografar para revistas que acabaram virando referência de toda uma década.
Quem são seus ícones de fotografia e como eles ajudaram você a criar seu olhar?
A Nan Goldin e o Larry Clark revolucionaram a linguagem da fotografia e ajudaram não só a mim, mas a uma geração de fotógrafos a descobrir o quão livre nós podemos ser com a fotografia. Os dois acreditam que fotografam a realidade. Eu pude mergulhar na sua estética, mas como fotógrafo, acredito que posso criar a realidade que quiser.
Ser brasileiro ajuda ou atrapalha? Compare como era nos anos 90 e hoje em dia.
Acho que mudou muita coisa… Minha estética é intrinsicamente ligada ao que eu vi e vivi crescendo no Brasil. Desde os azulejos concretistas, a soltura de asas do “Dancing Days”, até a elegante simetria desequilibrada de São Paulo, tudo me influencia profundamente. Ser brasileiro é e sempre foi maravilhoso. Trazemos uma sensação de bem estar e intimidade além de termos uma reputação excelente na cama.
Os 1990 são uma forte tendência de moda agora. Seu livro chega na hora certa. O que você pretende passar com o livro e a exposição?
Durante um bom tempo não havia muito interesse na década de 90. Talvez por ela fazer parte de um passado recente. Eu fico muito feliz que o lançamento do livro esteja coincidindo com uma onda de eventos voltados a esses anos.
Na década de 90 não existia a internet e só viu essas imagens quem comprou as revistas para as quais eu fotografava ou visitou as exposições que eu fazia. É um grande prazer reintroduzir essas imagens que eu amo tanto e que foram importantes não só em definir minha linguagem fotográfica, mas a linguagem de uma década.
Acima de tudo, eu conto a história de um jovem brasileiro, judeu, gay, em busca de compreensão de si, dos outros, do mundo. Era uma época cheia de incertezas. Mas também uma época em que tudo parecia possível.
Escolha suas cinco fotos favoritas e faça um comentário sobre cada uma delas.
“Sissel hand, 1997”: a mão como um olho no por do sol. Tudo era possível!
“Maggie for switch, 1998”: a americana rica perfeita, mas no fundo vulnerável. A moda como era feita nos 90. A roupa para ilustrar uma ideia.
“Everything but the Girl, 1996”: A dupla Everything but the Girl numa situação produzida e ensaiada. A ideia de realidade construída para contar uma história
“Chloé on the ferry, 1994”: olhos, roupa, mar e céu, todos azuis, e o World Trade Center de fundo! Esse foi um dos primeiros ensaios que fiz com ela, antes mesmo de “Kids”.
“Dad with arms up, 1999”: meu pai de braços ao alto. Exercício? Rendição? Devoção? Ou todos ao mesmo tempo?
GALERIA OSMOS
De terça a sexta, das 11h às 16h
50 E 1st Street
Nova York NY 10003
COLETTE
De 25 de fevereiro a 20 de março
213 Rue Saint-Honoré
Paris