Essa foi uma semana de aprendisagem. Primeiro, aprendemos que a grafia correta é “aprendizagem”. Depois, descobrimos que uma cobertura IN LOCO não quer dizer que receberemos várias bebidas alcoólicas enquanto assistimos aos desfiles, é só uma palavra em latim (gaaay) para “no local”. Com Reinaldo Lourenço, uma versão à la mode do Hitch O Conselheiro Amoroso, aumentamos nosso glossário romântico com novas abordagens para o flerte: “Ei, posso hypar meu corpo no seu?”, ou até “Gata, por que você não desfila no meu coração?”. Mas a maior lição de todas foi descobrir que a SPFW não tem 5 dias úteis, como a semana do homem comum, e sim 6.
Já estávamos de volta ao Rio Grande do Sul, gastando o pagamento (sim, recebemos milhares de reais para escrever aqui no FFW) em farra, curtindo uma vida boêmia e cheia de conforto (Matias tatuou ESBÓRNIA nas costas, com uma fonte gótica) quando recebemos uma ligação do Augusto Mariotti, o nosso Charlie: “Hey angels, como estão os desfiles de hoje?”.
Ressaca pós SPFW
Como nós três já havíamos gasto até o último centavo ganho construindo nosso paraíso particular, comprando comidas para o mês inteiro, memorabilias do Harry Potter e conquistando as mais belas mulheres da região sul do país, decidimos apelar pra mais baixa e vergonhosa tática jornalística para falta de pauta: os melhores momentos.
Muitas memórias borbulham em nossas cabeças e lágrimas embaçando nossos olhos ao lembrar daquele momento em que a Natália Vodianova meio que olhou pra gente em um corredor e quase roçou o braço no braço no Vinícius (sério, foi muito perto, tipo uns 10 cm de distância). Também foi inacreditável conhecer os responsáveis pela Osklen, Triton e Colcci, essas marcas cujas roupas custam o que a gente ganha por mês (bruto, sem considerar o que vai em impostos).
Outra fun fact muito saudável foi acabar com esse mito que todos envolvidos na moda são gays: muitos são homens divertidos e másculos, que adoram brincar de lutinha e cócegas. Ouvimos falar que havia um salão com exposições artísticas, mas também havia um fliperama nas imediações (só precisávamos pegar um ônibus e uma baldeação de trem), e art nouveau pra gente é L.A. Noire. Também adoramos aquela trilha usada nos desfiles, onde um vocalista afetado canta em cima de um sintetizador.
Acordar com um cabelo ruim não será mais problema depois das várias dicas que a SPFW deu pra gente: boina de mercearia, folhas de árvore e até sangue pubiano são acessórios viáveis e descolados para ser um agent provocateur e causar inveja até na sua amiga mais antenada, que mora em Londres e não faz ideia da diferença entre euros e reais.
Ronaldo Fraga invejou as referências a Chaves que Herchcovitch utilizou em seu desfile e decidiu se vestir exatamente como o Quico, o nêmesis do personagem imortalizado por morar em um barril. O estilista também ganhou extra points por sua homenagem ao surrealismo, optando pelo bigodinho do Salvador Dali.
Ah, o sentimento de missão cumprida. Espalhamos a informação e a moda por todos cantos do Brasil. Doutrinamos hereges mal vestidos e compartilhamos o que há de mais moderno no multiverso fashion. Até sacrificamos uma cabra nessa semana. E o melhor de tudo: apenas um de nós pegou HPV (ou mononucleose? mais POP) no processo.