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    O avesso do medo
    O avesso do medo
    POR Redação
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    Alice Caymmi ©Daryan Dornelles

    A criação é um processo que me estimula. Quem cria não tem limites de tempo, espaço ou forma. Está sempre aberto ao novo, ao que ainda está por vir. Para um triplo ariano como eu, nada mais natural. Quando tudo está pronto, já estou em outra, pensando lá na frente.

    O impulso criativo genuíno, aquele irresistível, incontrolável, nasce de um desconforto. No dia a dia é muito fácil cair na rotina, ligar no automático. É uma acomodação natural. Mas, se por um lado isso nos dá uma certa segurança, também reflete uma certa preguiça. Abrir mão daquilo que já conhecemos e estamos acostumados não oferece nenhuma garantia. Mas para criar alguma coisa, é preciso arriscar. E o risco traz um desconforto.

    Quem não enxerga esse algo que tem de ser feito, melhorado ou transformado dificilmente consegue operar no reino da criatividade. E o que não muda acaba se cristalizando, ficando velho.

    Acredito em sempre voltar para a base-zero, para o começo das coisas. Provocando e se deixando provocar pelo inesperado. O oposto do tédio, que muitas vezes toma conta do mundo. O começo me instiga, porque no potencial cabe tudo. E enxergar esse talento criativo no outro me estimula; me provoca a também experimentar coisas que me tiram da zona de conforto. Ver e projetar o que ainda não está pronto é se abrir a todas as possibilidades. É o avesso do medo. Gosto de desafios. É quando posso exercitar outras linguagens.

    No momento me preparo para um desses desafios: dirigir um espetáculo teatral, o primeiro show de Alice Caymmi.

    Conheci Alice através do DJ Zé Pedro, que produziu seu segundo trabalho pelo selo Joia Moderna. Alice é um vulcão, com bagagem teatral e atitude para rupturas. É uma menina que carrega no sangue toda a potência musical e artística do clã dos Caymmi e, ao mesmo tempo, é única, singular, sem medo de romper com padrões estabelecidos para trazer o que ainda não foi feito. São raros os artistas que se propõem a isso. Juntos estamos desenhando uma experiência que vai muito além da música.

    A oportunidade de co-criar e assistir o nascimento de tantos talentos é libertadora. Enquanto uns reclamam da mesmice, consigo sempre enxergar novos desafios e possibilidades. O exercício da criatividade não tem um lugar comum, mas um lugar novo a cada momento. Exercitar a criatividade para mim é sair do eixo. Esse é um jeito de pensar que se torna parte da gente, no erro e no acerto, pro que der e vier. É uma questão de alma. Tem gente que mede conquistas pelos finais e baseiam suas expectativas em “linhas de chegada”. Pessoalmente, me interesso muito mais por pontos de partida.

    *Paulo Borges assina uma coluna semanal no FFW. Seus textos são publicados sempre às terças, às 18h, neste canal do Blog. Fique ligado aqui!

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