Todos os holofotes estão em Nicki Minaj, que lança seu álbum de estreia, “Pink Friday”, nesta sexta-feira (19). Além do disco, será exibido pela MTV americana o documentário “Its My Time”, que acompanhou a gravação e ascenção de Nicki _nascida Onika Tanya Mara_ à fama.
Trajetória que não começou agora: desde 2004 ela lança mixtapes, e era anti-musa do hip-hop underground. Antes de assinar com a Universal Motown, sua gravadora atual, Minaj passou por um leilão de selos e empresários que disputavam seu (hoje milionário) passe.
Em 13 faixas e 50 minutos, o disco coleciona participações estelares: Rihanna em “Fly”, Kanye West em “Blazin” (onde canta “Acho que sou Marc Jacobs/ Acho que sou Lagerfeld”). Mas a boa surpresa fica com Eminem, na antológica “Roman’s Revenge”, um rap agressivo e proibido para menores, onde Nicki evoca uma personalidade a cada verso.
Em “I’m The Best”, ela se inspira grupos de hip-hop dos anos 1990 como Salt ‘N Pepa; o electro glitterizado dos anos 2000 em “Your Love” (com sample de Eurorythmics), e o humor excêntrico dos anos 1980 em “Check it Out”, produzida por will.i.am com um genial sample de “Video Killed The Radio Star”.
Nicki Minaj feat. will.i.am – “Check It Out”
Seu visual extravagante se adequa bem aos padrões do pop elevados por Gaga, às vezes beirando o cosplay. E Nicki não esconde que sua persona pública é absolutamente inventada, seja com perucas e figurino, seja com a própria voz. Ironicamente, a sua maior qualidade é o ponto fraco de “Pink Friday”: falta verdade.
A voz soterrada por auto-tune, a atmosfera clubber de uma noite que nunca acaba, os beats ressonantes, mais samples do que é possível contar… Fica a impressão de que Nicki não é humana. E, vale lembrar, não existe popstar sem carisma.
A embalagem pop-chiclete de “Pink Friday” é amigável para rádios, lucrativa para gravadora e de fácil adesão no YouTube. Mas o que Nicki oferece de melhor ao showbizz é a sua inegável esquisitice _o tipo que remete à Cyndi Lauper ou Boy George. Já estava mesmo na hora do pop esquecer seus padrões óbvios do que é sexy, bonito ou interessante. Não importa qual seja o seu disfarce.
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