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    O regionalismo pop do ilustrador alagoano Herbert Loureiro
    O regionalismo pop do ilustrador alagoano Herbert Loureiro
    POR Redação

    “Bureau de pesquisa” (2012), exibido em primeira mão pelo FFW ©Herbie Loureiro

    Para comemorar o lançamento do novo layout, o FFW fez uma seleção de suas apostas em áreas como fotografia, styling, beleza e direção de arte. No entanto, por mais que quiséssemos, não seria possível elencar todos os segmentos, tampouco todos os novos profissionais em que acreditamos. Herbert Loureiro é um destes talentos que, dotado de uma versatilidade característica da geração nascida simultaneamente ao advento da internet, tem potencial para ultrapassar quaisquer barreiras geográficas. O ilustrador alagoano, de apenas 23 anos, é também fotógrafo e designer gráfico, mas são mesmo os pincéis e as aquarelas que nos transportam de forma ímpar para o universo lúdico de Loureiro, em que as referências regionais fundem-se a um universalismo pop dando vida a imagens coloridas e cheias de humor.

    Herbert Loureiro ©Felipe Brasil

    A partir do Estúdio Alba, coletivo que fundou em 2009 ao lado de amigos e das estampas desenvolvidas para marcas como “Alguns Tormentos”, “AP401”, “El Cabriton” e “Is”, Herbert chamou a atenção de editores nacionais e internacionais: seus trabalhos já foram publicados em revistas alternativas como a britânica “AMMÖ”, a argentina “GÖOO” e brasileira “Umag!”, além de já ter participado de cerca de nove exposições – recentemente, inclusive, o alagoano foi convidado pela ABRA (Academia Brasileira de Artes) e pela DM9 para colaborar com o projeto “+ arte”, onde 14 novos artistas de diversas partes do Brasil foram convocados a pintar cédulas de R$ 1,00; com o objetivo de estimular o surgimento de talentos, a ação resultou em um documentário e em mostra que ficou em cartaz por mais de dois meses em São Paulo.

    Em setembro deste ano, Herbert ganha, em Maceió, sua primeira exposição individual. A mostra, que se chamará “Caravana”, tem a ideia de resgatar a cultura dos folguedos (festas populares que possuem caráter religioso ou folclórico, a exemplo do “Bumba-meu-boi”, das “Cavalhadas” e do “Maracatu”), mas transformando-a em algo contemporâneo. A “cultura-viva”, que pode ser percebida como uma das paixões do ilustrador, emociona quem já testemunhou quaisquer desses espetáculos seculares, onde a riqueza étnica do povo transpõem as mais intensas dificuldades.

    “Piercings Givenchy” e “Scusa”, ambos de 2012 e exibidos em primeira mão pelo FFW ©Herbert Loureiro

    O FFW entrevistou Herbert, que comentou um pouco sobre o início de sua carreira, sua ligação com a moda e suas principais referências. Confira abaixo e conheça essa aposta:

    Como você começou a ilustrar? Você possui alguma formação técnica?

    Então, a resposta é aquela clássica, né? Desenho desde pequeno, mas sempre tive a atividade como hobby, não tive nenhum tipo de treinamento formal. Chegava da escola e ficava desenhando. Até que, no segundo ano do colégio, um professor meu de redação viu os meus desenhos e me convidou pra ilustrar o livro de poesia dele. Daí foi um processo intenso ilustrar um livro de poesia como o primeiro trabalho. Daí que vi que poderia ter a ilustração como foco principal em minha vida.

    Você não segue um padrão clássico de ilustração, mas como chegou a esta estética atual?

    Quando eu comecei a desenhar para o livro desse meu professor, eu fazia bastante arte vetorial, mas nunca achei que era aquilo mesmo, sabe? E também pra mim, desenhar não era necessariamente algo que achasse fácil, que eu conseguia fazer rapidamente e eu percebi que poderia usar isso como uma característica do meu trabalho, com um traço mais irregular – tortinho e descomplicado. E daí acho que é um processo que todo mundo que desenha acaba passando. De criar traços os mais singulares possíveis, de ter uma linguagem a ser explorada.

    “Sapatinho” (2012), exibido em primeira mão pelo FFW ©Herbert Loureiro

    Como você inicia uma ilustração? A partir de uma ideia pré-definida ou deixa-se levar?

    Não exatamente sempre, mas boa parte das vezes eu tenho uma frase ou algum conceito que me faz dar início às ilustrações, daí eu começo a desenhar com algo em mente e vou tendo ideias complementares àquela cena, como se tivesse um linha do tempo ou contasse alguma pequena história. É engraçado que fico desenhando e achando graça das ideias e deixando as coisas mais absurdas!

    Seu portfólio é dominado pelas cores. Há algum tipo de exteriorização da sua personalidade a partir delas?

    Hum, acho que sim? Eu sou um pouco elétrico quando estou desenhando. Adoro música alta, cantar junto – minha mãe geralmente reclama. Diz que eu me empolgo demais. E acho que as cores criam essa vibração, ritmo e é esse turbilhão de vontades e ideias simultâneas.

    “Calor da gota modas no Brezil”  ©Herbert Loureiro

    Qual sua parte preferida do processo de ilustração?

    Ter a ideia do que fazer, com certeza! Eu vivo com esse caderninho colado comigo e vou juntando várias ideias absurdas pra começar a desenhar.

    Você utiliza muitos recursos digitais (Photoshop, CorelDraw, etc.) para finalizar as ilustrações?

    Quando eu comecei a desenhar, usava os programas para desenhar, mas me afastei cada vez mais dessa estética. Daí, de uns tempos pra cá, voltei a usar, mas só no processo de colorir as imagens.

    Suas ilustrações tem uma forte ligação com imagens de moda. Como surgiu essa relação?

    Desde pequenininho eu lembro de ver na TV a cabo propagandas – consigo até lembrar de umas tiradas do Tim Blanks como “it’s beautiful and optimistic as you can wish for fashion to be” ou a Erika Palomino falando que a busca dela era pelo novo e era exatamente isso que eu sentia, sabe? De, na moda, ser possível mixar referências opostas e daí criar algo novo e não algo que se anularia mutuamente. E meio que acabou se fazendo essa ligação em que a linguagem da moda pra mim era tão interessante quanto arte. A partir daí eu comecei a conhecer o pessoal que trabalhava com moda na cidade [Maceió], comecei a fazer estampas para camisetas, fotografar moda e perceber a extensão de possibilidades que a área oferece.

    Da série “Everybody loves Carine Roitfeld”, exposta na AAF (Affordable Art Fair), em Bruxelas ©Herbert Loureiro

    Quais são as suas temáticas mais frequentes?

    Depende da época. Às vezes, eu fico fixado com alguma ideia sobre um tema aleatório sobre algo que eu li ou vi na TV. A moda é um tema que é bem frequente, principalmente por ser uma indústria de criar imagens, né? E a cada temporada surgem mais coisas que servem como referência para algum desenho. Gosto também de temas mágicos, bruxas, unicórnios, astrologia – sou viciado! Susan Miller, guia de vida.

    De um tempo pra cá tenho descoberto o folclore local como uma super fonte de inspiração. Até porque quando era pequeno participava de varias atividades relacionadas e acabo tendo essa memória afetiva com a cultura local. De já ter visto minha família correndo cavalhada, de ver bumba-meu-boi na rua e morrer de medo, vários meninos vestidos de “La ursa” pedindo dinheiro no sinal – “La ursa quer dinheiro e quem não dá é pirangueiro”. Não é simplesmente algo genérico. Era perceber a memória, as tradições daqui e até em pensar nessa cultura como uma coisa viva, escrita diariamente. E fiquei imaginando o que seria o folclore no futuro. A mesma coisa que é hoje? E isso pra mim foi tão intrigante que virou o tema da minha primeira exposição solo, chamada “Caravana”, que acontece em setembro aqui em Maceió e é a temática que eu tenho mais revirado desde o começo do ano.

    “Bear” e “Going Bananas”, ambos de 2011 ©Herbert Loureiro

    Você já desenhou estampas para marcas de camisetas, como se deu esse processo colaborativo?

    Para as marcas com que trabalhei, como elas eram mais ligadas à estética do artista do que uma coesão de coleção, o processo sempre foi muito aberto e flexível. Geralmente com carta branca no desenvolvimento, mas esse é só um dos lados, né? Acho que no final das contas o mais importante é a energia que acontece na hora das ideias e de como ela flui pra ambos os lados.

    Você vive de ilustração hoje? Quais são suas outras atividades profissionais?

    Médio! Desde o colégio tenho trabalhado como freelancer em ilustração. Daí, entrei na universidade no curso de jornalismo, e no segundo ano surgiu essa oportunidade de montar um estúdio – www.estudioalba.com – com mais dois amigos e desde lá tenho trabalhado com design, fotografia e web, tendo a ilustração como uma ferramenta para desenvolver os trabalhos.

    “Morra Tentando #1” e “Morra Tentando #2” ©Herbert Loureiro

    Quais são os artistas plásticos que mais te influenciam?

    Nossa, como eu trabalho com o computador, passo o dia online. Daí já viu, né? É aquele turbilhão de coisas incríveis, feitas a partir de ideias simples que mais me chamam atenção. Mas minha primeira referência foi o [Hieronymus] Bosch, desde pequeno, com aqueles cenários e criaturas místicas e o céu e o inferno. Agora, me encanto e impressiono sequencialmente com a grandeza e o humor de Eli Sudbrack, do AVAF, que eu acho genial. São ideias que ele transforma em projetos enormes e vibrantes. Me deixa alegre.

    O trabalho do Leonilson [José Leonilson Berreza Dias] sempre me emociona. É uma delicadeza de construção e ao mesmo tempo uma força enorme. Fico me achando a menor pessoa do mundo vendo aquelas coisas lindas e com emoção tão grande. E disso é algo que eu tenho prestado atenção. É como um impulso, estímulo para também ser cada vez mais pessoal na minha produção também.

    Quais são suas principais referências (música/cinema/literatura, etc)?

    Nossa, aí que complica, né? Sou viciado em ficar online catando música, remixes, coisas novas. Adoro o Hercules & Love Affair e o jeito meio estranho do som da banda e também essa história de ter sempre novos cantores a cada álbum lançado e geralmente com ótimos projetos solos como a Kim Ann Foxman e Aérea Negrot, essa última com um som que eu não consigo relacionar a nada que eu já tenha ouvido. Tenho escutado pra desenhar os cds do Hunx and His Punx, Teu Pai Já Sabe e Younger Lovers, mais rápidos, animados e barulhentos dando o clima que eu curto pra trabalhar.

    Acho que não sou muito fã de cinema porque fico um pouco agitado, daí tem que ser algo bem para prender atenção. “Saló e os 120 dias de Sodoma” é um dos que eu amo, mais pelos choques que eu tive que qualquer outra coisa. E até que tenho lido bastante ultimamente. Acabei de ler o “Súplicas Atendidas” do [Truman] Capote e emendei com o “Só Garotos” da Patti Smith. E os dois me causaram, por diferentes motivos, uma vontade enorme de produzir mais.

    “First comes Love” e “Escola di Modas” ©Herbert Loureiro

    Você tem algum trabalho que sonhe realizar?

    Vários! Já que a música é uma parte tão importante na hora que eu estou desenhando, queria poder criar mais coisas relacionadas à música, com bandas brasileiras como o Holger, a Cibelle ou o CSS. Sem contar também com marcas brasileiras como Ellus 2nd Floor, que tem um alcance incrível e, assim, uma ideia que você tem pra um desenho ou algo do tipo se transforma em uma ferramenta de expressão no guarda-roupa de um monte de gente. Imagina? Lindo, né?

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