Não foi uma de suas melhores coleções. Nem foi uma daquelas provocativas ou reflexivas como em temporadas passadas. Como Suzy Menkes escreveu em sua crítica no jornal “International Herald Tribune”: foi menos ainda um daquelas em que a emoção do novo se fez presente. Mas também, quem consegue isso hoje em dia, não é mesmo?
Sem dúvida alguma foi uma coleção desejável. Divertida e extremamente bonita, com roupas recuperando um certo glamour hedonista há tempos esquecido pelos círculos da moda e por suas consumidoras mais fiéis. Quase como uma ode nostálgica ao modo como as mulheres se vestiam nos idos anos 70 _década que vem influenciando a moda, porém que parece estar atingido seu auge nesta temporada. Pense em Jodie Foster em “Taxi Driver”, Jerry Hall, Marisa Berenson, Loulou de la Falaise e até em Diane Von Furstenberg enquanto habitué do Studio 54, e a imagem é bem próxima. Talvez até próxima demais.
O problema, ou dilema que surgiu com esta coleção em que Marc Jacobs alongou novamente as saias, ampliou a modelagem de suas calças de cintura alta e deu vida aos modelos com cores que passavam pelo rosa, dourado, ocre e um amarelo queimado, é a literalidade como suas referências foram abordadas.
Em seu texto, Suzy Menkes elenca uma série de fatores que devem ter influenciado Marc Jacobs nessa coleção, de Chanel a Yves Saint Laurent, passando pelas artes decorativas vistas nos tricôs em zigue-zague à la Missoni. Menkes ainda nota como os samples passaram a ser aceitos (e resolvidos) na música (alguém vai acusar Madonna de ter copiado o Abba em “Hung Up”?), como pastiche de referências (e cenas) no cinema se tornou quase que um gênero em si próprio e fala que na moda não é diferente. Porém, como o problema do esvaziamento de emoções, “sem o choque de novo”.
O fato é que tudo isso é sintoma de um quadro muito maior. Reflexo de uma sociedade e de um sistema de moda que se tornou _em grande parte, devido a velocidade excessiva dessa indústria_ muito mais baseado na reciclagem do que em inovações e rupturas. Talvez então, não seja de todo justo, ou melhor, não faça mais tanta importância ou sentido apontar cópias e referências explícitas como uma falha de tamanha gravidade.
De fato as referências foram um tanto literais e não mostram muita evolução ou profundidade sobre os temas abordados. Mas, ainda assim, a coleção tem seu valor. Com suas formas amplas, cores vivas traz de volta uma certa diversão para moda. As pantalonas, os blazeres acetinados, os vestidos coloridos e sensualmente esvoaçantes, são quase como uma lembrança de que “se montar”, não precisa ser algo complexo como um look Lady Gaga. Pode ser algo simples, possível e divertido, ao mesmo tempo que glamouroso. E quando comparada com a anterior, mostra-se também como uma perfeita evolução.