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    O que é preciso para ser um ícone de moda?
    O que é preciso para ser um ícone de moda?
    POR Camila Yahn
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    Kate Moss ©Reprodução

    A moda é ótima em criar tendências, costumes, manias e termos. Mas quase sempre chega uma hora em que até nós, que trabalhamos no meio e ajudamos a disseminar tudo isso, não aguentamos mais. Por exemplo, dar a uma matéria o título de “Renda-se” quando o assunto é… renda. Ou ainda termos como “look do dia”, must have, “perfume” dos anos X, entre outras expressões que se tornaram lugar comum.

    O mesmo acontece quando a moda, junto com o público (e com a indústria), ajuda a elencar quem é um ícone fashion. As maisons Chanel, Dior e YSL são consideradas ícones de moda porque seus estilistas originais criaram peças e estilos que, ao mesmo tempo em que serviram totalmente ao seu tempo como uma novidade que vestiu aquela época, sua relevância como referência manteve-se ao longo das décadas. Se fecharmos os olhos e pensarmos nessas três grifes, imagens automaticamente pulam na nossa mente.

    O mesmo acontece com as pessoas que se tornam ícones de moda. Pense em Jackie O., por exemplo. Em um segundo, nos lembramos de seu estilo atemporal e personalidade, puxados por seus óculos grandes e escuros. O glamour em torno de Jackie sobreviveu aos tempos e, após mais de 40 anos, ela ainda é lembrada.

    Atualmente, o termo perdeu seu prestígio. Basta ser muito famoso e com um superstylist por trás e o bolo está pronto. Taylor Swift, Rihanna, Beyoncé, Blake Lively… Todas elas já foram chamadas de ícones de estilo por alguma publicação de moda. Sinto dizer, elas podem ser suas celebridades favoritas, mas não são ícones de moda. Assim como Sarah Jessica Parker e Nicole Kidman (que, junto com Rihanna, foram contempladas com o Fashion Icon Award do CFDA, mais importante órgão da moda nos EUA) também não são.

    Elas são bonitas? Sim. Talentosas? Sim. Nós gostamos delas? Ok. Mas tudo isso as tornam celebridades ou estrelas pop. E para premia-las, existem eventos como o Oscar e o Grammy.

    Simplesmente vestir roupas incríveis em eventos e shows não faz de ninguém um ícone de estilo. Elas podem ser parceiras na criação de lindas imagens e servir como modelos inacreditáveis para um estilista, mas estilo nesse nível não vem de fora, vem de dentro, e é eterno.

    Beyoncé é a celebridade mais poderosa do mundo, a número 1 na lista dos mais lindos, a artista por trás do álbum que vendeu mais rápido no iTunes, mas não influencia a moda. Beyoncé é sim um ícone. Um ícone pop.

    Rihanna (e muitas celebridades) conta com um stylist que cuida de todas as suas aparições, de tapetes vermelhos a desfiles e shows. O cara em questão é Mel Ottenberg, ele sim bem poderoso porque consegue decidir quais peças e marcas ela vai usar, e assim, construir um estilo para a cantora. O quanto será que ela se envolve nessas escolhas? Segundo uma entrevista que Ottenberg deu para a “Elle” americana, ele teve que convencê-la a usar um vestido de Tom Ford para o baile do Met; ela estava em dúvida. “Normalmente nós concordamos, mas muitas vezes eu simplesmente digo: ‘Rihanna, apenas coloque esse vestido’”. O site Fashionista escreveu: “não nos lembramos da última vez em que vimos Rihanna sem estar incrível e isso acontece graças a Mel Ottenberg”. O que ela veste é mais um figurino pensado para todas as ocasiões do que um senso de estilo natural e original.

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    Carine Roitfeld ©Reprodução

    Kate Middleton é ícone de moda? Não. Kim Kardashian? Nããããão! Vamos dar os nomes certos. São mulheres poderosas, princesas modernas, rainhas do Instagram, estrelas de reality. Middleton tem o seu estilo, recatado, careta e sob controle, como espera a família real britânica. Sim, as roupas que ela usa voam das lojas, mas porque ela é uma princesa, uma mulher que é referência por ser o que mais se aproxima de um conto de fadas de verdade. E futura rainha. Ainda assim, vestir uma roupa bonitinha sob todo esse holofote não transforma ninguém em ícone de estilo.

    Então por que o órgão de maior prestígio da indústria, o CFDA, premia estrelas pop com o prêmio Ícone de Moda? Porque eles precisam de novidades e não se criam esses ícones com a mesma facilidade com que a indústria inventa uma nova superstar. Além disso, sabemos também que a roda das celebridades ajuda a trazer visibilidade para a moda e tem grande eco no público, então parece justo que uma estrela do showbizz seja premiada por fazer essa conexão com a moda. Assim, pela facilidade com que novos ícones surgem, o termo perdeu seu valor.

    No caso de Rihanna, suas roupas mais fazem o papel de um figurino e não são expressões originais de um estilo pessoal. Mas o fato de que ela se aproximou de estilistas, frequenta os desfiles e veste peças de passarela já é suficiente para que a moda a abrace como um novo ícone. Em 15 anos, lembraremos ainda de Rihanna por seu estilo? Quantas outras como ela já não terão surgido?

    Em 2014, Vanessa Friedman, crítica de moda do “The New York Times”, escreveu um texto afirmando que Bey não é um ícone de moda. “É muito raro alguém ter coragem de falar isso sobre uma das mulheres mais poderosas do showbizz”, diz. O artigo foi polêmico na época e dividiu opiniões.

    Afinal, o que define o que é – ou quem é – um verdadeiro fashion icon?
    Sim, é necessário um nível de celebridade. Quando você é famosa, cria um relacionamento com a indústria da moda, vira uma espécie de musa, além de ter acesso (e poder comprar) as peças mais incríveis do planeta. O que muda aqui é: que peças são essas e como você as usa. Apenas ser bem vestida não é suficiente. É necessário um olhar contemporâneo, um gosto pelo novo – pelo perigo de usar algo novo -, pela ousadia. Isso vai além do dinheiro. Presença, senso estético e um estilo próprio que não obedece às tendências, mas ajuda a cria-las. É uma forma de expressão e, quanto mais original, mais revela sobre a personalidade. E tem uma coisa a mais que não é possível explicar em palavras; é natural, comportamental, uma olhar e uma atitude. Nós sabemos reconhecer quando vemos.

    Os óculos de Jackie O. viraram um estilo de óculos. Quando Madonna apareceu country na capa do disco, o mundo seguiu. Ela também conta com a ajuda de uma figurinista para seus shows, mas o estilo fetichista e ousado com que ela se veste não é obra de sua stylist, e sim, dela própria. É a roupa que acompanha seu comportamento. Kate Moss tem um toque mágico na hora de montar seus looks aparentemente sem nenhum esforço. Aparece com boca de sino quando ninguém quer saber disso e vira febre. Carine Roitfeld redefiniu o que é o sexy de vanguarda na moda. Todas essas mulheres são exemplos de identidades criadas e reconhecidas com a ajuda do estilo e da expressão pela moda. Um ícone fashion não é apenas famoso pela forma como se veste, mas também pelo que faz. Todas essas acima são respeitadas por suas carreiras, mas se elas não fossem famosas, seu senso estético permaneceria. Não podemos dizer o mesmo de Sarah Jessica Parker. Se ela não fosse uma celebridade, seria vista como um ícone de moda?

    E tem o teste final, o tempo. O verdadeiro ícone de moda é um símbolo do seu tempo, mas sua relevância, sua coragem e sua atitude permanecem. Então, talvez seja muito cedo para chamar Rihanna & Co. de ícones de moda. Que, por enquanto, elas se contentem com títulos como rainha ou estrela. Com a velocidade da vida hoje, em que todo mundo tem seus 15 minutos de fama icônica na internet, em vez de ampliar o conceito de ícone de moda, o ideal seria reduzir as alternativas. Se todas são ícones de estilo, o que será então a pessoa que realmente o for?

    I’m a fashion icon: Coco Chanel, Audrey Hepburn, Grace Kelly, Diana Vreeland, Jackie O., Twiggy, Jane Birkin, Talitha Getty, Anita Pallenberg, David Bowie, Bianca Jagger, Kate Moss, Isabella Blow, Iris Apfel, Madonna, Daphne Guinness, Princesa Diana, Costanza Pascolato, Tom Ford, Bjork e Carine Roitfeld são alguns exemplos de ícones de diferentes momentos.

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