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    “Brasil é um país autoconfiante”, diz CEO de gigante de cosméticos
    “Brasil é um país autoconfiante”, diz CEO de gigante de cosméticos
    POR Camila Yahn

    John Demsey e Karen Buglisi no hotel Fasano ©Ricardo Toscani

    Uma das marcas de maquiagem mais desejadas do mundo, a M.A.C chegou ao Brasil para ficar. Com 26 lojas atualmente no país, a empresa aposta forte no mercado brasileiro, e nos próximos três anos pretende dobrar o número de lojas no país.

    Por trás da marca, que pertence ao gigante e tradicional grupo Estée Lauder, estão os simpáticos John Demsey, Presidente do Grupo Estée Lauder Companies e Chairman da M.A.C Aids Funds, e Karen Buglisi, Presidente Global da M.A.C.  Karen e John nos receberam em um quarto do hotel Fasano, em São Paulo, e contaram ao FFW um pouco mais sobre o conceito de beleza ao redor do mundo e sobre os ambiciosos os planos das marcas do grupo para o Brasil, entre outras histórias saborosas.

    John veio ao Brasil para receber uma homenagem no jantar gala da amFAR por todos os seus esforços e sucessos à frente do M.A.C Aids Fund, que já arrecadou mais de U$ 250 milhões de dólares para instituições de apoio à causa espalhadas por todo o mundo.

    Leia abaixo o resultado desse encontro:

    O que mudou no conceito de beleza ao longo dos tempos?

    Karen: Acho que as mulheres estão mais no controle de suas vidas em geral e claro, beleza faz parte disso. E estão adaptando isso ao que elas acham que é mais fiel para elas, e isso muda ao redor do mundo. É diferente aqui no Brasil,  no médio Oriente e nos Estados Unidos, mas continua sendo uma expressão do que elas são, muito mais do que no passado. E é fácil se transformarem. Elas podem ser aquilo que quiserem. Se experimentarem algo que não gostam, adivinhe só, podem lavar tudo e fazer de novo! É o acessório perfeito. Amamos os nossos sapatos, as nossas bolsas maravilhosas, mas quando queremos fazer algo diferente, mudar… é essa a beleza da maquiagem, é que não é um negócio sério. Você pode ser quem você quiser naquele dia. E é mais barato do que comprar os sapatos que nós compramos. Muito mais. (risos)

    John: É a maneira mais fácil de mudar o visual com as mesmas roupas. Nestes tempos desafiadores, a maquiagem em geral é a coisa mais versátil que alguém pode fazer para mudar e melhorar a sua aparência. Algumas mulheres vão para o escritório com uma maquiagem conservadora e quando saem à noite vão ao banheiro, colocam um delineador e estão prontas.

    O que faz mais sucesso no Brasil?

    Karen: O batom Snob. Por causa da novela (o Snob foi usado pela atriz Isis Valverde na novela Caminho das Índias). Os lábios são muito importantes no Brasil e nós vimos isso através das vendas do batom. E olhos também. Um delineador suave, um pouco de rímel e a certeza de que a sua pele está ótima. Um pouco de Prep and Prime, batom Snob e estão prontas para sair. A beleza brasileira é muito fresca e limpa.

    John: A beleza no Brasil tem muito a ver com o cabelo também. Muito.

    Fazem muita pesquisa para saber o que a mulher brasileira quer e procura?

    John: Sim. Não que essa seja a maneira como a M.A.C é pensada, porque ela tem sempre como base os artistas de maquiagem nas lojas e que trabalham no backstage com modelos e celebridades. Mas já fizemos pesquisas muito caras para saber o que a mulher brasileira gosta e procura e a boa noticia é que este é um mercado de beleza incrível, um mercado de maquiagem incrível e é um mercado de muita autoconfiança. A autoconfiança nas mulheres no Brasil conta muito. Poder pessoal e orgulho. E colocar sempre a sua melhor cara na vida, não importa quem você é, onde você vive, quanto dinheiro tem, é uma tendência universal no Brasil. Para a M.A.C, que trata de dar poder, é isso que importa.

    Karen: E é fascinante o que se pode aprender nas lojas. Entrar, falar com o consumidor, com o maquiador. É assim que fazemos muitas vezes a nossa pesquisa, de uma forma mais orgânica. É uma marca emocional, temos que o sentir.

    Carine Roitfeld, a ex-editora chefe da “Vogue” Paris, vai ter uma coleção M.A.C com o seu nome ©Reprodução

    Como pensam em novos produtos?

    John: O desenvolvimento de produto da M.A.C é muito diferente do que fazemos para outros clientes do nosso portfolio. Quando fazemos painéis de pesquisa, normalmente eles são constituídos pelos maquiadores que trabalham para nós. Porque na nossa cabeça, o nosso primeiro consumidor é o maquiador, que é a linha da frente. Então quando pensamos em novas ideias de produto, tentamos entender os vários tipos de pele, os problemas de beleza que criam e como podemos resolvê-los. Então fazemos painéis com maquiadores de todo o mundo em um esquema de cores. E nunca deixa de me surpreender que mesmo com mil produtos tem sempre espaço para uma variação nos tons de base, de blush… a nossa missão é ter a certeza que estamos no caminho para estabelecer essa conexão e resolver esses problemas.

    Karen: E o nosso mantra é todas as raças, todos os sexos, todas as idades. E se conseguirmos manter-nos fieis a isso, significa que temos que ter produtos que satisfaçam todas essas necessidades em todas as mulheres por todo o mundo. Mulheres e homens. E isso significa que temos que ter uma diversidade de produtos e cores que se adaptem.

    John: E tem um outro fato muito importante na pesquisa: eu assumo que todo o mundo tem acesso à mesma informação. É o que você escolhe fazer com ela que importa. Ás vezes queremos saber qual é a tendência para que possamos quebra-la. (risos) M.A.C não é um trend follower, M.A.C é uma trend maker.

    Têm planos para criar uma linha masculina?

    John: É um debate de longa data porque o conceito da M.A.C é ser unissex. Se olhar para as nossas embalagens, as nossas bases, os nossos corretivos e muitos outros produtos, eles estão desenhados como produtos de maquiagem profissional. Passa da questão de beleza masculina no verdadeiro sentido e torna-se uma questão de packaging. Claro que existe sempre uma vertente mais rock ‘n roll, de glitter, um estilo mais gótico que os homens procuram que entra e sai de moda. Nos já fizemos coleções para eles, com homens, mas não focamos a marca para isso, gostamos pelo look e pela atitude.

    Quais são os planos da marca para o Brasil?

    Karen: Agora estamos com 26 lojas em nove cidades. Nos próximos três anos vamos dobrar isso. E vamos estar em outras cidades. Temos muitas lojas em São Paulo e Rio de Janeiro mas queremos continuar a nossa expansão e tornar a marca mais acessível a mais mulheres, por todo o Brasil.

    As imagens de campanha da parceria com a Hello Kitty e da Barbie Loves M.A.C ©Reprodução

    Como decidem as parcerias/colaborações que fazem?

    Karen: Tem sempre uma novidade em cor e em produto. É a nossa posição enquanto marca de moda. Você entra nas nossas lojas todas as semanas e encontra algo novo. Fashion para beleza. E as parcerias, sejam com designers, maquiadores ou ícones da moda e da cultura pop, é uma maneira de mostrar beleza através de uma lente diferente. E se divertir! A Barbie, a Hello Kitty… É divertido e chique.

    John: Tem uma frase que a gente gosta de dizer: Couture nas ruas. Se olhar para as pessoas com quem nos associamos e vemos que você pode ir da porta voz original, RuPaul, até Catherine Deneuve. Não consigo pensar em polos mais opostos que esses em termos de beleza que, no entanto têm algo em comum. São ambas ferozes, determinadas.

    Karen: E a Iris Apfel? Ela tem 90 anos. E quem esperaria? Ás vezes nós temos essa percepção de que somos jovens e trendy, mas a beleza acontece em qualquer idade. E é isso que amamos nela.

    John: O ponto interessante é que eu recebia mais cartas de pessoas querendo saber o tom de batom da Iris Apfel. A marca sempre foi atraída por pessoas com forte personalidade, com ponto de vista forte. Anunciamos recentemente que vamos fazer uma parceria com a Carine Roitfeld. Não consigo pensar em ninguém que consiga personificar melhor isso. Tudo, o cabelo, os olhos fumados, pele maravilhosa… Seja com a Cindy Sherman ou com a Beth Ditto, no próximo mês, tem sempre alguma coisa em desenvolvimento e a marca está sempre aberta a uma ideia louca. Sempre notamos quais são os talentos emergentes antes deles o serem. Assinamos com a Lady Gaga, antes dela se transformar na Lady Gaga. Ou a Nicki Minaj. Estas pessoas eram consumidoras M.A.C e usavam produtos M.A.C quando não tinham dinheiro e ninguém sabia quem elas eram.

    Temos atrizes que contam que quando lutavam para sobreviver, viviam da segurança social e não tinham dinheiro para pagar o supermercado, iam a uma loja M.A.C. Ou alguém que conta que um maquiador da M.A.C ajudou na sua primeira sessão fotográfica… São muitas histórias. Ontem estava conversando e soube que a presidente do Brasil frequenta algumas lojas M.A.C. Com a sua mãe.

    A coleção Semi-Precious, inspirada nas pedras dos Brasil ©Reprodução

    Sabemos que em outra ocasião estiveram no Brasil, desfilando em uma escola de samba, como foi?

    Karen: (risos) Foi muito divertido. Estivemos em anos diferentes. Ele veio e eu fiquei com inveja e vim no ano seguinte.

    John: Aprendi algumas coisas sobre a política brasileira. (risos) Se é uma celebridade e está com uma marca, não pode tirar a sua foto com qualquer pessoa, por exemplo. Agora sei como funciona, sei a importância dos camarotes no sambódromo, sei a importância das revistas de celebridades, das telenovelas, e eu vesti-me com uma coroa e toda a fantasia, sai com uma escola de samba, estavam uns 150 graus, húmido… e eu adorei. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Sei que parece muito turista dizer isso, mas para mim, que cresci no interior dos Estados Unidos,  estar no Rio, no meio daquela multidão incrível, ver as escolas de samba passar… foi incrível. É muito sexy e romântico ao mesmo tempo. Outra coisa importante é o fato de que aqui tem muitas pessoas que vivem uma vida pobre. E o Carnaval é o sonho pelo o qual elas vivem. Levaram-me para ver como criavam as fantasias e a maquiagem. E esse é um momento transformador para qualquer pessoa.

    Então, podemos esperar uma coleção inspirada nessa vibração?

    John: Definitivamente. Antes de mais nada, nos sentimos muito inspirados por tudo o que envolve cultura brasileira, é simplesmente lindo. E é interessante quando eu reflito sobre o nosso sucesso aqui. O nosso sucesso entre os consumidores brasileiros começou na Europa uns 17/18 anos atrás. As primeiras lojas foram abertas em Londres e Paris e foram os brasileiros que viviam lá que começaram a comprar os nossos produtos e traziam para cá. E depois Nova York e Los Angeles e Miami. Antes de a marca se estabelecer no Brasil já contava com muitos fãs brasileiros.

    Além do Brasil, quais mercados estão na linha de frente?

    Karen: Depende do ano e da semana. (risos) O maior mercado é o dos Estados Unidos, depois o Reino Unido, Coreia e Japão que são todos muito importantes. Em termos de mercados emergentes, o Médio Oriente, a Índia, Rússia, África do Sul… estamos crescendo pelo mundo todo. E são interpretações diferentes de beleza, mas você percebe que nestes países, as mulheres abraçam a marca. O nosso maior índice de crescimento é a América Latina, nomeadamente Brasil e México. O México foi o primeiro país que entramos na América Latina e o Brasil seguiu três anos depois.

    John: É impressionante para uma marca norte americana encontrar sucesso em Paris. Não acontece no mercado da moda. Estamos investindo em colaborações, novos mercados, novos talentos criativos porque é uma marca de comunidade. Foi assim que a marca surgiu e é assim que vai continuar. Aliás, um fato interessante, a nossa marca é construída por comunidades de networking. A segunda comunidade mais forte em networking social é o Brasil. Depois dos Estados Unidos são o maior número de fãs no Facebook. Temos mais de 270 mil fãs no Brasil. Entramos há pouco tempo no Marrocos e na Nigéria.

    A internet é importante nesse processo então?

    Karen: Absolutamente, a internet é uma ferramenta muito útil. Hoje temos 3.3 milhões de fãs e os nossos fãs comunicam muito e esperam resposta. É como se fosse uma grande família com muita interação. É o mundo em que vivemos agora. Os maquiadores da M.A.C do Brasil têm o maior número de seguidores no twitter. A Fabiana (Gomes) tem quase 9 mil seguidores.

    John: O que é fantástico para uma marca que não se construiu com publicidade tradicional. A internet é a nova forma de fazer publicidade. É o novo boca a boca, é uma nova comunidade mas também dá espaço a uma mensagem da marca. No Brasil, é um dos lugares em que isso tem mais importância. É orgânico, todos estão no mesmo pé, crescemos muito rápido e também caímos muito rápido. É uma outra realidade. As pessoas leem as revistas de moda, mas depois vão clicar para saber mais.É um novo relacionamento com as marcas, e é mais profundo. Para mim é uma evolução saudável, o fato de ter acontecido tão drasticamente, em um período tão curto. O meu palpite é que daqui a uns quatro anos esteja ainda mais evoluído do que está agora.

    John Demsey, homenageado na gala da amFAR com Debbie Harry e a cantora em uma das campanhas dos batons Viva Glam ©Ricardo Toscani/FFW

    O M.A.C Aids Fund é um grande sucesso. Quanto a fundação já arrecadou?

    John: É um sucesso muito grande, sem dúvida. Ele teve início no começo dos anos 90 com os criadores originais da marca, na comunidade de beleza e de moda. Foi uma resposta emocional e substancial sobre a maneira como o HIV estava afetando a comunidade da moda. O primeiro Viva Glam foi um sucesso, mas ao longo dos últimos anos, com o crescimento da marca, a campanha tornou-se cada vez mais importante. Até hoje a campanha já arrecadou mais de 250 milhões de dólares. E a noção de que 100% das vendas dos batons vai diretamente para as instituições é algo que nós mantivemos até hoje. No Brasil temos uma das melhores respostas e ações governamentais em relação ao AIDS  Fund e à maneira como o assunto é tratado no mundo. O Brasil é usado muitas vezes como exemplo de comunicação mais efetiva e tem várias organizações aqui muito sérias que nós conhecemos através da nossa visita e dos inputs que recebemos das gestoras da marca, que fazem grandes ações na área.

    Karen: Uma das razões para ser tão bem sucedido é que nós temos embaixadoras muito boas, que criam visibilidade, como Lady Gaga, Nicki Minaj, o Ricky Martin e ainda temos 30 mil maquiadores ao redor do mundo que acreditam e que sabem que se venderem batom, podem fazer uma diferença no mundo. Quando há tantas pessoas que acreditam na causa de ‘fique bonita e ajude alguém ao redor do mundo’, acho que não tem como dar errado. Não deu até agora.

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