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    “Estava no lugar certo, na hora certa”, diz fotógrafo Bob Gruen
    “Estava no lugar certo, na hora certa”, diz fotógrafo Bob Gruen
    POR Camila Yahn

    Bob Gruen mostra algumas de suas imagens na palestra que fez na Oca, em São Paulo

    “Sempre estive no lugar certo na hora certa”. Essa é a conclusão de Bob Gruen, fotógrafo americano que registrou a realeza do rock nos últimos 40 anos. Ele está no Brasil à convite da mostra “Let´s Rock” e fez uma palestra no pequeno auditório da Oca, onde a exposição fica em cartaz até o dia 27.05.

    Na plateia, um público muito jovem, quase adolescente, ocupava a maior parte das cadeiras. Para uma pessoa que conseguiu algumas de suas melhores fotos de improviso, a palestra foi insossa. Como não havia tradução simultânea, ele falava um parágrafo e parava, para que uma intérprete pudesse repetir em português. O problema é que a moça falava bem inglês, mas não tinha nenhuma referência de música ou dos fatos aos quais Bob se referia. Nomes de artistas como Ike Turner e o fotógrafo Henri Cartier-Bresson eram pronunciados de maneira errada. Isso tirou a espontaneidade e fez com que a apresentação ficasse, de certo modo, sem charme, já que foi hiper planejada. Tanto ele quanto a tradutora falavam enquanto liam suas “colinhas”.

    Mas Bob tem boas histórias para contar. Antes de fotografar estrelas do rock, fazia bicos como Papai Noel e fotografava bebês e obras de museus. Ganhou sua primeira câmera aos sete anos e aos 13 teve uma foto sua, de um incêndio, publicada em um jornal de sua cidade.

    Jovem adulto, ele já morava em Nova York (Greenwich Village, onde vive até hoje) com a banda The Justice League. A gravadora deles viu algumas fotos de Bob e começou a chama-lo para fotografar outros artistas. Essa foi a primeira sorte.

    A segunda, e mais importante, foi uma foto que fez de Ike e Tina Turner, a imagem que mudou sua vida. Ele estava mostrando para os amigos durante um show do casal, quando Ike passou por perto e seu amigo o empurrou para cima de Ike, dizendo: “mostre a foto pra ele!”.  Ike viu, gostou e o chamou para trabalhar. “Minha primeira capa de disco foi para eles, do álbum “Nuff Said”.

    Capa do álbum “Nuff Said”, a primeira fotografada por Bob Gruen ©Reprodução

    Bob foi se desenvolvendo, acompanhado músicos em turnês, colaborando para revistas como “NME”, “Cream” e “Rock Scene” e conhecendo, sem planejar ou até mesmo imaginar, grandes ícones, como David Bowie, John Lennon, Mick Jagger, Bob Dylan, Debbie Harry, mais os meninos dos Ramones, Sex Pistols, Clash, Kiss, New York City Dolls… Ele estava lá antes, durante e depois e participou, de certa forma, de todos os principais movimentos que ocorreram na música até os dias de hoje.

    Muitas fotos são de improviso, como a que tirou de Chuck Berry. “Eu estava sendo expulso do local e consegui bater essa foto dele, praticamente beijando a guitarra”. Ele não sabia, mas ela se tornou uma das imagens mais famosas de Berry. “Fotografei dia e noite bandas, shows, capas de disco, fotos para revistas, publicidade… As revistas não pagavam bem. A ´NME´, por exemplo,  pagava cerca de 35 dólares por foto; as primeiras capas de álbuns que fiz me renderam apenas US$ 300, então eu tinha que trabalhar muito para conseguir pagar o aluguel”, conta.

    Chuck Berry “beijando a guitarra” ©Reprodução

    As décadas de 60 e 70 foram um sonho para quem trabalhava com música. Hoje, tudo funciona de maneira bem diferente. “A música se tornou totalmente corporativa. É muito difícil conseguir acesso para fotografar os artistas, depois conseguir os direitos e as licenças… Então passei a me concentrar no lançamento de livros e exposições sobre o meu trabalho”. Hoje, Bob está trabalhando em uma autobiografia. “Há um fator de medo envolvido no fato de ser um fotógrafo independente. Vivo no medo, mas não deixo que isso me paralise. Churchill disse certa vez: ‘Quando você está passando pelo inferno, continue andando’. Eu gosto da paz e busco a tranquilidade, mas me desenvolvo no caos”.

    Vamos às suas lembranças:

    John & Yoko

    Fui fotografa-los acompanhando um amigo meu jornalista, mas eles estavam esperando por um fotógrafo. Eles haviam acabado de acordar e não estavam de bom humor, então fiquei esperando no lobby do hotel. Estava tremendo de nervoso e vi que jamais conseguiria fazer a foto desse jeito. Quando me acalmei, subi e consegui fazer uma foto feliz deles, na cama. A partir daí comecei a fotografa-los com frequência e nos tornamos grandes amigos. Depois que John morreu, viajei com Yoko para o Japão, um país com o qual mantenho uma relação muito próxima até hoje

    Sean Lennon

    Fiz essa foto de Sean quando ele tinha um mês. John ficou alguns meses sem trabalhar para ficar com o filho. Nunca tinha o visto tão feliz. Depois fiz fotos dele no estúdio com John e, recentemente, fiz uma foto linda dele tocando com sua namorada em um bar em Nova York

    John Lennon X EUA

    Essa foto só ficou famosa depois que ele morreu. Ele estava sendo constantemente censurado e o presidente Nixon queria deportá-lo. Então tivemos a ideia de colocar ele com a Estátua da Liberdade, um dos símbolos dos EUA. Surpreendentemente ninguém quis publicar, com medo de entrar no meio dessa briga política de John

    Última foto de John

    Ele que pediu para eu fazer essa foto. “É o que as pessoas querem ver”, disse, ao agarrar Yoko contra a parede. Ele estava feliz,  pois o álbum deles, “Fantasy”, estava indo bem. Dois dias depois, foi assassinado.

    George Harrison

    Ele fez uma festa no Plaza Hotel, eu ainda não era conhecido, mas fui com meus amigos. Ele chegou em mim e perguntou: “quem é você?”. E eu respondi: Bob Gruen. “Bob Dylan? Você não é Bob Dylan. Ele é meu amigo e eu sei que você não é ele”. E virou-se para o segurança e disse: “Coloque ele para fora”

    Rolling Stones

    Lisa Robinson, hoje editora na “Vanity Fair”, foi quem conseguiu minha primeira credencial para o show dos Rolling Stones, em 1972, no Madison Square Garden. Para mim, eles sempre foram a imagem do rock´n´roll

    The New York Dolls

    Eles assustavam as pessoas, pois estavam sempre testando limites. Uma vez perguntaram a eles se eram bissexuais e eles responderam: “somos trissexuais, topamos qualquer coisa”. Eram meninões bonitos sempre à espera de um beijo.

    Ramones

    Conheci os meninos bem no início da carreira, quando eles nem podiam ter mais de uma guitarra. Dee Dee não podia comprar nem uma sacola plástica! Mas as fotos que fizemos juntos são clássicos da história do rock

    Led Zeppelin

    Eles tinham o seu próprio avião! Essa foto resume os excessos do estilo de vida do rock naquela época

    Alice Cooper & Salvador Dali

    Essa foto foi uma das experiências mais absurdas. Salvador Dali escolheu Cooper como modelo. Ele estava usando diamantes de US$ 2 milhões, guardados por um brutamontes armado, enquanto Dali discursava sobre arte e o real valor das coisas

    Kiss

    Foi uma das bandas mais loucas com quem já trabalhei. Eles eram selvagens! Eu não sou a favor do lema “sexo, drogas e diversão”, mas acho que tem que haver espaço para diversão

    Sex Pistols

    Conheci Malcolm McLaren, produtor dos Pistols, em Nova York. Fui para a Inglaterra em 1976 e ao único contato que tinha era o de Malcolm. Ele disse que ia me apresentar aos Sex Pistols, o que na hora, pareceu detestável, mas no final eles eram legais. Eles eram jovens, arrogantes e livres. Falavam qualquer coisa, mas no ônibus da turnê a atmosfera era outra, eles ouviam reggae e tomavam cerveja

    Sid Vicious

    Sid e eu estávamos comendo um cachorro quente e eu peguei minha câmera para fotografa-lo. Ele disse: “espere um minuto” e lambuzou sua boca com mostarda para combinar com seu botton, que dizia “I’m a mess”. Hoje essa foto faz parte do acervo da National Portrait Gallery, em Londres, e foi selecionada pro David Bowie

    The Clash

    Malcolm me levou a um clube onde conheci Joe Strummer e Mick Jones. Um ano depois, voltei para Londres e entrei em contato com a gravadora deles, que só me falou que eles estavam em Edimburgo. Fui direto para lá e, ao chegar no hotel, dei de cara com Mick no hall. “Você não é aquele fotógrafo de Nova York?”, ele perguntou. Ganhei credencial para fotografar o show e acabei trabalhando com eles em várias turnês. Depois que eles se separaram, parei de ter vontade de viajar com as bandas. Para mim, é uma das bandas que realmente importam

    Bay City Rollers

    Foi a banda que mais me deu dinheiro na vida. Era uma daquelas que faziam as adolescentes berrarem sem parar. Enquanto as revistas compravam uma foto de Dylan e duas dos Rolling Stones, elas comparavam 45 dos City Rollers

    Kate, Johny & Iggy

    Iggy Pop tinha uma coisa que não dá para explicar. Essa foto mostra bem isso. É só olhar para a cara de Kate Moss conversando com ele com tanto entusiasmo e depois ver Johnny Depp, seu namorado na época, olhando para Iggy com uma cara não lá muito boa

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