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    Livros importados por um preço ok? Conheça a Freebook, em São Paulo
    Livros importados por um preço ok? Conheça a Freebook, em São Paulo
    POR Camila Yahn

    Vista geral da Freebook, em São Paulo ©Freebook

    A Freebook (“free” de livre, não de grátis!), é uma livraria especializada em livros importados que nasceu de uma paixão de família e assim se mantém até hoje. Situada em uma lojinha no número 1924 da avenida Consolação, em São Paulo, não tem nome na porta; a única coisa que a caracteriza são os adesivos de flores de laranjeira na cor roxa na entrada. É fácil passar despercebida, mas é uma pena deixar isso acontecer.

    Especializada em livros ilustrados, a Freebook só trabalha com produtos importados e com preços super competitivos. Maíra, 32, filha do fundador e que toca a livraria com o seu irmão, recebeu o FFW na livraria de 35 anos, 20 no lugar onde está agora, mas com uma cara super atual e contemporânea. “Tudo aqui fomos nós que montamos. Não tínhamos como pagar a um decorador!”. E nem precisa.

    A livraria era fechada ao público e só vendia para clientes fiéis de outras livrarias ou universidades e até hoje, Manuel Teixeira Neto, Petit, como é conhecido no meio editorial, 61, ainda acha esquisito não conhecer as pessoas que tocam na sua porta para comprar livros. “Mas as pessoas vão bater na porta e eu não vou saber quem elas são?”, conta Maíra, imitando as perguntas de seu pai.

    Hoje a Freebook tem 16 funcionários, um e-commerce completo e uma loja bem decorada aberta a quem quiser visitar (e se encantar).

    Maíra, filha de Petit, fundador da livraria ©Andreia Tavares

    Como surgiu a Freebook?

    Quem fundou a livraria foi meu pai. Ele trabalhava com microfilmagem na Volkswagen, era fotógrafo. E foi fundada na época da ditadura, em que a importação não era liberada e os amigos dele sempre procuravam livros. O meu avô antes importava selos, mas sempre teve essa ideia de ter uma livraria. Aí meu pai seguiu os passos e a vontade do pai e começou a trazer livros diferenciados, que eram mais modernos.

    Onde vendia?

    Ele começou trazendo por correio e vendia na sala de casa dele. Saiu da Volkswagen e montou uma estante na sala, na casa onde eu nasci. Aí começou a fazer sucesso e a crescer e mudamos para uma casa que tinha um sobrado em cima e a livraria em baixo. Eu cresci com os livros, literalmente.

    Sempre importados?

    Sempre. O nome Freebook é exatamente por causa disso, na época da ditadura tinha censura e ele tinha que ir lá na Receita Federal liberar tudo. Então Freebook é de livro livre. Naquela época ninguém importava. Os nossos grandes clientes eram a Cultura, a Saraiva, a gente realmente distribuía para todas as livrarias. Aos poucos, as livrarias começaram a importar por conta e a deixar de ser nossos clientes.

    Quando isso aconteceu?

    Algumas no fim da ditadura, logo quando liberou a importação e outras mais para a frente quando o dólar estabilizou. A economia que a gente tem hoje no Brasil é novidade. Tivemos que nos adaptar ao mercado e começamos a vender para lojas conceito, de roupa, de decoração… só que nisso a gente sempre tinha os clientes tipo arquitetos e fotógrafos que gostavam de vir aqui. Só que a loja não tinha cadeira, não tinha ar condicionado… era um depósito mesmo. E eles começaram a pedir para colocar ar condicionado, enfim, para abrir uma livraria mesmo. E o meu pai é livreiro. Eu não, tenho mais um olhar comercial e comecei logo a falar “então tá, vamos abrir um depósito e vamos montar a livraria, colocar no site e começar no varejo e a gente faz um preço de atacado diferente, continuando nos dois mercados.” (risos)

    Saleta de consulta da Freebook, ao fundo da livraria ©Freebook

    Quem faz a curadoria?

    Eu e meu pai juntos. No site tem várias outras coisas, mas aqui é só livro ilustrado mesmo. Pode ser arte, fotografia, moda, pode ser de animais, de carro…

    Porque escolheram esta localização?

    Sempre foi por aqui. O meu pai antes morava ali na Herculano de Freitas, depois foi para a Augusta, uma época em que a livraria da Augusta era só para publicitário, quando a publicidade estava bombando. O mercado publicitário foi minguando e ficou o depósito e a livraria. Juntamos as duas coisas aqui. Então sempre teve um ensaio de abrir uma livraria para o varejo. Quando eu entrei, falei que precisávamos aumentar o negócio, vamos começar a evoluir. Então começamos a fazer o projeto na internet que tem site, e-commerce e tudo e aqui fizemos só livraria, que abrimos em dezembro.

    Como conseguem preço tão bom?

    Por várias razões. A gente traz um volume grande e coloca uma margem muito baixa para conseguir ter um preço competitivo. No dia em que começou a exposição do Damien Hirst, a gente tinha o livro aqui. Acho que o importante é isso. Se você não tá lá, você quer o livro aqui. Ou então, você vai viajar e vê um livro que você amou, você passa aqui e eu encomendo.

    Eu só tenho essa livraria e um depósito. Somos independentes. Na Europa é muito comum. Como eu não faço parte de uma rede, não preciso ter 10 livros iguais em 10 livrarias diferentes e eu faço a curadoria que quiser. Não pago aluguel, não tenho custos que me encarecem e nem tenho pretensão de ter. O nosso negócio é ter a livraria aqui e as pessoas que conhecem vêm pra cá.

    Nós temos os livros ao mesmo tempo que as livrarias de fora. Acho que é isso o negócio da globalização, estar lá (no estrangeiro) ou estar aqui, não importa, as coisas têm que acontecer meio que ao mesmo tempo. Tem alguns livros que são mais caros, mesmo porque são edições especiais. É um livro que, talvez lá fora, você até pagasse menos mas aí tem que pagar frete, avião… a gente já tem aqui.

    As pessoas preferem comprar aqui do que fora do Brasil?

    Muitos dos nossos clientes viajam, voltam com o código do livro ou foto e falam: “eu quero esse”  e compram aqui porque o preço é o mesmo. Livro é um bem cultural e ele não é taxado no mundo inteiro. É diferente de roupa, porque no Brasil roupa tem uma série de impostos que aumenta o preço quase em 60%. Livro não paga imposto porque tem uma lei que o isenta disso. Houve até uma época no governo Lula que ele disse que ia colocar imposto e deu muita confusão porque livro é cultura! O único imposto que pago é o do meu estoque, que todo o mundo paga.

    Vocês trabalham muito com universidades, não?

    Antigamente existia um cartel, então só uma empresa vendia para universidades. O mercado brasileiro era muito pequeno e cada player respeitava o seu espaço. Então a gente trazia ilustrado, outra livraria trazia didático, etc. Como o mercado foi crescendo, todo mundo começou a entrar no mercado de todo o mundo e a gente começou também a participar dos pregões. Foi assim que começamos a ir para as bibliotecas das faculdades. No pregão, que é uma espécie de concurso, o preço tem que ser mesmo super competitivo e a gente se adaptava. Para as faculdades, tem um monte de livro que não fica aqui na loja, tipo biologia, textos mais específicos de negócio, que ficam lá no depósito. Fizemos as bibliotecas de moda da Santa Marcelina, da Anhembi-Morumbi. E existe uma curadoria especial para esse lugar. Por exemplo, agora a Citröen vai inaugurar um novo espaço, e a gente fez uma curadoria especial para eles e vai ter só livros franceses, vai ser uma coisa feita especialmente para eles.

    A saleta de entrada da livraria ©Freebook

    E vocês têm outras parcerias?

    Temos parceria com as agências de publicidade, pois vendemos os  anuários e as revistas de propaganda. Também temos vários clientes de moda, eles vêm aqui e compram Pantone, livros para referência… Decorador também temos muito, mas não temos nenhuma parceira firmada oficialmente. Também tem aquele lado fútil, de pessoas que vêm aqui e falam que querem um livro com a lombada rosa ou verde para combinar com a sala (risos).

    Quais revistas vocês importam?

    Só umas especiais, tipo a “Archive”, a “Mark”, a “Visionnaire”.

    Com que frequência trazem livros?

    Semanalmente. A gente tem um depósito nos Estados Unidos e outro na Europa. Mando os meus pedidos para as editoras, elas mandam para os meus depósitos, eu tenho parcerias que organizam tudo lá para mim, fecham a encomenda e colocam no avião. Também frequentamos as feiras de lançamentos em Londres, Nova York e Frankfurt, que é a mais importante, quando você compra estoque para o ano todo. No meio das editoras somos conhecidos porque fomos a primeira livraria a importar livros para o Brasil. E isso é ótimo, pois quando chega alguma coisa nova, eles já sabem quem somos e mandam convites para eventos.

    O armário onde guardam as obras especiais ©Reprodução

    O que mudou na indústria?

    É uma indústria que mudou muito, se você pegar algumas histórias. Era uma indústria  muito romântica e agora é muito capitalista. Antes tinham festas que o meu pai conta, que já não tem mais. De os editores abrirem as casas, mas aquelas casas maravilhosas, que o cara tem um Monet na parede, festas e lançamentos de livros em museus, dinheiro que hoje não se gasta mais nesse tipo de marketing.

    Quais foram as mudanças no mercado com a internet?

    A Amazon mudou por completo o mercado. Existia uma cadeia que começava na editora que mandava o livro para a distribuidora que vendia para as livrarias. A Amazon foi lá e cortou a cadeia. O livro tem um preço de capa que as livrarias respeitam e não baixam muito esse preço. A Amazon foi lá e deu 30% de desconto. Tanto é que nenhum editor gosta da Amazon. Na Europa, por exemplo, tem uma lei que a Amazon não pode vender com esses descontos. Só nos Estados Unidos é que pode, mas tá rolando uma lei que quer proibir isso, porque fica muito desonesto com os livreiros.

    E o e-book?

    Todas as editoras falam que as vendas são iguais. É uma coisa muito cara para se ter. Tá na nuvem? Quanto custa estar num servidor? E defende-lo de hacker? E fazer os downloads? Tem um custo alto. Aqui no Brasil, em que a média é de um livro para cada três pessoas, ainda não compensa fazer isso. Os caras que fazem a tecnologia querem que isso bombe, mas as pesquisas falam que as pessoas ainda não acompanharam essa tecnologia.

    Quais são seus planos para a Freebook?

    Agora vou fazer ações para as pessoas conhecerem a nossa loja. Mas a ideia é sempre ficar aqui e não ter uma rede, para conseguir manter esse preço competitivo. E claro, crescer online. E continuar pontuando com situações e parcerias específicas.

    Livraria Freebook
    Rua da Consolação, 1924
    01302-001, São Paulo/SP
    (11) 3256-0577
    Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 10h às 19h / Sábado, das 10h às 14h.

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