Hedi Slimane e Raf Simons esquentam (mais ainda) a temporada de Paris ©Reprodução
Todos comentam, mas nem precisa. Qualquer pessoa que acompanha a moda mais de perto sabe que esta é uma temporada especial. O motivo é a estreia de dois grandes diretores criativos à frente das casas mais tradicionais da moda francesa, Dior e Saint Laurent Paris.
Mais de um ano após a demissão de John Galliano, Raf Simons entra em cena para revitalizar a marca e reconstruir a relação de confiança com as consumidoras que ficou um tanto perdida após a entrada de Bill Gayten, ex-assistente de Galliano, na direção criativa . Já o fotógrafo e ex-Dior Homme Hedi Slimane ficou com o lugar de Stefano Pilati, que parecia estar na berlinda fazia algum tempo (e que assumiu a Zegna recentemente).
Delicadeza, minimalismo e corte impecável: a última coleção de Raf Simons para a Jil Sander ©ImaxTREE
O masculino skinny proposto por Slimane na Dior ©Reprodução
Raf é belga; Hedi é francês. Ambos têm 44 anos e encaram o mesmo desafio no mesmo momento: revitalizar e rejuvenescer as marcas, trazer ar fresco e criar uma conexão com seus consumidores.
Outros pontos em comum: ambos começaram com marcas masculinas, têm apelo entre os jovens, são idolatrados pelo mainstream e pelo indie, e ainda dividem um gosto por uma estética minimalista, com rigor nas formas e na construção das roupas.
Raf é mais delicado, Hedi mais frio. Suas coleções para a Dior Homme, de certa forma, revolucionaram o guarda-roupa masculino com roupas skinny para homens e estética influenciada por artistas e bandas de rock. Os homens usaram gravatas fininhas e calças justas bem antes de Slimane aparecer, mas o fato é que ele trouxe um frescor na hora certa, com o approach certo.
Agora o desafio ao entrar no universo feminino é unir sua bagagem estética com a história da YSL, que também não é muito estranha aos conceitos da androginia. Uma olhada em suas fotos, sempre em preto e branco, pode dar algumas dicas de como ele enxerga a mulher. Sua ligação com a música também deve permanecer em sua trajetória pela Saint Laurent. A primeira foto da campanha masculina traz o músico Christopher Owens em vez de um modelo, seguindo a mesma linha de seu amigo Nicola Formichetti na Mugler, que tem Lady Gaga como uma embaixadora informal.
A coleção de alta-costura da Dior, a primeira sob direção criativa de Raf Simons: mergulho na herança da marca ©ImaxTREE
Espera-se que ambos estilistas olhem para o legado das marcas, respeitando seus códigos e tradições, porém sem se prender somente a eles. Na última temporada de alta-costura, Raf Simons mergulhou na história de Christian Dior e apresentou uma coleção-homenagem, que flertava também com seu último desfile para a Jil Sander. Agora que já mostrou um respeito pela história da Dior, Raf fica mais livre para o prêt-à-pôrter, e para poder ser ele mesmo, mais Raf do que Christian. Galliano então, nem pensar.
Em tempo: o desfile da Dior acontece nesta sexta, às 9h30, com transmissão ao vivo pelo site live.dior.com; Saint Laurent desfila na segunda, às 15h, ambos horários de Brasília.
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