Kanye West no desfile de Alexander Wang ©Reprodução
As redes sociais, as celebridades e os novos movimentos urbanos estão mudando o papel das semanas de moda. O consumidor final está cada vez mais ligado na moda e assiste aos desfiles, posta, dá opiniões e hoje todo mundo se tornou editor para os seus amigos na internet.
Em uma simples navegada no Instagram, eu acompanhei praticamente em tempo real todos os desfiles de Londres e Nova York, com vídeos, detalhes de produto e muitas opiniões. A fashion week era uma semana de trabalho fechada para um grupo de compradores e jornalistas – os especialistas – escolherem, criticarem, analisarem e desenharem a estação com antecedência para o consumidor final. Hoje em dia, alguns editores são super-stars, mas os estilistas, blogueiros e celebridades também são e a semana de moda, assim como a moda, se democratizou e hoje todo mundo tem acesso imediato.
Encomendas direto das passarelas, lojas pop up com os estilistas, transmissão ao vivo, shows de verdade na passarela — as capitais que sediam as semanas de moda passam a se apropriar da moda de maneira a atender o novo consumidor participativo.
Hoje, uma das maiores tendências de moda é a individualidade. É cada pessoa definir o seu estilo pessoal usando as marcas e os editores como fonte de inspiração para criar suas personalidades através das roupas. Daí o sucesso dos blogs. Inspiração de gente real com corpo real e um bolso não tão real, mas a inspiração fica mais palpável do que com modelos e atinge um grupo novo de consumidores de moda.
Para onde vamos daqui?
Os profissionais de moda ficam às vezes revoltados, escrevendo matérias em que reclamam, chamando até de circo as situações que ocorrem nas fashion weeks. Mas para os designers, todo esse agito só pode ser positivo. Indústrias criativas vivem da transformação e essa transformação é tão rápida que a cada temporada a interatividade dos desfiles com os consumidores muda de maneira surpreendente. Cada vez mais todos participam; ainda assim, a opinião de alguns editores dita as regras, mas não mais com a força de antigamente.
Contando que todos nós estamos conectados, marcas de varejo como Opening Ceremony e All Saints, estrearam na NYFW já em um momento de conversa com o consumidor final. As neo-celebridades, como Kanye West, Miley Cyrus e Miguel, vão de desfile em desfile com uma legião de fotógrafos atrás, profissionais ou amadores, e a ação é reportada imediatamente pelas redes sociais por milhares de pessoas no mundo inteiro, em russo, japonês, coreano e português.
Rihanna no desfile de Opening Ceremony ©Reprodução
Há 10 anos o consumidor nem assistia aos desfiles. Primeiro os desfiles passaram a ter cobertura por sites fechados para profissionais da indústria, como WGSN e Stylesight, logo sites como Style.com (e, aqui, o FFW.com.br) se consolidaram com os desfiles e hoje praticamente todas as mídias cobrem as semanas de moda com intensidade, do “The New York Times” à “Caras”.
A fashion week se torna cada vez mais um evento de mídia projetado no mundo inteiro e, provavelmente em pouco tempo, estaremos comprando diretamente das passarelas pelo celular em um grande show de moda para todo o mundo, sem mais separação. Todos querem fazer parte e todos farão.