Alisson Göthz abre nesta quarta-feira (16.03) a sua primeira exposição individual no Brasil, “Planeta Göthz”, na Galeria Mezanino, em São Paulo. Para quem não conhece, Alisson é figura notória da noite paulistana: discoteca em diversas festas e escreve sobre música na internet. À convite do curador Renato de Cara, a mostra contém autoretratos que Alisson tira há mais de 10 anos, num remix de ícones da cultura pop: pense em Andy Warhol, Grace Jones, David Bowie, Nina Hagen e Leigh Bowery.
O resultado — personas de gênero indecifrável e senso de humor afiado — pode ser visto pela noite paulistana, ou até dia 31.04 na galeria. O FFW conversou com Göthz sobre a exposição, sua coleção de maquiagem e outras curiosidades. Confira:
O que veio primeiro, a fotografia ou os personagens?
A noite veio primeiro! Me montava pra ir às festas e os personagens foram surgindo disso. Já registrava tudo em foto, mas era apenas pro meu acervo pessoal. Na época do Fotolog comecei a postá-las e o interesse em transformar isso em algo mais sério surgiu daí. De repente teve gente chamando isso tudo de “arte”, e eu fui atrás… [risos]
Em que momento entraram as colagens digitais? Como elas mudaram esse trabalho?
Foi mesmo na época do Fotolog, quando as pessoas começaram a prestar mais atenção nas fotos e eu me empolguei a produzir mais. Eu gosto de trabalhar com esse suporte digital pois assim posso fazer tudo sozinho, sem depender de ninguém… eu tenho a ideia e corro pro computador, e com sorte ela fica pronta até poucos minutos depois.
Ambiguidade de gênero e sexualidade são elementos associados às suas fotos e personas– você concorda com isso?
Procuro sempre aparecer com um personagem onde você não sabe bem se é homem ou mulher, mesmo pessoalmente quem me vê não sabe se eu sou drag, transformista, palhaço ou apenas um cara maquiado. Eu gosto de brincar com isso pois acho que esta confusão gera uma discussão legal na cabeça das pessoas.
Alisson com um dos seus looks na noite, em foto tirada na Balada Mixta, em SP ©Reprodução/IHateFlash!
Quanto tempo leva para “se montar” e entrar no personagem?
Geralmente umas duas horas, às vezes mais. Mas isso acontece porque para mim o ato de produzir a montação toda é uma diversão, então o tempo acaba passando e eu nem percebo!
Você coleciona alguma coisa?
Já tive dezenas de coleções, das mais absurdas possíveis, mas já faz um bom tempo que estou colecionando apenas brinquedos (de verdade, nada de “toy art”) e discos de vinil.
Qual é o tamanho da sua coleção de maquiagem?
Cabe numa caixinha! [risos] Eu tenho mais roupas do que make.
Esta não é a sua primeira exposição, certo? Quais outras você já fez?
É a minha primeira exposição individual aqui no Brasil. Por aqui já fiz outras coletivas, sempre representando a Galeria Mezanino. Ano passado fiz minha primeira individual na Finlândia, como parte de uma residência na cidade de Turku, atual Capital Européia da Cultura.
Fala um pouco sobre a exposição da Finlândia, da perfomance e da experiência toda…
Ia diariamente à galeria, me montava e registrava tudo em foto. O público que visitava o espaço podia ver em tempo real tudo acontecendo. As fotos prontas eram colocadas na parede, como um “work in progress”. Foi muito divertido de fazer.