Imagem do filme “Viagem à Lua” de Georges Méliès ©REprodução
O espaço é uma ideia fascinante e misteriosa, que até hoje inspira várias áreas da arte, desde a arquitetura à moda, música e cinema. Em um artigo publicado pelo WGSN, entendemos melhor o porquê das descobertas espaciais influenciarem a nossa cultura. Se olharmos para a história das descobertas do universo desde a revelação de Galileu – “A terra é redonda” – até a afirmação do astrofísico pop Neil deGrasse Tyson de que “Somos todos poeira cósmica”, percebemos que são revelações que tratam da nossa vida e do nosso futuro.
Moby não se enganou quando compôs “We are all made of Stars”. Somos mesmo todos feitos de estrelas, e o melhor? Está provado cientificamente. Em uma época em que a grande tendência é encontrar beleza no inesperado e no desconhecido, como aliás já tínhamos ouvido do WGSN, cientistas descobrem que o nosso DNA veio de uma explosão espacial há muitos milhares de anos.
O mês de abril de 2011 marcou 50 anos que Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir para o espaço, acendeu a imaginação do mundo por meio das imagens que fez em sua “viagem” e influenciou a cultura pop na literatura, na arte, na música, na TV e no cinema. Em abril de 1961, em sua nave Vostok 1, Gagarin completou uma órbita completa da Terra. Esta volta demorou apenas 108 minutos, mas mudou a percepção do mundo – o que era ficção cientifica tornou-se realidade. A Era do Espaço havia chegado. A vitória russa ecoou pelo mundo e abriu caminhos para uma “guerra” com os Estados Unidos que, antes do fim da década, colocou um homem na lua. Nesta época, a imagem do astronauta enquanto ícone do século XX nasceu e a década viu uma explosão de cultura relacionada com o tema do espaço.
Existe um forte apetite por tudo o que é relacionado ao espaço, que certamente ganhará mais força quando ainda este ano, os primeiros turistas espaciais decolarem a bordo da “invenção” de Richard Branson, a Virgin Galactic.
Poster soviético de 1961 com a imagem de Yuri Gagarin ©Reprodução
Novas Fronteiras
A influência de Gagarin reflete as aventuras, a vontade de conhecer e o lado curioso dos elementos da corrida ao espaço. A televisão norte-americana foi a primeira a participar desta onda com uma série de programas e seriados, que não só despertavam a atenção e o humor dos adultos, como o seriado “Star Trek”, como também faziam voar a imaginação das crianças com a família futurista “Os Jetsons”.
A tripulação de “Star Trek” ©Reprodução
Musicalmente, este conceito permitia a criação de novos e diferentes sons e efeitos visuais com algum sentido de humor “cósmico” ou algum outro absurdo. A MTV passou uma fase apaixonada pelo tema e exibia inúmeros vídeos de música relacionados com o espaço, paixão que a música pop alimenta até hoje. Sucessos antigos como “Man on the Moon”, do REM, ou mais recentes, como“Intergalactic”, do Beastie Boys, revelam a relação que a música tem com o imaginário espacial.
O look futurista de David Bowie é um dos marcos dos anos 70 e recentemente foi lembrado em capas da “Rolling Stones” e “Vogue” francesa. No clássico “Space Oddity”, Bowie conta a sua versão de uma viagem espacial. “Dark side of the Moon”, disco auge do Pink Floyd, é outro exemplo de como temas relacionados ao espaço influenciaram a música pop.
REM – “Man on the Moon”
David Bowie – “Space Oddity”
Na literatura, o “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, a obra de Pierre Boulle “Planeta dos Macacos”, e o livro de Arthur C Clarke, escrito em paralelo com o filme de Kubrick, “2001: Odisseia no Espaço”, dão ao leitor a oportunidade de imaginar como seriam esses mundos distantes.
No cinema, o curta-metragem de Georges Méliès, “Viagem à Lua”, mostra uma das visões fantasiosas que os homens possuíam da Lua, mas foi “Star Wars”, de George Lucas, que ajudou a escalada da indústria cinematográfica com filmes de ficção. Com “2001: Odisseia no Espaço”, o teor cômico e das viagens espaciais foi posto de lado e o “desconhecido espacial” começou a ser visto com mais seriedade e, em alguns casos, como uma ameaça aos homens. Já “Barbarella”, de Roger Vadin, é também uma divertida aula da moda futurista dos anos 60.
Jane Fonda como Barbarella (1968) ©Reprodução
Essa ameaça do desconhecido à raça humana ainda é muito retratada no cinema. Filmes apocalípticos, como “Dia da Independência”, e mais recentemente o de Lars Von Trier, “Melancolia”, mostram a tensão que o medo do fim do mundo gera na humanidade.
O trailer de “Melancolia”, de Lars Von Trier:
Na moda, três estilistas destacaram-se como criadores da chamada “Space Age”. Em 1964, o pioneiro André Courrèges lançou a coleção Spage Age, seguido por Paco Rabanne em 1966, com a sua interpretação do tema futurista, criando roupas de plástico e metal. No mesmo ano, Pierre Cardin criava a sua versão do look “Space Age” com chapéus com formato de capacetes espaciais e vestidos aerodinâmicos. Nos três videos abaixo, podemos ver essa influência no trabalho dos designers.
André Courrèges:
Pierre Cardin:
Paco Rabanne:
Hoje, a influência é traduzida de outra forma. As viagens ao espaço propriamente ditas tornaram-se comuns e hoje, o que causa espanto e admiração são as descobertas científicas de moléculas e galáxias distantes. E as peças mostram estampas iridescentes e estelares, e tecidos metalizados e plastificados, que ajudam a criar uma cor não identificável, desenvolvidos com alta tecnologia.
Givenchy, Chanel e Alexander McQueen: todos apostam nas iridescências ©Reprodução
Para finalizar, no vídeo abaixo, o astrofísico Neil deGrasse Tyson explica por que é fascinado pelas recentes descobertas da ciência sobre o espaço: “Estamos todos conectados, uns aos outros, biologicamente; com a Terra, quimicamente; e com o resto do universo, atomicamente. Nós estamos no universo e o universo está em nós”.