via @coolintheheat
Vitorino Campos é um nome em ascensão na moda brasileira. Tem 22 anos, mas dizer que ele é um novo estilista apenas reduz sua imagem: “Me sentia uma novo estilista quando brincava com a criação de roupas. A única felicidade de um novo estilista é não ter compromisso com o mercado”. Apesar de sua marca ter apenas 2 anos, mostra uma engajamento em conquistar espaço no mercado, embasado em uma firmeza de propósito criativo: “Não quero vender roupa por roupa, me interessa o conceito de cada coleção e oferecer uma experiência a minha consumidora.”. Afinal de contas comenta “tudo já foi criado, agora é a experiência com a roupa que importa.”, diz ele.
Essa preocupação com o conceito, onde cada detalhe das peças tem uma significância, revela o seu viés minimalista, meticuloso, a intenção de alcançar um acabamento preciso e também uma conexão afetiva com as roupas que cria. Isso se expressa bem na sua última coleção, verão 2011, “A Partida”. Nela, ele utiliza fortes imagens, carregadas de uma beleza nostálgica: as figuras de mulheres, que desde o início do século XX até o XXI precisaram se despedir de seus amores. Primeiro em estações marítimas, depois em ferrovias e em nossos dias quando são obrigadas, por causa da falta de tempo, a abrirem mão de quem ama. Vitorino afirma que “por essa mulher não entender a saudade, busca o calor na roupa (já que não pode recorrer ao humano), e assim se apropriando das peças do guarda-roupa masculino também”. Cada momento dessas histórias é evidenciado nessa coleção, por uma mudança nas paletas de cores ou no trabalho com os tecidos especiais, como o linho, a seda vaporizada e com aço inox, que permitem os registros das impressões do uso.
Quanto à badalação em torno do seu nome, os elogios e exposição, Vitorino tenta se manter realista e acessível. Apesar da felicidade que isso traga a ele, quer se manter ainda mais motivado a fazer um ótimo trabalho e busca se concentrar nele, “porque meu desejo é pela comunicação, através do que faço.” O seu foco está centrado em solidificar sua marca no mercado e para isso é preciso investir na qualificação da mão-de-obra que lhe presta serviços. Esse é o seu maior desafio, porque a indústria baiana de vestuário precisa ser incrementada.
No Shopping Iguatemi, onde conversamos, visitou a exposição dos 50 looks das grifes nacionais (coleções do verão 2011) que desfilaram no SPFW e Fashion Rio. Buscou observar os detalhes das peças que mais lhe chamaram a atenção. Observou com cuidado os vestidos do Melk Z-Da, Reinaldo Lourenço e Tufi Duek. Reconheceu de imediato a exuberância da criação de André Lima, gostou do frescor da coleção masculina da Ellus e lamenta a Huis Clos não ter desfilado recentemente, pois a elegância natural, impecável e minimalista da grife paulista o atrai bastante. Caminhando entre tantas roupas e imagens, Vitorino busca encontrar as suas próprias, sua história dentro da moda brasileira só está no começo.