por Eduardo Logullo*
Imagem da exposição “Sea Of Fate”, em cartaz no Sanat Limanı como parte dos eventos da Capital Cultural da Europa em 2010: Istambul ©Divulgação
A maior cidade da Turquia está pegando fogo. De calor, de ideias, de novidades. Esta é a conclusão que a equipe FFW e MAG! tira depois do Istanbul Fashion Week (IFW), evento que pretende colocar a moda turca no circuito oficial.
Isso ocorre em um momento em que a Turquia é cortejada para se integrar à Comunidade Europeia, por motivos óbvios: economia forte (a lira turca se mantém estável há anos), mercado interno com quase 70 milhões de consumidores, iniciativas importantes para tolerância/contenção religiosa e recuperação do acervo histórico do país. O setor têxtil turco ocupa o terceiro posto no ranking mundial.
A primeira prova das alterações em curso está no fato de Istambul sediar em 2010 a Capital Cultural da Europa, posição disputada por dezenas de cidades-candidatas e que confere imenso prestígio a essa metrópole populosa (13 milhões de habitantes) com 3,5 mil anos de interligações entre as civilizações européias e asiáticas. Atualmente, a cidade já recebe 8 milhões de visitantes por ano.
Os planos de preparar Istambul para essa data começaram em 2007. O objetivo seria administrar com antecipação as atividades que transcorrem desde janeiro de 2010, todas apoiadas por instituições estatais e setores privados. Foram desenvolvidos três mil programas em 14 áreas: Projetos Urbanos; Artes Tradicionais; Herança Cultural e Museus; Artes Visuais; Música Turca Clássica; Cultura Urbana; Educação; Literatura; Cinema/Documentário/Animação; Teatro e Artes Performáticas; Turismo e Promoção; Mar e Esportes; e Relações Internacionais.
E a festa poderá continuar por muito tempo. Os setores “europeizantes” da Turquia querem dissolver o dilema de viver entre o peso histórico que detêm no contexto mundial e as mudanças exigidas pelas novas sociedades. Isso se reflete também na moda. Entre as discussões no IFW, destacava-se a importância de se exportar um estilo “turco” ou a opção de produzir roupas “sem fronteiras”. Ser turco ou ser internacional, eis a questão.
Paulo Borges, em sua palestra promovida na semana passada em Istambul pela revista “Elle” turca, foi claro (e premonitório), ao dizer que, em negócios de vulto, nada se faz de forma acelerada. Ele deixou a platéia atônita ao ressaltar que o São Paulo Fashion Week — o evento que Istambul toma como modelo de crescimento — foi criado com planejamento de 30 anos. E não de cinco anos, como a Turquia espera ver os resultados dos investimentos substanciais aplicados na moda.
+ 2011/10/2763_istanbul2010.org
*Eduardo Logullo é editor-chefe da revista MAG!