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    Top maquiador fala sobre beleza brasileira e ensina truques de make
    Top maquiador fala sobre beleza brasileira e ensina truques de make
    POR Camila Yahn

    John Stapleton, no SPFW, em conversa com o FFW ©Felipe Abe

    John Stapleton, maquiador sênior da M.A.C, trocou os eventos de Hollywood por um tempo pelo SPFW para fazer a maquiagem da Osklen, Ellus e Reinaldo Lourenço. Com um olhar mais conceitual sobre a maquiagem, Stapleton, que estudou arte e tem um mestrado em língua inglesa, foi parar nos camarins primeiro como modelo mas rapidamente percebeu que queria mais da sua profissão e que “ser só modelo era muito chato”. Tendo estudado arte, John já sabia o essencial para vingar nesta profissão: “Contorno, iluminação e teoria das cores”, explicou.

    Simples na sua essência, o filho de Iemanjá, como se considera, que descreve a beleza brasileira como “uma coisa que não se consegue engarrafar”, fala-nos como a beleza interior é tão ou mais importante quanto a beleza exterior e de como uma mulher confiante e segura de si mesma é mais bonita que uma mulher bem vestida.

    Em uma entrevista longa, porque John é falante e nós somos curiosos, o maquiador conversou com o FFW sobre alguns truques de maquiagem, o seu Top5 de produtos e a sua simples e verdadeira visão de beleza, e ainda lançou um desafio às mulheres brasileiras.

    É a sua primeira vez no Brasil?

    Não, é a minha 4ª vez no Brasil. É a minha segunda vez em São Paulo e duas outras vezes estive no Rio; eu adoro as duas cidades.

    Como caracteriza a beleza brasileira?

    Eu acho que é natural. Consiste em uma coisa que não se consegue engarrafar. Está no DNA, na cor da pele… mesmo quando é mais pálida, tem muito mais vibração na sua pele e é uma coisa que não se consegue copiar, cor de pêssego, dourado, coral, um tom que está em todas as pessoas. É uma cor muito tropical para nós, estrangeiros, inimitável, que toda a gente quer reproduzir e não consegue.

    E acha que essa é a principal caraterística da beleza brasileira? 

    Para os americanos é uma pele bonita de uma cor inatingível e corpos curvilíneos e sexys. Os americanos pensam no Brasil como um local muito exótico que é intrigante e misterioso ao mesmo tempo. Tem toda uma mística sobre o Brasil e assim que o visita percebe que é “só” uma grande cidade e uma praia muito bonita. Mas enquanto se está longe toda a gente é bonita, é tipo uma fábrica de gente bonita. E eu sei que é verdade. As pessoas me dizem, “meu deus, as pessoas que você vai ver e conhecer, que lindas que elas são”. E eu tive no passado relacionamentos com  pessoas no Brasil e já tive conversas em que eu elogiava a beleza de alguém e a pessoa simplesmente respondia que era uma pessoa normal no Brasil. Mas esse é o mistério da vida, ter tantas pessoas atraentes por motivos diferentes. Isso é muito intrigante para nós.

    Que caraterística a mulher brasileira tem e que deva ser valorizada?

    Ela tem uma dignidade por ela mesma. Ela não precisa criar muito buzz em volta dela. Ela está confortável com ela mesma em chinelo e em salto alto. Acho que ela é versátil mas tem um caráter forte. Nós, americanos, pensamos na mulher brasileira como sexy e acho que muita gente pensa que isso é sinônimo de pouca roupa, mas eu acho que não é verdade. Eu acho que é uma certeza que ela tem dela mesma que faz com que ela se sinta confiante, ela é forte e não tem noção do rasto que deixa atrás dela. No meu mundo, vejo muita gente passando e acho que quando a mulher brasileira passa, parece que não tem noção do quão bonita ela é e que tem tanto allure atrás dela.

    Conte-nos um pouco sobre a sua carreira, como começou, o que estudou, se tem algum mentor…

    Eu estudei Artes Visuais em Nova York e queria me mudar para Los Angeles para continuar a minha carreira. Quando me mudei, estava interessado em cinema, pintura, enfim, tantas coisas diferentes. Trabalhei lá durante alguns meses e um olheiro me viu… eu era mais novo, mais bonito, tinha 20 anos… e só fui modelo durante dois anos. Tive algum sucesso, conseguia viver disso e de corrigir textos para uma revista, porque eu fiz também um mestrado em inglês, e esse era o meu trabalho noturno. Também trabalhei para uma agência de publicidade, e em livros de crianças. Naquela altura achei que ser só modelo era muito chato e na verdade fiz muitas amizades com vários maquiadores, passava muito tempo com eles me divertindo. Eles passavam lápis no meu olho e era uma altura em que o look “sujinho” estava muito na moda, a Kate Moss era uma novidade, eu era uma novidade! (risos) Então foi uma época muito interessante. Mas não podia ser só isso. Depois que o divertimento passa, sobra pouca coisa.

    A entrada para o mundo da maquiagem foi com uma amiga que trabalhava na M.A.C e estava saindo e me disse que eu devia tentar. Eu fui lá, me entrevistaram e eu fiquei com o lugar dela! (risos)

    Sério? Sem nunca ter trabalhado ou cursado nada com maquiagem?

    Sim! A única experiência que já tinha tido com maquiagem foi quando era criança e fazia filmes de terror com os meus amigos e eu fazia as pinturas do sangue e eu adorava! Toda a história da beleza era simples para mim porque o meu background era “como a vida se desenha” e desenhos da vida e entender como desenhar a vida e a natureza. Então é esse o segredo da maquiagem. Contornos, highlights, teoria das cores, estava na minha cabeça já e foi uma coisa que eu fui percebendo que era boa para mim. Ia continuar na indústria, era criativo e fui ficando.

    Você já fez muitas estrelas de red carpet, alguns Oscars; como é essa experiência?

    Sim, já fiz e ainda faço. Fiz para o Oscar a Anika Noni Rose, que faz a voz da “Princesa e o Sapo”, muito bonita; e eu trabalho sempre com a Kelly Osbourne para todos os eventos.

    E como fez para os Globos de Ouro [John já estava no Brasil durante a premiação deste ano]?

    O meu namorado fez. Ele é cabeleireiro dela… Eu achei que ficou muito bem, mas muita gente criticou! E eu disse pra ele! Ele respondeu que era um vestido Zac Posen, feito especialmente para ela e que Zac pediu uma coisa clássica.

    Quem gostaria de maquiar?

    Angelina Jolie. Eu poderia simplesmente pegar terra do chão e colocar no rosto dela, que ficaria linda. Ela é linda. Aquela boca, a pele, os olhos… eu adoraria, adoraria, adoraria trabalhar com ela. Mas por outro lado, gostaria de maquiar por exemplo, a Dolly Parton, um ícone americano de verdade. Acho que seria muito divertido e maravilhoso, além do mais, sou um fã.  Ela é o máximo, super icônica e mega cool. A coisa que mais gosto nela é que ela tem um grande senso de humor sobre ela própria. E eu acho maravilhoso. Se nos levarmos muito a sério, principalmente nesta indústria, pode ser muito prejudicial.

    A mulher mais bonita de uma sala não é a que se veste melhor mas sim a que é mais feliz. Concorda?

    Totalmente. Chama-se senso de si mesmo. Acho que a mulher está no seu estado mais bonito quando ela compreende quem ela é.  E quando ela chega a uma aceitação dela mesma de “isto é o que eu sou e eu gosto da minha vida” e todas as pessoas que já conheci em Hollywood que eu penso “o que se passa com esta pessoa”, elas têm alguma coisa. Um carisma que não se consegue explicar.

    É mais fácil maquiar alguém que já é bonita?

    Sim, claro. Na minha carreira, já devo ter feito uns 300 shows. Por temporada faço uns 25 shows e já faço isto há 10 anos. As meninas são lindas e não tem muito truque para transformar uma menina brasileira de 15 anos, sem poros, com olhos e boca bonitos e estrutura óssea capaz de matar alguém, em uma diva. Ela já é o ideal. A magia que acontece com a maquiagem é como fazemos com que esta menina se transforme em uma das meninas das passarelas. É o contrário.

    Ontem no backstage da Osklen você falou que a maquiagem natural era a mais difícil de fazer; é mesmo?

    Sim, nós temos que levar mais em conta o que devemos amplificar, o que queremos mostrar. Porque é fácil olhar para um rosto e ver o que é obvio que se pode realçar, os olhos, a boca… o verdadeiro desafio é ver o rosto como uma tela e conseguir desenhar nela o que queremos. Uma pele limpa, sem cor, requer mais trabalho. Muito mais. Ontem, na Osklen, eu falei para os rapazes usarem determinados produtos, mas eu também dei liberdade para eles para verem o que cada modelo precisava. 

    Qual a tendência para a maquiagem?

    Maquiagem natural com pontos de interesse. Não vale fazer um make sem graça. É natural mas tem que ter alguma coisa… texturas, brilho… assim como as roupas, vamos assistir a uma mistura de brilho com matte e várias texturas. Na Osklen, por exemplo, vimos muitas tachas e brilhos e camadas e texturas… então acho que com maquiagem vai ser assim também.

    Qual o mais importante ritual de beleza ?

    Limpar a pele e beber muita água. O interior é tão importante quanto o exterior e precisamos cuidar bem dele. Exercício e água. Nós viemos do oceano. Por isso sou fã de Iemanjá. Tenho uma tattoo dela nas minhas costas. Ela é o meu Orixá. E ainda nem fui à Bahia! Preciso muito ir e sentir toda a energia de que falam. Adoro esse aspecto da religião, em que ela é acessível a todo o mundo. Mas isso é outra conversa! Para a pele o interior é tão importante como o exterior. Ela é um órgão importante, então precisa de cuidado.

    Quais são os maiores erros que as pessoas cometem?

    As pessoas se prendem a uma coisa que acham que fica bem. Um batom, uma base, uma sombra… ficam presas a uma determinada situação. Somos criaturas de hábitos e temos medo de experimentar coisas novas. Mais porque estamos habituados do que porque não gostamos. Eu sempre digo, quando forem cortar o cabelo ou comprar maquiagem, considerem uma segunda opinião. Mas não pode ser o namorado que vê você todos os dias! Leve uma amiga. Mas daquelas verdadeiras, que não tenha medo de dizer a verdade.  Uma amiga aberta a coisas novas, que curta arte, cinema, música… daquelas que vão saber dizer coisas que ninguém nunca ouviu falar. Todo mundo tem uma amiga assim.

    Quais são os seus truques de maquiagem?

    Uma das coisas que eu mais gosto é o iluminador em um tom rosa bem suave, que eu uso embaixo do olho, nariz, e no centro do rosto para realçar. Eu adoro colocar iluminador no topo do lábio porque faz com ele sobressaia muito, na ponta do nariz e nos ossos das bochechas para que o centro do rosto se destaque. Estes são truques que realçam a estrutura óssea e que eu uso sempre.

    Eu adoro, e claro, é um favorito do tapete vermelho, um blush com tons mais minerais, com um pouquinho mais de brilho. Não super brilhante, mas só um brilho de leve, para quando você sorrir se ver que está jovem e bem. A Helen Mirren por exemplo, quando ela sorri é maravilhoso. Todo mundo devia experimentar.

    E eu sei que no Brasil as mulheres têm medo de coisas muito brilhantes, porque acham que parece suado ou gorduroso. Mas é um desafio que eu faço às mulheres brasileiras: experimentem!

    E agora?

    Agora tenho que ir para casa e certificar-me de que ainda tenho um emprego. Perdi os Globos de Ouro, perdi um programa da Kelly, então tenho que me certificar disso. (risos)

    E leva muitas compras na mala?

    Sim! Comprei este tênis na loja da Havaianas, que são ótimos porque são super confortáveis e pretos então dá para usar no backstage. Quero comprar um escapulário de verdade. Já tive uns no passado, mas eram de plástico então preciso comprar um para ficar para sempre. Um amigo me levou às compras na Osklen e comprei duas t-shirts, uma preta e uma branca que diz Iemanjá, que em Los Angeles  ninguém tem e vai fazer um sucesso.

    E eu quero muito voltar ao Brasil. Eu adoro a equipe daqui. A Fabiana Gomes, que eu conheço há uns cinco anos, desde que ela entrou para a equipe, está fazendo um trabalho maravilhoso, que me deixa muito orgulhoso, ela é uma maquiadora muito boa. Ser um artista sênior para uma marca grande pode ser muito solitário. Cada um está em seu canto e não temos muito tempo para conversar, então quando nos encontramos falamos de tudo, e partilhamos muitas experiências. Durante estes shows, ela esteve lá comigo. E ela tem a sua agenda própria. Então para mim foi muito bom, poder ver a vida dela e conhecer os seus colegas… foi muito generoso da parte dela. Assim como a Vanessa Rozan, que também trabalhou para a gente e é uma ótima maquiadora, com uma carreira incrível. Nós jantamos juntos, e foi ótimo. Não vejo a hora de voltar!

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