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    Jovens empreendedores: o atelier de joias artesanais na Vila Madalena
    Jovens empreendedores: o atelier de joias artesanais na Vila Madalena
    POR Camila Yahn

    A fachada da loja na Vila Madalena ©Ricardo Toscani/FFW

    Quem passeia pela Vila Madalena descobre, muitas vezes, entre as lojas, bares e ateliers, lugares que vale a pena conhecer melhor. Em um desses passeios, nos deparamos com a vitrine da SouSou, uma loja pequena, mas muito convidativa no número 355 da rua Aspicuelta.

    Satya Spindel, designer de joias, 34, herdou da sua mãe, Lucia Regueira, a paixão por joias e por trabalhos manuais. Satya começou trabalhando com a mãe no seu atelier na Vila Madalena, não para fazer joias, mas sim para fazer os seus trabalhos de artes plásticas, o tema que cursou. Apaixonada por trabalhos manuais, logo se interessou pela joalheria até que abriu as portas da SouSou. A loja tem as peças da sua mãe, que trabalha muito com pedraria, e as criações de Satya, mais jovens e modernas, que estão nas mãos, orelhas e nas conversas dos grupos de meninas antenadas da Vila.

    No sábado (28.07), tocamos a campainha da loja onde Satya nos contou como começou a SouSou, como funciona o seu processo de trabalho e como é sair de um atelier fechado para criar o seu próprio negócio, aberto ao público.

    A designer Stya Spindel ©Ricardo Toscani/FFW

    A sua mãe é designer de joias também. Ela teve influência na sua escolha?

    A história é engraçada. Quando éramos pequenos, meus pais eram meio hippies e por conta disso já moramos em vários lugares. Eles fizeram uma comunidade, toda com base em ideias autossustentáveis, que acabou juntando gente do mundo todo. Minha mãe é de Recife e é advogada e na época era comum que os jovens de famílias tradicionais saíssem para a vida. Quando a gente veio para São Paulo, eu tinha nove anos, e a minha mãe continuou com esse trabalho artístico voltado pra joalheria. Apesar de ser advogada, ela tem esse lado criativo e gostar de desenhar e criar. Nunca eu imaginei que iria fazer isso e hoje em dia não consigo me imaginar fazendo outra coisa.

    E como você começou?

    Quando me formei, ela tinha um atelier que dividia com uma artista plástica que deixou o espaço, e ela perguntou se eu queria ir para lá, para fazer os meus trabalhos. Nisso eu fiquei em contato com a oficina. Eu tenho essa veia manual, de escultura, de mexer com a mão mesmo. Em contato com ela e com o atelier eu comecei a mexer, a criar e a fazer coisas. Criei umas coleções de brincos e outras peças que ela apresentou para as clientes e foi assim que começou. Não foi nada que eu pensei, “vou ser designer de joias”.

    Como isso se transformou na SouSou?

    A SouSou tem seis anos, antes era Atelier 938, que era o número da casa. A minha mãe já expunha na Benedito Calixto, no MASP, na feira de antiguidades, mas eu comecei a sentir a necessidade de mostrar para um público maior. Era sempre uma cliente que falava para outra, a gente nem fazia nenhuma divulgação. E eu queria abrir uma loja, ir para rua para as pessoas verem. Comecei a procurar uma casinha e achei essa onde estamos até hoje. Aí foi aquela coisa: temos uma loja, agora temos que criar o nome e pensar em tudo.

    Colares e brincos em prata com banho de ouro rosa ©Ricardo Toscani/FFW

    E de onde vem esse nome?

    SouSou partiu da minha sogra. Eram milhares de nomes e eram várias opiniões, estava difícil de decidir! (risos) Sousou é de “eu sou”. Na verdade ficou decidido quando a minha mãe foi numa numeróloga, apesar de não sermos nada místicas. E ela falou que SouSou era ótimo porque parecia de alma, de ser, e o número que dava era muito bom, e então a gente fechou! Eu criei o logo do espelhinho, que simboliza você no espelho, uma brincadeira com a repetição do nome.

    Como foi para a sua mãe abrir para um público que ela não conhecia?

    O fato de ela ter as clientes dela ajudou muito na hora de abrir a loja. Porque a Vila Madalena é um bairro em que as pessoas têm uma ilusão de que se abrir uma loja aqui vai dar certo, mas muitas fecham. A bagagem e as clientes da minha mãe deram uma força no começo. E eu trouxe uma mudança, uma energia diferente, uma coisa mais jovem, mais dinâmica. Ela nunca foi contra, mas tinha sempre mais dúvidas do que eu. Hoje, a loja tem milhares de outras clientes que vieram através das que já existiam e muitas vieram da rua mesmo, de passar e ver. E claro, de Facebook e redes sociais, que também ajudam muito. Hoje ela tem a coleção dela e também cuida do financeiro.

    Desenhos e montagens de peças de Lucia Regueira, mãe de Satya ©Ricardo Toscani/FFW

    De onde tira as suas inspirações?

    Do dia-a-dia, da vida mesmo e de coisas que eu vou vendo. A cabeça não para. E também busco em revistas e na internet. A partir de uma imagem eu começo a pensar em uma coisa e vêm outras. Às vezes eu penso que quero fazer uma série temática, como a coleção oriental, que fiz as gueixinhas e as flores de cerejeira. Tem outras vezes que, a partir de uma peça, começo a criar a coleção inteira, sem um tema que me guie. Não há muita regra.

    E sempre desenha primeiro?

    Às vezes acontece de eu fazer um desenho que no metal não funciona. Eu sempre faço a primeira peça, em prata, e às vezes não tem como a minha funcionária repetir ou eu fazer outra igual, se não tiver o molde, porque é muito trabalhoso, tem muito detalhe. Às vezes leva o dia inteiro para fazer uma peça!

    Os desenhos de Satya do lado da peça real ©Ricardo Toscani/FFW

    Quantas pessoas trabalham atualmente na SouSou?

    Agora são três pessoas na oficina. Depois tem uma secretária que organiza os banhos, as entregas, etc. E na loja tem a minha irmã e uma funcionária.

    E agora tem loja online também…

    Verdade, é recente, faz três semanas que lançou, e está muito legal. As pessoas pediam muito, mas o que acontece é que as pessoas veem na loja online, mas vêm comprar na loja física, porque querem experimentar e ver. É mais uma forma de divulgação, além de um facilitador.

    E em termos de investimento, como é para você ter o próprio negócio?

    É difícil ter o próprio negócio. O investimento inicial não foi muito alto, teve uma reforma que durou uns três meses. A gente nunca teve um investimento grande no sentido de separar tantos mil reais para investir em marketing e outras coisas. Sempre foi uma coisa que fomos fazendo com o que tínhamos e seguimos passo a passo. Não temos um sócio investidor nem tentamos vender o projeto. Hoje em dia eu sinto bastante o retorno de todo esse trabalho, você vê que cada vez está indo melhor. A gente nunca teve muito dinheiro para pegar e investir, porque se a gente tivesse, investiria em marketing e assessoria! É uma coisa que anda mais devagar, mas vai indo.

    Fundindo uma peça no atelier da SouSou e os desenhos de Satya ©Satya Spindel/Reprodução

    Qual é o diferencial da sua marca?

    Está rolando esse movimento mais voltado para as coisas artesanais e feitas à mão. Como está tudo crescendo muito, com as coisas vindas da China, as pessoas estão começando a valorizar uma coisa diferenciada, que não é feita para a massa. E isso está vindo como uma resposta. Precisamente por ser artesanal, nós conseguimos dar um suporte muito grande. Se a peça quebra, as pessoas podem trazer aqui sem problema. Nós temos um preço acessível, mas também não é barato, então damos todo o suporte depois da compra. E mantemos uma relação bacana com o consumidor. E tem as clientes que marcam com a gente para desenvolver uma peça sob encomenda. As pessoas gostam de ter essa relação com o artista, querem conhecer o atelier, ver como é. É a valorização do artesanal.

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