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    FFW Varejo: representantes de e-commerces falam sobre a realidade da indústria no país
    FFW Varejo: representantes de e-commerces falam sobre a realidade da indústria no país
    POR Augusto Mariotti

    Por Raisa Carlos de Andrade, em colaboração para o FFW

    Um dos segmentos que mais crescem no mercado de moda, o e-commerce já não deixa dúvidas de que é um território fértil no Brasil. “A categoria ‘Moda e Acessórios’ atingiu pela primeira vez a liderança de vendas online, com 13,7% dos pedidos do primeiro semestre, tomando a liderança dos eletrodomésticos”, destaca Malte Huffmann, sócio-fundador da Dafiti. Durante o SPFW Inverno 2014, conversamos com representantes das lojas virtuais e-closet, OQVestir, Farfetch e Dafiti para uma noção mais clara desta linha de varejo e para descobrir o que é apontado por eles, que dialogam com o consumidor em outro formato, como principais tendências para o Inverno 2014.

    Camila Espinosa e Giovanna Motta, sócias-fundadoras do e-closet

    Camila Espinosa e Giovanna Motta, sócias-fundadoras do e-closet ©Ricardo Toscani

    Quais desfiles vocês conseguiram ver nessa temporada de SPFW?

    A gente veio na Animale, no Pedro Lourenço e na Gloria Coelho. A semana está corrida e escolhemos a dedo os desfiles que queremos ver, das marcas parceiras. Achei que a Gloria trouxe uma vida nova para a coleção dela. Gostei das leggings com vestidos por cima, dos óculos… Achei tudo deslumbrante, impecável.

    O que a brasileira vai vestir no Inverno 2014?

    Estamos apostando muito nas saias midi. A princípio pode até parecer estranho que a brasileira aposte, mas acho que a mulher contemporânea vai usar muita saia no inverno.

    A amplitude do Brasil traz uma diferença no interesse das clientes?

    A diferença começa por uma questão climática. A coleção de inverno tem uma saída menor para o nordeste e maior para São Paulo e para o Sul. Cores e estampas são muito vendidas para cidades de praia. No Rio vendemos muito biquíni…

    Qual o perfil da consumidora do e-closet?

    É uma cliente moderna, entre 35 e 45 anos. Ela não faz questão de bater perna, ir às lojas. Não tem tempo. Uma mulher que trabalha demais e não tem tempo a perder na vida. Ela quer o serviço, acima de tudo. A entrega em tempo recorde na casa dela. Aqui em São Paulo entregamos no mesmo dia. A cliente compra de manhã e no final da tarde a roupa já está na casa dela. Nosso e-commerce tem a entrega mais rápida.

    Investir em e-commerce é uma boa estratégia no Brasil?

    O e-closet foi o primeiro e-commerce de moda premium. Está no mercado há cinco anos e pouco. Fomos pioneiras, não tinha ninguém fazendo isso. É algo que só está crescendo, mas ainda existe um certo receio. O e-commerce no Brasil ainda é muito pequeno, comparado ao que pode chegar. Lá fora o faturamento em todos os setores de e-commerce é uma coisa gigantesca. Estamos super animadas porque ficamos em primeiro lugar na categoria de roupas e acessórios do ranking do E-bit. Hoje temos no e-closet 60 marcas selecionadas. Nosso diferencial é não querer ser um grande shopping e sim uma boutique. Tudo é super exclusivo, nós mesmas fazemos a curadoria. Temos o cuidado de nunca colocar uma marca na qual não acreditamos. Vamos com nosso olhar e escolhemos o que é legal da coleção. Isso faz com que a nossa cliente tenha muita confiança no nosso trabalho. Ela sabe que vai entrar no e-closet e encontrar o mais legal de cada coleção.

    Juliana Franco, editora de moda do OQVestir

    Juliana Franco, editora de moda do OQVestir ©Rodrigo Zorzi/Reprodução

    O que achou dos desfiles do SPFW?

    Consegui ver menos desfiles do que gostaria. Vi Tufi, Uma, Lino, Osklen e Animale. Destas, vendemos Animale, mas de qualquer forma tenho a missão de levar moda para dentro do site. Vim de revista e cubro moda em geral. Tem muita coisa que a gente adora, mas não encontra público para dentro do site. E nem por isso a gente deixa de cobrir, de se interessar.

    Como está o varejo no Brasil?

    O varejo de moda está mudando. Temos cada vez mais pessoas com informação de moda espalhadas pelo Brasil. O Brasil é um país de dimensões enormes e não é só Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Tem muita gente em lugares que a gente nem imagina, com informação e desejo de compra. E aí que eu acho que o e-commerce faz o seu papel, que é muito legal. É uma multimarcas com proporções muito maiores do que essas cidades estão acostumadas a ter.

    Qual o perfil da cliente do OQVestir?

    Como a gente tem 180 marcas, o perfil varia de acordo com o que ela compra. Se eu tenho uma mulher de São Paulo comprando uma marca como a Mixed, ela tem um perfil. Mas eu tenho mulheres super jovens, que compram Farm, tem a Schutz, que é bem abrangente… O perfil da consumidora tem muito a ver com onde ela está e que idade ela tem. Atendemos a um público bem amplo, que começa perto dos 20 e vai até aos 40. Lógico que também temos clientes fora dessa faixa, mas em geral, é isso.

    Qual marca é a mais comprada por vocês a cada coleção?

    A gente sempre tem a pergunta de que marca que mais vende. Isso varia de temporada para temporada. No verão, a gente tem uma oferta enorme de moda praia, marcas cariocas que são a cara do verão, como a Farm, e no inverno esse cenário muda. A gente não consegue especificar que marca vende mais. É um mix de marcas. Depende da coleção, depende do que a imprensa gosta mais, do que sai mais na mídia…

    Como você vê o mercado de e-commerce no país?

    Acho que agora que consolidou. Começamos em 2009. Tem um relatório, chamado web shopper, que analisa toda a compra da internet do Brasil. Nessa época, nem existia parâmetro para a moda. A moda era tão ínfima que nem relatavam. Hoje, em 2013, a moda passou a ser o primeiro lugar. Ou seja, de todas as compras que são feitas na internet, 13,7% são vendas de moda. Isso deixa a gente com uma fatia enorme de um mercado de 28 milhões. Antes era uma aposta, agora é uma certeza.

    E como o e-commerce brasileiro pode lidar com a concorrência internacional?

    A gente sabe que no Brasil tem milhões de questões alfandegárias e que o país possui marcas com características muito próprias. Fizemos um e-commerce para a mulher brasileira. Pensando no corpo, no gosto da mulher brasileira. É um mix para ela. Por isso acho que a gente consegue vencer essas barreiras. Sim, os e-commerces internacionais vão chegar por aqui, cada vez mais. E acho que é bem vindo, porque abre portas. Vai tirando o medo da compra online, que é algo saudável e que estava faltando para o mercado do e-commerce de moda poder crescer.

    Quais são suas apostas para o próximo inverno?

    No inverno do ano que vem continua o moletom, mas um moletom rebuscado, com brilho. Acho que isso vai ser legal. A brasileira é super feminina e a gente tem um inverno tropical. Ela não gosta muito de se cobrir. Acho que o vermelho vai emplacar muito. A gente já tem visto aqui e nas passarelas internacionais o branco na alfaiataria, que tem tudo a ver com nosso inverno, que não é tão gélido, e a brasileira fica linda e gosta.

    Dany Von Atzingen, gerente de PR da Farfetch

    Dany Von Atzingen, gerente de PR da Farfetch ©Ricardo Toscani

    O que você achou do que assistiu nos desfiles de inverno no SPFW?

    Gostei muito desse jogo de texturas da Osklen, com muitos materiais diferentes, o shape bem confortável. Gostei muito da Juliana Jabour, bem girl, descontraída, gostei muito do Vitorino Campos, super minimalista, propondo um inverno bem branco, clean. Adorei o trabalho apresentado pela Amapô, artesanal, couro super bem trabalhado. Gostei do shape também, para uma mulher moderna, jovem e sofisticada.

    Qual o perfil da cliente Farfetch?

    Nossa cliente tem uma faixa etária entre 30 e 45 anos, que deseja muitas marcas, a peça da estação, até a mulher que busca a moda mais conceitual. Uma mulher que busca produtos e designers que não têm ponto de venda no Brasil.

    Como vocês compreendem a multiplicidade do nicho de mercado?

    É muito interessante porque na internet você pode mensurar o quanto nós temos clientes no nordeste, no sul, no centro-oeste, enfim… Isso possibilita que a moda chegue a qualquer lugar do nosso país, em qualquer destino. Temos um grande percentual de clientes espalhados no nosso país. Entender tantas mulheres é o maior desafio e o mais legal da Farfetch. No nosso território existem mais de 80 mil produtos, com mais de duas mil marcas. É para todos os estilos de mulher, desde a mais minimalista à mais luxuosa, chique. A Farfetch tem todas essas peças. Nosso maior desafio é estar sempre direcionando esses produtos, mostrar os vários universos que existem ali dentro. Sempre mostrando as possibilidades infinitas com produtos para todas essas mulheres.

    Como a Farfetch lida com a concorrência internacional?

    Acho que não existe disputa. O mercado está aí para todos. Existe uma concorrência, mas não é algo negativo. O que é bacana na Farfetch é a certeza de que a pessoa encontrará o produto. Como trabalhamos com 358 boutiques no mundo, é muito raro não ter o produto. Às vezes, na Farfetch, o cliente tem mais facilidade para encontrar as peças do que na própria loja da marca. Você tem um olhar individual de cada baia dessas boutiques. Isso é muito bacana.

    O e-commerce se consolidou?

    Acredito que seja um território certo. Hoje em dia o online e o offline são imprescindíveis para qualquer marca, para qualquer iniciativa, porque as pessoas se encontram nesses dois territórios. Hoje o e-commerce já faz parte do nosso dia-a-dia. Estamos quase que 24 horas conectados. A internet é um ponto de encontro das pessoas. É algo que só tende a crescer.

    Quanto é comprado por marca?

    O diferencial da Farfetch é que nós não compramos. Nós compartilhamos o estoque das boutiques. As compras são feitas pelos curadores das boutiques. Aqui no Brasil nós temos uma operação diferenciada, em que trabalhamos com as marcas também. Então é muito bacana vir ao SPFW perceber as propostas desses estilistas para a próxima estação, para estar junto com a marca, fazendo a seleção do que será vendido.

    O que mudou desde que a Farfetch chegou ao Brasil?

    Entrei em janeiro do ano passado. Éramos 25 pessoas, hoje somos 70. É uma operação sólida, que cresce exponencialmente a cada ano. A Farfetch chegou ao Brasil no final de 2010 e hoje já temos mais de 80 boutiques parceiras. Quando você compra na Farfetch, a peça é entregue em qualquer lugar do mundo.

    As marcas brasileiras também são exportadas?

    Ainda não. A logística reversa ainda está fechada aqui, mas é algo que já estamos trabalhando para que exista em breve. Acredito que em meados de 2014 isso já seja possível.

    Qual o diferencial do serviço da Farfetch?

    No e-commerce, o serviço é fundamental e tem que ser perfeito e muito personalizado. Você tem que falar de igual para igual. No nosso caso, o pedido é entregue em até sete dias úteis. Se o cliente não gostou ou não serviu, a devolução é gratuita em até 15 dias úteis. A gente retira a peça no Brasil inteiro. Oferecemos um serviço de personal stylist em um canal direto, que pode ser solicitado.

    Malte Huffmann, sócio-fundador da Dafiti

    Malte Huffmann, sócio-fundador da Dafiti ©Divulgação

    Qual a sua visão sobre o varejo no Brasil?

    A nossa decisão de abrir um negócio no país veio pelo momento que o Brasil estava vivendo, extremamente positivo e com grandes possibilidades de crescimento, principalmente no varejo de moda e no e-commerce. O varejo ainda possui o mesmo potencial de expansão, principalmente com a série de incentivos que foi dada a diversos setores do mercado brasileiro nos últimos anos. Um ranking da consultoria A.T. Kearney deste ano mostra que, pela terceira vez, o Brasil foi considerado o país mais atrativo para investimentos no varejo.

    De quando vocês abriram o site para cá, o que mudou em matéria de e-commerce?

    Desde que a Dafiti entrou no mercado, observamos uma mudança no comportamento do consumidor online. Ele está mais confiante e fazer compras online deixou de ser um desafio para se tornar preferência de quem preza pela comodidade, melhores opções de preço, variedade dos produtos, facilidade de pagamento e busca de informações e dicas. A categoria ‘Moda e Acessórios’, por exemplo, atingiu pela primeira vez a liderança de vendas online, com 13,7% dos pedidos do primeiro semestre, tomando a liderança dos eletrodomésticos. Em 2011, quando a Dafiti foi lançada no país, ‘Moda e Acessórios’ entraram pela 1ª vez no ranking dos dez produtos mais comercializados pela internet, na 6ª posição, enquanto em 2009 ocupavam a 26ª.

    Qual o perfil da consumidora de e-commerce hoje?

    O consumidor de e-commerce está sendo cada vez mais representado pela classe C, resultado do aumento do acesso à internet por essa classe e uma considerável melhora na segurança da internet, o que cria um cenário de oportunidades. Na Dafiti, por exemplo, temos clientes de todas as regiões do Brasil. O nosso portfólio de produtos e categorias é muito abrangente. A maioria dos clientes é mulher, mas atendemos de ótima maneira o público masculino também.

    De tudo o que viu nas passarelas do SPFW, o que acha que vai funcionar no armário das brasileiras?

    O desfile da Colcci resgatou alguns clássicos da estação, como o xadrez, as botas de cano curto e o couro, além de alfaiataria com tecidos masculinos. As estampas de animais já são parte do armário das brasileiras e continuam em alta no inverno. A Dafiti apostou muito no animal print nas nossas últimas coleções.

    A Dafiti é o maior site de moda online do país. Quanto é comprado por marca a cada coleção?

    A Dafiti compra cerca de 90% das coleções das marcas. Por isso somos a maior loja de moda do Brasil, onde você pode encontrar praticamente a coleção completa de mais de 900 marcas.

    Com a evolução da tecnologia, vocês conseguem chegar a lugares que não possuem tanto acesso à moda? Qual é a melhor forma de atender e satisfazer um mercado tão diversificado em um país de dimensões continentais? 

    Com certeza. Hoje temos o maior closet da América Latina e ele está disponível para todas as regiões do país. O comércio eletrônico aumenta a penetração do varejo de moda e o acesso dos consumidores brasileiros a produtos, peças e marcas que ele não teria apenas com as lojas físicas.

    Todos os produtos do site da Dafiti estão prontos para serem vendidos e entregues, já que não fazemos venda com estoque virtual. Dessa maneira, os nossos clientes recebem os produtos de forma mais rápida em qualquer parte do país. Contamos com uma equipe que busca definir o melhor processo e otimizar a alocação dos produtos e uma equipe de inventário que realiza contagens cíclicas em todo o estoque. Dessa forma, para levar moda a todos os brasileiros, a tecnologia tem que vir acompanhada de uma operação robusta e um excelente serviço ao cliente, para que quando o produto chegue ele sinta também alegria. Mais do que sermos os maiores, nós da Dafiti temos a meta de ser o e-commerce com a melhor experiência de compra do Brasil.

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