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    Ícones da fotografia: a pluralidade desafiadora de Steven Meisel
    Ícones da fotografia: a pluralidade desafiadora de Steven Meisel
    POR Redação

    Imagem do editorial “Wild is the Wind”, da “Vogue” italiana de março de 2011 ©Reprodução

    Apesar do estigma de promiscuidade incutido à moda pelos mais ferrenhos críticos, em poucos segmentos é possível encontrar uma parceria tão duradoura quanto a de Steven Meisel com a “Vogue” italiana. A trajetória do fotógrafo e da revista, dirigida por Franca Sozzani desde 1988, parece misturar-se de tal maneira que constitui uma verdadeira simbiose – há quem desconheça, inclusive, a nacionalidade do americano, julgando-o erroneamente italiano. Mas o vínculo perene com a publicação não é o único na carreira de Meisel, que, desde 2004, é o responsável por todas as campanhas publicitárias da Prada. Além dos trabalhos mais comerciais que o tornaram um ícone da fotografia de moda, o americano colaborou com Madonna no livro “Sex”, lançado em 1992 para alavancar as vendas do disco “Erotica”.

    Madonna e Steven Meisel na capa da “New York” e o fotógrafo em uma de suas poucas fotos sozinho ©Reprodução

    O apetite pelo que é polêmico e a busca constante pelo novo fizeram com que a obra do fotógrafo não compreendesse uma única estética; o portfólio de Meisel abrange o colorido e o preto e branco, o bonito e o feio, o kitsch e o minimalista. O alarde de seu trabalho, no entanto, não se estende ao homem que é: se as imagens que cria são sempre mirabolantes, sua personalidade e efígie são pouco conhecidas. Pouco afeito a entrevistas e à autopublicidade, Meisel raramente se deixa retratar e tampouco possui site oficial ou livros próprios. A vida pessoal do fotógrafo, contrariamente à profissional, é marcada pela discrição – apesar de abertamente homossexual, pouco se vê sabe sobre seus relacionamentos afetivos ou sobre suas amizades (à parte à proximidade com nomes fortes no mercado do entretenimento, como Madonna).

    Campanha de Outono/Inverno 2011 da Prada ©Steven Meisel/Reprodução

    A reserva pessoal é motivo de fascínio; como pode alguém tão relevante no mercado da moda – conhecido por seu egocentrismo – ser tão “obscuro”? Nascido em 1954 nos Estados Unidos, Meisel é fascinado pela beleza desde a infância. Em vez de entreter-se com brinquedos, o fotógrafo passava seus dias desenhando mulheres e utilizava revistas, em especial a “Vogue” e a “Harper’s Bazaar”, como fontes de inspiração. E foi a ilustração que Meisel escolheu, inicialmente, como profissão: após cursos na Parsons e na High School of Art and Design, o americano trabalhou na Halston e no “Women’s Wear Daily”, além de lecionar meio período. Mas, de acordo com o próprio Meisel em uma de suas raras entrevistas, concedida a Pierre Alexandre de Looz para a edição #16 (Inverno 2008/2009) da “032c”, algo estava faltando e a fotografia parecia uma evolução.

    Imagem do editorial “Joy to the World”, publicado na “Vogue” americana em dez/2002 ©Steven Meisel/Reprodução

    À época em que trabalhava como ilustrador no “WWD”, Meisel costumava frequentar as agências de modelos com uma câmera fotográfica para tentar capturá-las, quase como um paparazzo. A primeira oportunidade real surgiu através da revista “Seventeen”, que publicou imagens criadas pelo americano em seu apartamento em Gramercy Park, em Nova York, e o convidou para colaborar com frequência. Na entrevista à “032c”, o americano apontou 1979 como o ano em que as pessoas começaram a perceber seu talento – e sua vertente provocativa. Em 1984, Meisel fotografou a capa do álbum “Like a Virgin”, de Madonna – a colaboração com a cantora já rendeu inúmeros projetos, como o já citado livro “Sex” (1992) e campanhas publicitárias, como a de Outono/Inverno 2009 da Louis Vuitton.

    Imagens do livro “Sex”, de Madonna, publicado em 1992 e fotografado por Steven Meisel ©Reprodução

    Imagens do editorial “Smoke and Oil”, publicado na “Vogue” italiana de jan/2009 ©Steven Meisel/Reprodução

    O interesse de Meisel pela música e pelo cinema, no entanto, não de restringe à ligação com Madonna. Em seu trabalho para a “Vogue” italiana, que começou em 1988, é possível perceber referências a estilos e filmes que influenciam o fotógrafo, como editoriais inspirados em “Persona”, de Ingmar Bergman, ou “8 ½”, de Frederico Fellini, além de constantes referências à cultura motociclista. A figura de Meisel, inclusive, se assemelha bastante aos típicos adeptos dessa cultura: sempre portando uma bandana e com longos cabelos negros, o homem que retrata a beleza em suas mais diversas formas aventurou-se, em 1983, em um curta-metragem chamado “Portfolio” e, mais tarde, ao lado de Annie Leibovitz para a GAP. “Eu odeio”, afirmou o americano sobre estar do outro lado das câmeras.

    – O curta-metragem “Portfolio”, de 1983: 

    Voltando à “Vogue” italiana, a parceria de mais de 20 anos é, para Meisel, a chance de expressar-se em sua forma plena: “Em termos das revistas “Vogue” com as quais trabalho, com certeza a italiana é a que mais me permite fazer mais ou menos o que eu quero. Não que eles não eliminem coisas, mas isso não acontece com frequência; tem sido o canal mais criativo que possuo. Costumo pensar que a Itália é muito conservadora, o que é estranho, eu sei. Franca Sozzani, a editora-chefe, me dá espaço e muito apoio. Nós trabalhamos juntos antes da “Vogue” italiana, quando ela ainda não era editora, em outra revista chamada “Lei”. E lá havia uma versão masculina, a “Per Lui”. Ela realmente gosta do que eu faço e sou grato”, justificou a longevidade da colaboração à “032c”.

    Imagens do editorial “Haute Mess”, publicado na “Vogue” italiana de março de 2012 ©Steven Meisel/Reprodução

    Imagem do editorial “Organized Robots”, publicado na “Vogue” italiana de março de 2006 ©Steven Meisel/Reprodução

    Foi a confiança de Sozzani que permitiu a Meisel dar vida a imagens que contestam e satirizam o universo da moda, bem como criar verdadeiros manifestos. Em julho de 2008, a “Vogue” italiana publicou uma edição totalmente dedicada à beleza negra. Idealizada pelo americano como forma de protesto ao racismo na moda, a “Black Issue” é apenas um dos vários números da revista que propuseram ao leitor refletir sobre os rumos comportamentais do mercado e da própria sociedade. Em agosto de 2005, a “Makeover Madness” trouxe Linda Evangelista e outras modelos viciadas em cirurgias plásticas; além de outros tantos editoriais que simulam a internação de jovens em clínicas de reabilitação, banhadas em óleo (“The Latest Wave”, de agosto de 2010) ou simplesmente retratando belas mulheres plus-size (“Belle Vere”, de junho de 2011).

    Capas de algumas edições da “Vogue” italiana: “A Black Issue”, de julho de 2008; “Makeover Madness”, de agosto de 2005; “The Latest Wave”, agosto de 2010; “#Overthetop”, de março de 2012; “Highly Style”, de novembro de 2011; e “Belle Vere”, de junho de 2011 ©Steven Meisel/Reprodução

    No entanto, dotado de imenso talento e sabedoria mercadológica, Meisel não vive apenas de polêmica e sátira. Além do trabalho autoral que publica mensalmente na revista comandada por Sozzani, o fotógrafo colabora com frequência com a “Vogue” americana, de Anna Wintour. Na publicidade, é o preferido de Miuccia Prada, mas também da Louis Vuitton, Balenciaga, Dolce & Gabbana e Lanvin. E também é considerado um homem generoso, e sagaz: com o poder que tem, é responsável pela “descoberta” e promoção da carreira de nomes como Linda Evangelista, Naomi Campbell, Christy Turlington, Kristen McMenamy, Coco Rocha, Karen Elson, Raquel Zimmermann e outras tantas. Ser retratada, ou auxiliar Meisel na produção de suas fotografias, é o sonho que qualquer profissional que inicia pelos tortuosos caminhos da moda.

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