Na última terça-feira (10.03), Gloria Coelho conquistou um feito inédito em seus 40 anos de carreira: ela recebeu o prêmio Shell de melhor figurino pelo seu trabalho na peça “Trágica.3”. O espetáculo, que tem direção assinada por Guilherme Leme e texto de Heiner Muller, Caio de Andrade e Francisco Carlos, venceu também na categoria de melhor atriz, pela atuação de Denise Del Vecchio.
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“Trágica.3” é uma releitura contemporânea das tragédias gregas Medeia, Electra e Antígona. A trama traz grandes heroínas trágicas apresentadas em fragmentos poéticos, que se correlacionam por meio da experiência dramatúrgica, sonora e visual. São três peças curtas que resultam num espetáculo único: Medeia, a que mata; Electra, a que manda matar; e Antígona, a que se mata. Além de Denise, fazem parte do elenco Letícia Sabatella, Miwa Yanagizawa, Fernando Alves Pinto e Marcello H.
O FFW entrevistou Gloria por e-mail para saber mais sobre seu trabalho como figurinista da premiada peça. Acompanhe abaixo!
Qual foi a inspiração para o figurino do espetáculo?
A inspiração foi o Drama. Então, a ideia era deixar mais dramático o figurino para que o cenário passasse o que precisava passar.
Qual o maior desafio nesse tipo de trabalho?
Eu adoro criar figurinos! O maior desafio é ter um casamento de mente com o diretor para que seja possível atender a necessidade dele.
Você cria um estilo de moda que, apesar de não ser teatral, tem impacto cênico. Quais as diferenças no seu processo entre fazer uma coleção para a passarela e roupas para o palco?
Eu já fiz figurino uma vez para Daniela Mercury e acho que não tem diferença. Só acredito que há mais liberdade na criação para o teatro. No teatro, você pode sonhar mais. Fiz também figurino para uma comédia francesa junto com a Renata Bueno – a “Ópera de Pedras”, da Denise Milan. Então, é muito livre, você pode iluminar uma roupa inteira. Para a “Ópera”, por exemplo, desenvolvi uma roupa que era uma pedra com luzinhas dentro e parecia que estava iluminada. A questão é que o teatro te dá mais liberdade, mas tem que haver uma coerência, um casamento de mentes com o diretor, como disse anteriormente. Há mais possibilidades com materiais do que você usa no cotidiano. As pessoas estão preparadas para as loucuras, excentricidades e sonhos que criamos.
Como você se sentiu ao receber um prêmio tão importante quanto o Shell pela primeira vez?
Senti-me muito agradecida, muito feliz. Ofereço este prêmio ao diretor, Guilherme Leme, à toda peça “Trágica.3” e a minha equipe, que fez roupas lindas para eles.
Veja mais fotos do espetáculo na galeria a seguir.