Pode parecer teoria da conspiração, mas não podemos simplesmente ignorar os fatos.
Quando Yves Saint Laurent se aposentou lá no fim dos anos 1990, uma das razões foi seu desapontamento com o dinheiro falando mais alto que a criação. Era a época em que os conglomerados de luxo estavam ganhando força e o lado comercial começou a prevalecer o artístico. Tem até uma parte no documentário “Louco de Amor de Yves Saint Laurent” (“L’Amour Fou”) em que Pierre Bergé (companheiro do grande estilista) comenta isso.
Fast forward para o século 21, mais ou menos lá por 2009 e Suzy Menkes, editora e critica de moda do jornal International Herald Tribune, escreve uma matéria questionando se os jovens estilista realmente têm espaço e oportunidades para crescer numa indústria cada vez mais regida por empresa bilionárias.
Avance mais um pouquinho, mais precisamente para o dia 4 de janeiro de 2011 e temos uma entrevista de Rei Kawakubo para o WWD em que ela diz: “A motivação sempre foi criar algo novo, algo que não existia antes. Quanto mais experiência eu tenho e quanto mais roupas eu faço, mais difícil fica para criar algo novo. Uma vez tendo feito algo, não quero fazer novamente, então as possibilidades estão ficando cada vez menores”.
É da essência da moda a busca constante pela inovação. A mudança pela simples mudança, a negação do passado, do velho, em detrimento do futuro e do novo. Durante quase todo século 20 essa lógica permaneceu inalterada em sua base, tendo como único objetivo tornar a moda vigente obsoleta o mais rápido possível.
Deu no que deu. A busca por essa velocidade máxima absurda que foi reduzindo décadas em anos, anos em semestres, semestres em bimestres resultou na própria falência dessa lógica em busca do sempre novo. Ao invés da criação de novos estilos ou modas, passou-se então a revisitar aqueles do passado. Substituiu-se a inovação pela reciclagem. Tanto que muitos teóricos que se debruçam sobre esse “fenômeno moda”, atestam sua completa incapacidade em cumprir seu papel primordial: inovar.
Talvez seja simplesmente o modo como a moda passe a operar no século 21, talvez seja apenas uma fase _o que todos esperamos. Afinal, os períodos cada vez mais curtos em que uma moda se sobrepões _sempre através da reciclagem_ à outra, acaba gerando um verdadeiro esvaziamento de significado. Pluralidade e acúmulos de estilos símbolos, signos e histórias que recicladas ad infinitum, significam nada em si próprias. São modas, estilos e tendências cada vez mais dependentes de contextos e interpretações externas em busca de alguma validade ou significado para algo que por si só, já não tem relevância alguma. Se é possível ser tudo, no fundo também se é nada.
Tomara que seja só uma fase…