Com o ínicio da London Fashion Week essa semana, e a cidade já começa a preparar evento paralelos a semana de moda. Um deles, que abriu ontem na Pleasant Gallery, é uma mostra do trabalho do fotógrafo, filmmaker e estilista Gosha Rubchinskiy. O trabalho dele consiste em documentar a juventude pós-soviética em vídeos, imagens e coleções. E ele tem apenas 26 anos. Antes de lançar sua própria marca, Gosha frequentou a alta moda russa como maquiador e stylist. Com a morte de Corinne Day mês passado, dá pra notar que ela deixou um legado enorme de inspiração para essa nova geração. É vísivel no trabalho de Gosha que ele bebeu na fonte de Corinne, Larry Clark e até mesmo de Hedi Slimane. Só que tudo com um teor político elevado a potência máxima.
O vídeo acima é parte do trabalho de Gosha como videomaker, em parceria com Aleksej Tarutz. Mostra um menino em cenas domésticas e tristes. A impressão é de que o narrador é o pensamento do menino falando. É bem interessante, melancólico e triste. Além disso, foi todo gravado em VHS entre fevereiro e dezembro de 2009. Junto com o vídeo, foi lançado o fanzine com uma série de imagens do garoto.
Falando em fanzines, Gosha lança também edições do Aglec, que mostra em partes, e em 24 páginas, o desenvolvimento da juventude pos-soviética. O primeiro número, mostrou a insatisfação dos jovens que nasceram durante o colapso que abalou aqueles lados. Algumas imagens abaixo.
A segunda edição, com 180 páginas, mostra os problemas que os jovens russos enfrentam hoje em dia em diversas arêas como escola, sexo, auto conhecimento, religião, drogas, serviço militar. De acordo com o site de Gosha, os colaboradores desse número do fanzine vivem diariamente com esses problemas então conseguiram mostrar um ponto de vista sincero sobre esses tópicos.
E claro, depois de tudo isso, as roupas criadas por Gosha também são totalmente inseridas nesse contexto político. Em alguns momentos até parece que ele pega as peças em brechós, aplica materiais e depois vende. Na Rússia, seu trabalho como estilista é definido como “uniforme fetichista de gangues de Moscou, sportswear de suburbio, uma parafernália política!”. Abaixo, algumas imagens dos desfiles.
Depois de falar sobre toda essa trajetória do Gosha até aqui, fiquei pensando sobre como seria se tentassemos documentar nossa geração de jovens brasileiros, com todos os seus problemas, dificuldades, angústias. Desde que comecei a ler sobre esse trabalho na Rússia, lembrei de dois vídeos que eu acho que podem ter a ver com esse post. A abertura de Pixote com o Hector Babenco contextualizando o Brasil época e…
…e essa cena de Opinião Pública, documentário onde Arnaldo Jabor registra o pensamento e anseios dos jovens da classe média do Rio de Janeiro. Dá pra assistir na íntegra no Google Videos.